27 de junho de 2013

A representatividade atual dos partidos políticos

Na origem da Democracia, na pólis grega, os cidadãos se reuniam na Ágora e ali decidiam em debates e votações universais nos quais cada cidadão tinha direito a voz e voto. Até a poucos anos, esse tipo de democracia só era possível em pequenas comunidades, como alguns cantões suíços.
A representação política surgiu, e assim ocorre ainda hoje, em países com vastas extensões territoriais, devido à dificuldade de todos os cidadãos se deslocarem para os centros burocráticos onde se tomam decisões. Então, cidadãos de pequenas comunidades, regiões ou províncias, elegem representantes que os representam nos centros de decisão política.
Os partidos políticos originais eram aglomerados de ricos e poderosos que se reuniam em grupos específicos para melhor protegerem seus interesses. Posteriormente, partidos políticos de massa foram criados para melhor arregimentar prosélitos e propagar ideologias, geralmente socialistas e comunistas, ou que assim se denominavam, como o partido fascista e o nazista, em contraposição às agremiações burguesas.
Desde suas origens, portanto, partidos políticos sempre retiraram poder do cidadão comum em favor dos donos dos partidos. Ainda hoje, inclusive no Brasil, os partidos são instrumentos de seus respectivos donos. Cada partido possui um mandachuva ou pequeníssimo grupo deles que dominam a agremiação com mãos de ferro, tanto em nível nacional como regional. Exemplos marcantes são os partidos do Lula, do Maluf, do FHC, do ACM, do Jader Barbalho, e tantos outros, cada qual com seu mandão, chefe ou chefete. O perigo das lideranças populares no Brasil e na América do Sul tem sido e ainda é o caudilhismo messiânico que conduz a regime autoritário ou à corrupção generalizada, ou a ambos.
Como se vê, antes de serem instrumento democrático, os partidos são meios de dominação. No mundo de hoje, na sociedade globalizada do Conhecimento e da
Informação em que vivemos, praticamente, a totalidade dos cidadãos se reúne na nova Ágora chamada Internet. Todos se comunicam com todos, mas todos podem decidir individualmente, cada um por si, formando grandes e pequenos consensos setoriais diversificados, como diversificados são os interesses, os sentimentos e as vontades.
Este é um momento de gestação da nova democracia, ainda informe, ainda incerta, ainda tropeçante, mas certamente um novo caminho que se abre para a libertação de cada cidadão, por conseguinte, de todo o povo. Neste mundo novo da nova democracia, o papel dos partidos será muito restrito.
Na realidade, numa pequena comunidade, onde todos se conhecem, estão próximos e podem se reunir em algum lugar público, com verdadeiro espírito republicano, a democracia pode ser direta, dispensando representantes, porque cada cidadão é o líder de si próprio. Na Grécia antiga esse lugar era a Ágora. No Brasil, e no Mundo globalizado de hoje, a Ágora é a Internet, o e-Mail, o Facebook.
É esse novo estado de coisas que se reflete no comportamento dos manifestantes que estão inundando as ruas com suas reclamações e protestos, reivindicando seus diversificados interesses. É por isso que não precisamos mais de partidos, nem de representantes, nem de líderes, porque somos os líderes de nós mesmos.
Talvez, nem toda a população brasileira esteja apta a exercer esse novo e mais completo tipo de cidadania, por causa do analfabetismo funcional ou por falta de acesso à nova tecnologia. Mas temos que refletir sobre isto, porque esta é a grande oportunidade de estabelecer a verdadeira Democracia, uma democracia direta, exercida por pessoas conscientes e informadas.
Vamos erigir a nossa nova Ágora, moderna, dinâmica, republicana e democrática.
A nova Ágora é a Internet.

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