21 de dezembro de 2011

Uma estratégia para Tapajós e Carajás pós-plebiscito I

O Grão-Pará reacionário e avesso à inovação optou pela mesmice, pelo marasmo, estagnação, pobreza, ignorância, doença e miséria. Poderia ter aceitado a mudança, novos ares, dinamismo, autoestima aumentada. Teria sido um gesto fraterno, solidário, magnânimo, prova de espírito elevado, prova de verdadeira grandeza. O Grão-Pará permaneceu no caminho da infelicidade, para si próprio e para Tapajós e Carajás.

É uma lástima. Eis aí o resultado. Você acha que, depois do plebiscito, o Grão-Pará continua o mesmo? Vejo claramente a profunda divisão expressa em números indiscutíveis, mais de 90% em cada lado, em Marabá, mais de 92%, em Santarém, ultrapassou 98%, em Piçarra chegou a 99,5% de SIM. E por todo o Grão-Pará, os mesmos números para o NÃO. Quer me dizer que isto não é profunda divisão? De uma parte, Grão-Pará, do outro lado do abismo, Tapajós e Carajás. No meio, o indeciso Xingu, ansioso por ter seu próprio Estado. Trombetas foi mais sábio, entende que apoiando o Tapajós encontrará mais facilmente o caminho de sua própria autonomia.

Como já disse, o indiviso Pará está dividido. Não há como negar. Minha posição de luta de sempre pelo Tapajós e, a partir da campanha do plebiscito, também pelo Carajás, reflete essa realidade, com a qual teremos que conviver da melhor forma, civilizadamente.

Por algum tempo, queiramos ou não, vamos conviver com o governo dissimulado, prepotente e colonizador do Grão-Pará. O mesmo que tentou nos engodar fazendo de conta que a capital do Pará era Santarém nos 350 anos da cidade, como se fossemos crianças a enganar com rebuçado. Não vamos ceder um mícron em nossa luta pelo Tapajós e Carajás. Mas nas questões administrativas temos de ser pragmáticos. Se necessário, beijaria o Jatene, se assim pudesse atar-lhe as mãos por trás, junto ao traidor Helenilson. Isto é pragmatismo. Porém, Tapajós e Carajás sempre defendendo seus ideais, até que um dia encontremos a solução final, nossa autonomia.

Talvez, improvável talvez, se ambas as partes reconhecerem a realidade da divisão sentimental, moral, cultural, psicológica e se encararem realisticamente a situação, o Grão–Pará possa encontrar a solução mágica que conduza à união. Isto não é novidade, os Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara se uniram para benefício mútuo.

Poderia o Pará se reunir? Isto cabe exclusivamente ao Grão-Pará. Nós queremos separar, não moveremos uma palha para unir, está fora de cogitação qualquer iniciativa nossa neste sentido. O Grão-Pará quer a união. Ao Grão-Pará compete agir se desejar, encontrar meios de atrair, conquistar, convencer para reunir, não de fato, por imposição da maioria intransigente, prepotente e colonial como é agora, mas pelo coração, pela alma, com sinceridade e ternura, se for capaz, o que duvido.

Como homem experiente, vivido, sei que este é o caminho deles, dos colonialistas. Não moverei um átimo para trilhá-lo e estarei sempre atento a possíveis melífluas artimanhas do embusteiro para antecipá-las e desfazê-las de imediato.

Ao mesmo tempo, sem qualquer consideração com o que possa vir do Grão-Pará, nós, Tapajós e Carajás unidos e solidários, legitimados por votação quase unânime de mais de 90 % de nosso povo, vamos estabelecer nossos comandos centrais comuns, o ostensivo e o secreto, nosso estado-maior para planejar em longo prazo nossas campanhas de relações-públicas, propaganda, ação parlamentar, recrutamento, finanças, inteligência e guerrilha civil pacífica. Vamos instituir nosso quartel general e comandos operacionais para executar movimentos de desobediência civil, resistência passiva, ação direta de ataca-e-foge, sempre em ordem e sem violência.

Vamos bloquear o tráfego de balsas do Sabino e do Flexa e outros balseiros de Belém ao longo do Amazonas, fechar o Estreito de Breves, conquistar apoio do Xingu e parar Belo Monte, interditar postos da Receita Federal e Secretaria de Finanças do Estado em todos os municípios do Tapajós e Carajás (MST pode, porque não podemos?), fechar os portos da Cargill (Greenpeace pode, por que não podemos?), da Alcoa e da MRN, paralisar trens e minas da Vale, vamos dar o troco pelo apoio de que necessitávamos e não nos concederam, vamos cessar o lucro dessas mineradoras, interromper o crescimento da China por falta de alumínio e ferro.

Quando interrompermos o tráfego de mercadorias da Zona Franca, a indústria paulista vai tomar conhecimento de nossa existência (porque faremos relações públicas prévias) e ajudar a resolver nosso problema. Todos os nossos atos serão de propaganda e seremos sempre os mocinhos perseguidos pelo dragão do mal. O Mundo inteiro vai tomar conhecimento de nós e de nossa luta. O Congresso vai tomar conhecimento.

A polícia colonial do Grão-Pará vai nos sentar o pau. Virão aqui na minha casa e me levar preso, do que já me ameaçam. Vamos ter que aguentar isto, porque sabemos que fazemos o que é certo e justo, e que a vitória final será nossa. Gandhi nos ensinou isto. Martin Luther King prosseguiu. Mandela confirmou. Todos sofreram. Todos venceram. Vamos perseguir e realizar nosso sonho.

O Grão-Pará obteve vitória de Pirro. Como romanos, reagrupamos nossas legiões, reformulamos nossa estratégia. Unidos, Tapajós e Carajás, Trombetas, Baixo-Amazonas e Xingu, atacaremos em todas as direções e venceremos.

Nossa posição é firme e única, ao Tapajós e Carajás NOSSA VIDA! Ao Grão-Pará, simplesmente, NÃO e NÃO!

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