27 de abril de 2015

Tenacidade petista

Embora não comungue dos mesmos ideais, sou, ou era admirador do Partido dos Trabalhadores.
O PT e seu líder máximo são plenos de incongruências: não assinar a Constituição de 88, votar contra o Plano Real e contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, manter o imposto sindical, etc., etc.
Apesar disso, o Partido dos Trabalhadores possuía algo raro em outras agremiações, uma áurea que perdeu pelos caminhos do poder (o poder corrompe), a pureza de vestal que sua imagem refletia perante o mundo político.
Ainda assim, admiro muito a tenacidade dos petistas - inclusive de alguns parentes e amigos muito chegados - em não dar o braço a torcer, em não reconhecer a culpa de seus líderes pelas bombas que continuadamente o PT faz explodir em seu próprio colo.
Quando tudo vai ruim - hospitais fechando leitos com enfermos espalhados pelo chão, dengue grassando solta, economia em frangalhos com indústria deteriorada desempregando, criminalidade desenfreada, ensino desorganizado, escândalos de corrupção pipocando a toda hora e em toda parte, governo sem liderança e politicamente desarticulado - os petistas sempre encontram algum NÃO fato, um factoide ou algo requentado, de preferência velho de mais de quinze anos, para dizer aos brasileiros e ao mundo “somos apenas iguais aos canalhas que nos precederam, eles também faziam caixa dois, também recebiam propinas, também eram corruptos”, como se o erro alheiro justificasse ou desculpasse o próprio crime. Tudo numa vã tentativa de desviar a atenção ao perigo que o país corre de desorganização completa da vida nacional, de recessão profunda e inflação galopante, de falências e desemprego.
Mas isso faz parte desse espírito forte e lutador dos verdadeiros petistas. Eu os admiro por isso, mas gostaria que essas pessoas queridas não tivessem que forçar a consciência para continuar essa luta inglória. Preferiria que todo esse brio, toda essa tenacidade se voltasse para a verdadeira luta, para o expurgo de seus corruptos, para a catarse depuradora de ideais conspurcados, para readquirir a força moral com que o partido participou da redemocratização do país e liderou o impeachment do Collor, para a refundação do Partido dos Trabalhadores nos ideais de pureza republicana que tanto encantaram os simpatizantes e tanta inveja causaram aos adversários.

O Brasil precisa desse PT recriado, expurgado e depurado. Serão os petistas capazes de fazer isto? Estão à altura deste desafio histórico? Ou suas lideranças estão de tal modo comprometidas que impossibilite essa homérica tarefa?

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