15 de abril de 2018

O saneamento básico que tem que ser feito


Recentemente iniciei uma campanha tentando convencer a sociedade e os políticos da necessidade de alocação orçamentária, nos três níveis de governo, de recursos destinados ao saneamento básico.
A esse respeito, recebi esta mensagem de minha filha Andrea:
Meu pai, aos 86 anos, e que poderia estar assistindo Netflix ou desfrutando a vida ao lado de minha mãe, e juntos, apreciando a infância de seus bisnetos, nos últimos dias, preocupado com a poluição dos rios Tapajós e do despejo de esgoto nas praias paradisíacas de Alter do Chão, vem tentando mobilizar.
Algumas pessoas se manifestam, com críticas à situação de Alter do Chão, outras fazem piadas, outras se preocupam apenas com o status de paraíso turístico, fechando os olhos para a realidade do que de fato acontece. Enfim, cada qual com o seu cada qual.
Porém, indignada com a indiferença de muitos, comentei:
As pessoas gostam de dar opiniões e criticar, mas não gostam de se comprometer, de se responsabilizar. É isso o que acontece. E depois reclamam das coisas que não saem do jeito que elas querem. É piada de mal gosto.
Recebi essa resposta que me enche de admiração e ainda mais respeito, não apenas por ser meu pai, mas por ser um homem que respeita a todos, indistintamente, e não se cansa jamais:
 


"Andrea Aires Imbiriba querida, 
Não te preocupes, minha provecta idade ensinou-me a entender um pouquinho a Humanidade: a grande maioria das pessoas aprova ou não certas ideias, mas, por cautela, prefere silenciar, principalmente, quando os temas são polêmicos ou exigem ação.
Te dou dois exemplos: 1º) apesar de ser muito grande o número de seus apoiadores, havia muito mais corredores na maratona de São Paulo do que na despedida de Lula; 2º) a parada gay tinha muito mais gente do que manifestantes de verde-amarelo na Avenida Paulista. É por isso que se denomina “maioria silenciosa” ao eleitorado que apenas se manifesta pelo voto obrigatório e secreto, por isso mesmo, por ser obrigatório e secreto.
Não me preocupo com aceitação ou rejeição, muito menos com aplauso. Minha única preocupação é preservar minha dignidade perante mim mesmo, meu compromisso de fazer o que acho que deve ser feito.
Uns poucos amigos me dizem: “escreves bem”; outros: “escreves difícil”. Há muito tempo, quem sabe, ainda cheio de vaidade, respondia: “escrevo para quem sabe ler”. Hoje diria “escrevo para mim mesmo” por não ter ilusão de que haja quem admire meus textos.
Não me iludo de que haja quem aprecie ou compartilhe de minhas ideias. Mas isso não importa. Não serei eu o único “profeta pregando no deserto” na história, dos quais, apenas uns poucos escaparam do ostracismo, que é, estou certo, o que me aguarda.
O despejo de fezes, águas servidas e outros dejetos sem tratamento poluem lençóis freáticos, córregos, rios e oceanos, sujam nosso meio ambiente, provocam doenças sem conta. É imundice. É insuportável.
Mas não adianta falar atoa. É necessário ser objetivo. Objetividade é alocar recursos no orçamento público, de investidores privado ou em parceria público-privada. Para isto, temos que sensibilizar o mundo político que tem o poder de tomar essas decisões.
É isto que estou tentando fazer por dever de consciência, por me sentir obrigado a proteger a vida de meus bisnetos, que agora são seis, mas que ainda este ano, serão nove, e os bisnetos destes.
Essa responsabilidade ninguém me tira, não importa se serei compreendido e apoiado ou continuarei pregando no deserto.
Deus te abençoe.
Com amor e carinho de teu
Pai."

Gratidão, papai, por mais esta lição de vida.
Sempre digo a mim mesma, quando me bate a preguiça física ou mental, que tenho dois exemplos de respeito, liberdade, disposição e determinação, não importando o resultado, mas a tentativa e o processo no decorrer da materialização de uma ideia ou sentimento.
Você e a mamãe Nancy!!!
Que lindo é ser filha de vocês.

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