30 de junho de 2013

O Brasil em ebulição.

           No Egito não tem Rede Globo, mas teve Primavera Árabe. Na Líbia não tem Veja, mas derrubaram o Kadafi. Na Turquia não tem Folha, mas tem manifestação popular. No Brasil tem Rede Globo, Veja, Folha e Estadão, ainda assim, tem manifestação popular. Qual é o elo comum? Internet, a tecnologia do Conhecimento e da Informação, que permite a todos, em toda parte, adquirir conhecimento e obter informação.

Hoje em dia não tem mais bobo influenciado e dominado pela mídia, pelos donos de partidos, sindicatos, associações e ONGs. Agora, todo mundo busca o conhecimento que quer e troca as informações dos fatos do momento. Acabou a enganação, mistificação, empulhação. Os donos dos currais eleitorais, os coronéis do interior, os caudilhos, foram extintos pelo surgimento da mídia eletrônica.
Agora, temos Internet, Google, Gmail, Facebook e todos os demais instrumentos digitais que suplantam e derrotam o poder da mídia tradicional e dos donos das organizações sociais dominadas por partidos ideológicos.
       Agora é a vez do pragmatismo difuso, variado, diversificado, individualizado. Cada um é dono de si mesmo, ninguém é mais subjugado por quem quer que seja.    
      Direita e esquerda, essa paranoia fora de tempo e espaço, herança anacrônica da Guerra-fria deixaram de ter significado e de ocupar corações e almas das novas gerações ligadas agora em temas mais reais, mais concretos, extraídos da experiência de cada dia:
·         da constatação da corrupção escancarada,
·         da vergonha da péssima educação,
·         do abjeto descaso com a saúde pública,
·         da mortandade decorrente da falta de segurança,
·         do distanciamento dos políticos de seus eleitores,
·         da arrogância da base aliada elegendo Renan, mesmo em desfio à opinião pública, manifesta em 1,5 milhões de assinaturas contra essa candidatura,
·         da afronta à sociedade pela posse na Câmara de Deputados de dois condenados pelo STF no julgamento do Mensalão,
·         da quase metade do ministério de Dilma demitido por corrupção até que Lula mandasse blindar o restante, assim como mandou blindar Delta e Cavendish na CPI do Cachoeira,
·         de Lula pedir desculpas pelo Mensalão, dizer que de nada sabia e nada fazer para coibir a prática e isolar os culpados do convívio com o poder,
·         do assassinato de Celso Daniel por causa da coleta do lixo superfaturada...
A lista é muito grande, e cada um desses fatos cria revolta, descontentamento, indignação.
Enquanto a nababesca propaganda oficial (publicada no PIG), onde tudo está às mil maravilhas, consegue iludir parte do povo, as notícias correm à velocidade da luz via Internet, e todo mundo fica sabendo de tudo, se informando de tudo, ainda mais com a vigência da Lei da Transparência mostrando as falcatruas, os desmandos, os supermegafaturamentos da transposição do São Francisco, das obras da Copa e de tudo o mais que o governo, em todos os níveis, atocha no antro do povo.
De repente, o afilhado do Maluf, acha que pode retribuir o caixa dois e aumenta a tarifa dos ônibus.
É a gota d'água.
A panela explode, o povo vai às ruas, as manifestações se espalham por todo o país.

E agora, José?

27 de junho de 2013

A representatividade atual dos partidos políticos

Na origem da Democracia, na pólis grega, os cidadãos se reuniam na Ágora e ali decidiam em debates e votações universais nos quais cada cidadão tinha direito a voz e voto. Até a poucos anos, esse tipo de democracia só era possível em pequenas comunidades, como alguns cantões suíços.
A representação política surgiu, e assim ocorre ainda hoje, em países com vastas extensões territoriais, devido à dificuldade de todos os cidadãos se deslocarem para os centros burocráticos onde se tomam decisões. Então, cidadãos de pequenas comunidades, regiões ou províncias, elegem representantes que os representam nos centros de decisão política.
Os partidos políticos originais eram aglomerados de ricos e poderosos que se reuniam em grupos específicos para melhor protegerem seus interesses. Posteriormente, partidos políticos de massa foram criados para melhor arregimentar prosélitos e propagar ideologias, geralmente socialistas e comunistas, ou que assim se denominavam, como o partido fascista e o nazista, em contraposição às agremiações burguesas.
Desde suas origens, portanto, partidos políticos sempre retiraram poder do cidadão comum em favor dos donos dos partidos. Ainda hoje, inclusive no Brasil, os partidos são instrumentos de seus respectivos donos. Cada partido possui um mandachuva ou pequeníssimo grupo deles que dominam a agremiação com mãos de ferro, tanto em nível nacional como regional. Exemplos marcantes são os partidos do Lula, do Maluf, do FHC, do ACM, do Jader Barbalho, e tantos outros, cada qual com seu mandão, chefe ou chefete. O perigo das lideranças populares no Brasil e na América do Sul tem sido e ainda é o caudilhismo messiânico que conduz a regime autoritário ou à corrupção generalizada, ou a ambos.
Como se vê, antes de serem instrumento democrático, os partidos são meios de dominação. No mundo de hoje, na sociedade globalizada do Conhecimento e da
Informação em que vivemos, praticamente, a totalidade dos cidadãos se reúne na nova Ágora chamada Internet. Todos se comunicam com todos, mas todos podem decidir individualmente, cada um por si, formando grandes e pequenos consensos setoriais diversificados, como diversificados são os interesses, os sentimentos e as vontades.
Este é um momento de gestação da nova democracia, ainda informe, ainda incerta, ainda tropeçante, mas certamente um novo caminho que se abre para a libertação de cada cidadão, por conseguinte, de todo o povo. Neste mundo novo da nova democracia, o papel dos partidos será muito restrito.
Na realidade, numa pequena comunidade, onde todos se conhecem, estão próximos e podem se reunir em algum lugar público, com verdadeiro espírito republicano, a democracia pode ser direta, dispensando representantes, porque cada cidadão é o líder de si próprio. Na Grécia antiga esse lugar era a Ágora. No Brasil, e no Mundo globalizado de hoje, a Ágora é a Internet, o e-Mail, o Facebook.
É esse novo estado de coisas que se reflete no comportamento dos manifestantes que estão inundando as ruas com suas reclamações e protestos, reivindicando seus diversificados interesses. É por isso que não precisamos mais de partidos, nem de representantes, nem de líderes, porque somos os líderes de nós mesmos.
Talvez, nem toda a população brasileira esteja apta a exercer esse novo e mais completo tipo de cidadania, por causa do analfabetismo funcional ou por falta de acesso à nova tecnologia. Mas temos que refletir sobre isto, porque esta é a grande oportunidade de estabelecer a verdadeira Democracia, uma democracia direta, exercida por pessoas conscientes e informadas.
Vamos erigir a nossa nova Ágora, moderna, dinâmica, republicana e democrática.
A nova Ágora é a Internet.

8 de junho de 2013

Uma estratégia para Tapajós e Carajás


As ações em prol da criação do Estado do Tapajós e outras novas unidades federativas devem se ramificar da seguinte forma:
1)   Ação de planejamento estratégico centralizado abrangendo todos os aspectos da imensa tarefa da criação dos estados do Tapajós, Carajás, Xingu, Trombetas e Marajó, no estado do Pará, e demais subdivisões nos territórios do Amazonas, Mato Groso e outros;
2)   Ação educativa para formação de quadros profissionalizados aptos a desenvolver, coordenar e apoiar as demais ações;
3)   Ação política parlamentar por nossas representações regularmente eleitas e por aliados no Congresso;
4)   Ação de ampliação das representações políticas e alianças em futuras eleições;
5)   Ação popular de coleta de assinaturas nos PLIPs (Projeto de Lei de Iniciativa Popular) em curso, que resultarão em ações no Congresso Nacional;
6)   Ação administrativa das prefeituras aliadas, principalmente as de Marabá e Santarém, a pretexto e em paralelo com o incentivo ao turismo e outras indústrias, arrecadar fundos, consolidar a vontade política e popular nas respectivas áreas, e atrair a região do Xingu;
7)   Ação arrecadadora junto a possíveis grandes patrocinadores como Vale e outras grandes empresas;
8)   Ação educativa sutil (quase subliminar), mas intensa e sentimental, dos benefícios da criação de novas unidades federativas, junto às populações de todo o país, adaptada para cada região;
9)   Ação de lobby junto aos meios políticos de todo o país, no mesmo sentido;
10)               Ação profissionalizada de vigorosa e provocativa agitação e propaganda, a exemplo do Greenpeace e do MST, desenvolvida em todo o país, no sentido de mostrar à nação nosso forte propósito de criar novos entes federativos, manter a atenção da mídia e a população em geral para os problemas atuais e benefícios propostos. Será a visibilidade dessa AgitProp que motivará simpatizantes a aderir à causa e impulsionará as demais ações.

4 de junho de 2013

Aos oitenta e dois



Ao despertar, nesta manhã chuvosa de quatro de junho de dois mil e treze, a noção de que estou hoje completando oitenta e dois anos de vida me trouxe à lembrança as imagens de pessoas de máxima importância em minha insignificante existência.

Em primeiro lugar, meu pensamento se volta para alguém que compartilha comigo mais de sessenta anos de amor e dedicação, minha amada esposa Nancy, cuja afeição me é indispensável como o ar que respiro.

Em seguida, reverencio a memória dos que não pertencem mais a este mundo, de início, as fotografias dos avôs que não tive a felicidade de conhecer: Beatriz e Pedro (maternos), Mariquinha e Gonçalo (paternos).

E prossigo com as pranteadas saudades de meu pai e minha mãe, Mário e Beatriz, tão cheios de sabedoria e tão amados, cujas recordações são tão constantes em meu cotidiano.

Também, as lembranças saudosas de meus tios Umberto e Mimi, dos amados irmãos Mário e João, dos primos José e Gersonita (a bondade em pessoa, e seu gentil esposo, Carneirinho), dos sobrinhos Mario Hernesto (filho de Nely) e Alberto (filho de João), e junto com eles, as imagens de minha sogra Marcolina, e suas filhas Didiaida, Dulce, Edith, Jeny e Zilah, da cunhada Arlete (Pedro Paulo), todas mulheres de grande caráter e incrível capacidade de amar, dos cunhados Ubaldo e Alfredo, e de Alda Maria (mãe de Leonora, avó de Elisa) que pertenceu a um momento de minha vida.

Então, desfilam, lindas, graciosas e gentis, minhas filhas muito amadas: Leonora, Bia, Cris, Valéria, Lucinha, Karla e Andrea, cada uma com sua personalidade e seu jeito particular de amar a si próprias e à Humanidade. Elas precedem cronologicamente, mas não sentimentalmente, ao único filho varão: Junior. A todos, o meu amor paternal, por todos, o meu orgulho por serem todos dignos em caráter e conduta.

Agora, me lembro com muito carinho de cada um dos netos: Allan, André, Daniel, Fernando, Ícaro, Ivo e Lucas.

Mas meu coração se enternece de fato com a beleza, elegância, gentileza e, principalmente, o carinho das netas Bianca, Clara, Elisa, Estela, Jaqueline, Juliana, Luciana e Ximene.

E que bisavô não estremece e se derrete à lembrança de bisnetos, como os que tenho: Theo e Vitor.

Além das sete filhas e um filho, e das oito netas e sete netos naturais, a vida me deu muitos filhos, filhas, netos e netas por afinidade, a alguns dos quais dedico grande afeto e admiração e, por todos, respeito e consideração, mesmo quando já não sejam cônjuges de meu filho ou das filhas, netos e netas, mesmo porque alguns deles sempre serão pais e mães de meus netos e bisnetos: Alan (pai de Theo), Ana Tereza, André (pai de Vitor), Azuil (pai de Daniel e Jaqueline, avô de Vitor), Bárbara, o especialíssimo Beto (pai de Luciana e Bianca, avô de Theo), Carsten (pai de Fernando e Estela), Celso (pai de Elisa), Clayton, Débora, o gentleman Eduardo, Giovani, Guillermo, Luiz Carlos (pai de André), Márcio, Marcos, René, Ricardo (pai de Ìcaro, Ivo e Clara), Roberta (mãe de Allan e Ximene), Rubens (pai de Lucas) e Ugo.

Agora, meu pensamento se volta para meus irmãos e irmãs, e seus cônjuges, todos muito queridos: Nely, Eunice, Antônio Fernando e sua ex Lucena e a atual Diê, Pedro Paulo e Suzely, José Luiz e Izabel, Miguel Agostinho e suas ex Chuca, Lena e Cristina, e a atual Helena, nossa eterna caçulinha Maria Avelina e Vanilson, e o caçula de fato Ney Floriano e Maria Clara.

Meus irmãos e irmãs geraram grande prole e agora meu pensamento percorre esse extenso rol de pessoas lindas e gentis. Como o número é grande, recolho a lembrança da atenção especial que alguns deles dedicam a mim e a Nancy: A doce Maria Elisa (filha de Eunice) que me prestou grande assistência quando estive hospitalizado, Clara Beatriz, Gigi e Mario (prestativos e gentis filhos de Ney), e Andréa (filha de Miguel) em nome dos quais envio meu carinho a todos os demais.

Por fim, uma mulher admirável me chega à lembrança, minha cunhada muito querida e muito respeitada, Mariinha, como a ela me refiro carinhosamente, Maria Luiza, mãe, avó e bisavó de pessoas muito especiais e de almas muito lindas como a dessa reverenciada matriarca.

São essas pessoas, às quais estou ligado por parentesco, e os amigos que a vida me proporcionou, que me fazem a alegria de viver, são elas a recompensa do simples fato de existir.

3 de junho de 2013

De Cabral a Dilma



Quando alguém diz “nunca na história deste país” para enaltecer suas realizações - algumas até importantes - está esquecendo inumeráveis fatos históricos e feitos heroicos de nossos antepassados. Como veremos, o Brasil não começou com Lula.
 
Imaginemos, para citar alguns poucos exemplos: 
1) Se a União Ibérica não tivesse tornado inútil o Tratado de Tordesilhas, e se Manuel Preto, Raposo Tavares, Anhanguera, Fernão Dias, Borba Gato e outros bandeirantes não tivessem avançado até os confins do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso e do Amazonas; 
2) Se o Reino de Portugal não fosse restaurado por Afonso VI e não recuperasse a produção de açúcar do Nordeste, então dominada pelos holandeses; 
3) Se o Marques de Pombal não fosse inimigo dos Jesuítas, ordenando a retirada destes do Brasil, o que resultou no fim das Missões, e não tivesse nomeado seu expedito e inovador meio-irmão, Mendonça Furtado, Governador do Estado do Brasil, primeiro e, depois, do Estado do Maranhão e Grão Pará, que fortificou e onde consolidou o lusitanismo; 
4) Se Napoleão não tivesse invadido Portugal, com a consequente vinda da Família Real e elevação do Brasil a reino; 
5) Se a visão geopolítica de Carlota Joaquina, João VI, José Bonifácio e do próprio Pedro I não criasse a noção de um Brasil país continental, estendendo-se das Guianas ao Prata, e do Atlântico até, se possível, ao Pacífico, semente da integração nacional, que se consolidou, logo após a Independência, com a unificação em um só Império dos antigos e apartados Estados coloniais do Brasil e do Grão Pará; 
6) Se o recém nascido nacionalismo brasileiro, junto com mercenários britânicos, não enfrentasse e expulsasse o exercito português da Bahia e outros lugares; 6) Se garimpeiros, criadores de gado e seringalistas não se embrenhassem pelos grandes sertões, veredas, pantanais e florestas até os confins do Acre, ocupando economicamente todo o atual território brasileiro; 
7) Se duas Grandes Guerras não gerassem escassez de produtos importados, criando incipiente indústria nacional; 
8) Se Juscelino não tivesse promovido a interiorização do Brasil, com a construção de Brasília e estradas que a unissem a todos os quadrantes do país, e não tivesse promovido grande expansão industrial; 
9) Se Roberto Campos não tivesse influenciado a criação da Fundação Getúlio Vargas, fonte de administradores públicos e privados de primeira linha, e se o Governo Militar não tivesse criado a Embrapa, fonte de inovação tecnológica no agronegócio; 
10) Se o fracasso das sucessivas aventuras econômicas heterodoxas dos governos Sarney e Collor não tivessem comprovado definitivamente que política macroeconômica eficaz é ortodoxa e segue o Consenso de Washington.


Se tudo isto não tivesse acontecido, o Brasil simplesmente não existiria e seu território estaria dividido em tantos ou mais países quantos os que foram criados na América do Sul espanhola.


Se tudo isto não tivesse acontecido, o Brasil não seria a potência agropecuarista que é.


Se tudo isto não tivesse acontecido, a base da consistência macroeconômica, criada por Fernando Henrique e Pedro Malan, e continuada por Palocci, não permitiria ao governo Lula realizar tudo o que realizou e que o governo Dilma não pode dar continuidade por que: 
1) Lula deixou enorme passivo de corrupção e obras não concluídas ou não começadas; 
2) Mantega odeia a ortodoxia econômica e fica criando experimentos, tentando manter o crescimento com incentivos ao consumo com dinheiro que retira de estados e municípios - os quais se veem impossibilitados de cumprir compromissos constitucionais na educação, saúde e segurança - ao invés de assegurar o valor de compra da moeda nacional mantendo a responsabilidade fiscal, e de impulsionar a poupança, o investimento reprodutivo, a inovação tecnológica e de processos tanto no serviço público quanto na indústria.


O que estamos assistindo é o desmoronamento dos pilares da estabilidade econômica sobre a qual se assenta a possibilidade de desenvolvimento.