11 de novembro de 2008

BR 163 – Dez pro Maggi, Zero pra Carepa.

Seria muito bom saber o que se passa no coração do presidente Lula em relação ao prestígio dos governadores, o quanto cada um deles é dignificado com as atenções presidenciais e com a nomeação de seus indicados a cargos relevantes, carreadores de benesses para os respectivos estados.
Não interessa os demais estados. Apenas dois são realmente importantes para esta gente sofrida e sempre desapontada do Pará do Oeste: Mato Grosso e Pará, cujos governadores são, respectivamente, Blairo Maggi e Ana Júlia Carepa. Maggi tem influência e força suficientes para indicar o chefão do DNIT – Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, órgão que interessa profundamente os estado do Mato Grosso e do Pará, pela importância das estradas Cuiabá-Santarém e Transamazônica.
Desta última nem é bom falar. Seu trecho mais importante e o que carece de maiores cuidados - neste momento de graves problemas econômicos, das agruras sociais deles decorrentes, assim como as agressões ambientais, todos eles mutuamente enrabichados num círculo vicioso - é o compreendido entre Altamira e Itaituba. Aqui, temos zero de investimentos em asfalto e praticamente zero em manutenção. É uma estrada relegada ao abandono. As populações dos municípios a que serve são tratadas como escória sem a mínima importância para os políticos do partido do presidente, inclusive a governadora Carepa. Este partido alardeia ser isto mesmo, partido do presidente. Partido do presidente... Melhor seria se não fosse. Pelo menos não passaria tanta vergonha pelo desprestígio que a cada momento demonstra não possuir. O presidente não lhe presta nem lhe dá a menor atenção. Prefere os aliados, ou mesmo algum adversário mais promissor. Zero pra Carepa.
Pagot é homem de Blairo Maggi, faz o que o governador manda. Maggi falou pra Lula botar Pagot no DNIT. Maggi tem prestígio. Lula sorriu e decretou: Pagot no DNIT. O DNIT faz rodovias, ferrovias e hidrovias. Basta dizer isto pra saber a enorme importância desse órgão para estados como Mato Grosso e Pará, cujas enormes distâncias e economia descentralizada exigem eficiente malha de transportes. Dez pro Maggi.
Pagot esteve em Santarém, prometeu maravilhas pra BR 163 do Pará, logo logo estaria prontinha, brilhando, toda asfaltada, pontes, acostamentos, policiamento, tudo. E tudo pronto já no ano que vem, 2009. Todo mundo aqui ficou contente. Pagot é o tal, o cara, o cão chupando manga. Ninguém se lembrou de que ele disse que há embargos ambientais. Embargos ambientais? Por quê? Projetos mal feitos, incompletos, propositalmente errados para que haja embargo? Se assim é, a culpa é do projetista incompetente, que projetou, e do DNIT desidioso que não controlou, e que talvez tenha encomendado que assim fosse. Temos que desconfiar de tudo e todos. Somos enganados por todos o tempo todo. Isto aqui é casa de Mãe Joana. E a gente não se toca. Zero pra nós.
Ninguém se lembrou de pedir pra Carepa ajudar, dar uma forcinha junto ao Lula. Também, pra que? Carepa não ta nem aí, não quer nem saber, além do mais, não transita no poder do presidente. Pagot virou as costas e mandou ferro. Tirou toda a grana da BR 163 do Pará do Oeste e mandou tudo pra BR 163 do Mato Grosso do Norte. Ficamos a ver navios, ou melhor, a ver as balsas da Maggi que aqui chegam pelo Madeira. O partido do presidente e a governadora do partido do presidente ficaram com cara no tacho, não mandam nada, não apitam nada, nulidade quando se trata de defender interesses do estado. Zero pra Carepa.
Não é a primeira vez que somos atingidos por bofetadas morais do senhor Blairo Maggi. Sua indelicadeza já deixara rubras marcas de seus dedos na face de Simão Jatene quando, junto a Lula, decidiu questões da BR 163 no Pará sem ao menos avisar o governador deste estado. Agora, violenta bofetada atingiu o rosto apático de Carepa e, por extensão, de todos os ingênuos paraenses. Também, com tal representação política que temos por aqui é o que merecemos. Com o partido do presidente a nos defender, tomamos porrada. Com a governadora Carepa a nos proteger, lá vem bordoada. Joga bosta na Geny, Pagot...
Assim se conta a estória, a eterna novela da sempre fracassada defesa de nossos mais legítimos interesses econômicos, sociais, ambientais e morais. Infelizmente, somos forçados a sofrer, impotentes, tamanha vergonha. Não somos capazes de ter representação política à altura de nossas ambições. É por isso que sofremos tantas derrotas, tanta humilhação. Dez pro Maggi. Zero pra Carepa.