29 de dezembro de 2011

Uma estratégia para Tapajós e Carajás pós-plebiscito II


Antes de dar seguimento ao nosso tema, façamos pequena recapitulação do que dissemos até agora:
1 – Nossa derrota no plebiscito foi também a vitória igualmente esmagadora do SIM no Tapajós e no Carajás, do NÃO no Parasito e a indecisão do Xingu, demonstrando a completa cisão do Pará;
2 – Nossa derrota implica em termos que conviver com o governo do Pará até a solução do impasse sem abandonar nossa luta, o que nos exige extrema habilidade, sabedoria e firmeza de propósito;
3 – A luta prosseguirá no Congresso Nacional, onde nossa representação é pequena na Câmara Federal e nula no Senado;
4 – Nossos poucos Davis lutando contra multidões de Golias necessitam apoio popular com grande repercussão na mídia mundial;
5 - Para tanto, é necessário criar estrutura de comando único do Tapajós e Carajás - formado por lideres políticos, sindicais e empresariais, intelectuais, representantes da sociedade civil e religiosa - para elaborar e executar planos estratégicos nas áreas política, da propaganda e do ativismo pacífico.

      Já delineamos algumas ações de resistência civil, desobediência civil e ativismo pacífico. Podemos propor agora algumas questões a serem debatidas e equacionadas em linhas de ação política.

      Em primeiro lugar, temos que considerar as próximas eleições para prefeitos e vereadores. Embora, do ponto de vista da luta pela criação do Tapajós e Carajás, estas eleições não ofereçam grandes problemas, se considerarmos a campanha eleitoral de 2014, vamos nos deparar com dificuldades de grande monta.
      As populações do Tapajós e Carajás querem ressaltar as diferenças para continuar a luta pela emancipação e, claro, suas lideranças devem manter viva essa chama; no entanto, ao mesmo tempo, têm que conviver administrativamente com o Governo do Estado do Pará. Como conciliar estas posições tão antagônicas?

      As elites do Parasito reconhecem a divisão de fato, embora não de direito, mas querem a reunificação e tudo farão para atenuar as diferenças, interferindo nas eleições municipais, impondo candidatos títeres acostumados à subserviência. Parece-me que o perigo maior se encontra no PSDB e no PMDB. No primeiro, porque o governador, que é desse partido, imporá toda a força da máquina do Estado para domar seus correligionários. No segundo, porque seus quadros, tradicionalmente, servem ao todo-poderoso, e agora senador, Jader Barbalho. Como os diretórios do Tapajós e Carajás dos demais partidos poderão impor sua autonomia e nomear candidatos comprometidos com o SIM?

      Nas eleições de 2014, os diretórios estaduais dominados por políticos do Grão-Pará certamente negarão legenda aos candidatos do Tapajós e Carajás os quais correm o terrível risco de ficar sem legenda. Problema de enormes proporções. Asdrúbal Bentes, Giovanni Queiroz, Lira Maia, Wandenkolk Gonçalves, Zé Geraldo e Zequinha Marinho, assim como os deputados estaduais do SIM, estão ameaçados de ficar sem legenda. Como resolver este problema? Como garantir legenda para nossos candidatos a senador e governador?

      Mantidas as atuais proporções dos colégios eleitorais e fidelidade ao voto SIM transferida a candidatos das respectivas regiões, o pleito de 2014 resultará na eleição da seguinte representação:
Região        Deps. Estaduais   Deps. Federais        Senador
Tapajós                  7                          3                          0
Carajás                  9                          5                          0
Parasito                26                        13                        01 senador
O que fazer para alargar o número de deputados de Tapajós e Carajás e, os dois juntos, elegerem senador e governador?

      Para que tenhamos alguma chance de atingir o objetivo acima é forçoso conseguir expressiva votação no território do Parasito. Considerado o antagonismo ao SIM demonstrado por esse eleitorado, como superar essa enorme dificuldade?
Por fim, a importante questão do financiamento de nossa luta. O trabalho voluntário e abnegado é extremamente importante, porém há muita coisa que só pode ser realizada por profissionais e em tempo integral. Isto, além de toda sorte de despesas de uma verdadeira ação de guerra, sempre não violenta, é claro, porém sempre extremamente dispendiosa. Como, então, convencer grandes patrocinadores potenciais - Vale, Alcoa, Cargill, Petrobras e outros - e a que título liberar o patrocínio?

      Outras questões podem ser colocadas neste debate e todas as cabeças pensantes que se interessem por nossa causa e desejem contribuir com propostas, críticas e sugestões, serão muito bem vindos. A hora é esta.

      Ao Tapajós e Carajás, NOSSA VIDA!
      Ao Grão-Pará Parasito, NÃO e NÃO!

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