3 de fevereiro de 2007

O potencial energético do Tapajós

Sebastião Imbiriba*

Apesar de pouco inovador, o PAC – Programa de Aceleração da Economia lançado pelo Governo Federal possui a excelente qualidade de englobar num grande projeto nacional todos os antigos projetos longamente ansiados por comunidades na totalidade do país. Sendo projeto nacional, reduz consideravelmente as oposições e os entraves de toda sorte que têm impossibilitado a realização de sonhos antigos, entre os quais, para nós o mais importante, a construção da rodovia Cuiabá-Santarém.

No que diz respeito à geração de energia elétrica pelo aproveitamento de potenciais hídricos, o mais perto de se realizar, embora com fortíssimo antagonismo ideológico pseudo-social ambientalista, seria Belo Monte. Agora vemos abrir-se a perspectiva de São Luiz do Tapajós, trazendo para mais perto das populações às margens deste belíssimo rio a perspectiva de forte injeção de recursos na economia local com a geração de milhares de novos empregos.

É inegável a necessidade que tem nosso país de grande aumento da capacidade geradora de eletricidade para atender intensas demandas do crescimento econômico que se antevê para os próximos meses e anos. Os alertas ecológicos contra-indicam o uso de combustíveis fósseis e, mesmo, qualquer forma de produção de eletricidade por meio de combustão, mesmo que de renováveis. O custo-benefício da hidroeletricidade é insuperável.

O programa do governo aponta a participação da iniciativa privada e a diminuição dos entraves ambientais como fatores dinamizadores da realização de projetos de pequeno, médio e grande porte. Agora mesmo, se anuncia a formação de parceria público-privada do governo federal com a maior empreiteira do país para realização do inventário hidroelétrico do rio Tapajós, no qual se antevê a construção de barragens e eclusas totalizado potencial superior a onze mil megawatts, cinqüenta por cento maior do que Tucurui.

Exatamente a construção de barragens com eclusas permitirá a concretização de outro sonho regional e nacional, a hidrovia Teles Pires-Tapajós, alcançando os contrafortes que separam por poucas dezenas de quilômetros as bacias do Prata e do Amazonas, o que nos permite esperar que seja possível desobstruir o caminho e estabelecer um canal interligando Buenos Aires a Belém. Com isto, Santarém se tornaria importante centro comercial continental.

Tais projetos apontam todos - rodovia, hidrovia, energia abundante - promissores horizontes para nossa terra e nossa gente. Compete a nós trabalhar sem descanso para que tudo isto se torne realidade.

*Articulista amazônico.
*Artigo publicado em O Estado do Tapajós, jornal diário de Santarém, Pará, onde Autor (75) escreve sobre temas de interesse geral, principalmente amazônicos.

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