12 de agosto de 2008

Alforria

Na página 89 da edição de março de 2007 da Revista de História da Biblioteca Nacional, encontrei notícia de carta da alforria passada pelo jovem proprietário de uma escrava. A incongruência e imoralidade de uma sociedade escravista me fazem usar palavras do alforriante ao transformar drama em poesia.

Alforria

 

Neste ano da Graça de 1869,

Perante o Notário

Da comarca de Campinas,

Província de São Paulo,

Digo eu,

Isidoro Gurgel Mascarenhas,

Que, entre os mais bens que possuo,

Sou senhor

E possuidor

De uma escrava,

De nome Ana,

Que herdei de meu pai,

Lucio Gurgel Mascarenhas.

 

E, como a referida escrava é minha...

Verificando-se minha maioridade, hoje,

Pelo casamento, de ontem,

Por isto achando-me com direito,

Concedo à referida...

Plena liberdade,

A qual concedo de todo meu coração,

Pois que, Ana, escrava minha,

Que foi de meu pai,

É também... minha Mãe.

 

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