28 de setembro de 2007

Desenvolvimento e Sustentabilidade - Parte I

Lógica versus Emoção

Ao término de quase um ano dedicado ao estudo e à reflexão sobre a sustentabilidade da civilização ocidental e seu papel como paradigma do desenvolvimento mundial , preocupado com as ameaças que pesam sobre a Amazônia, inclino-me a discorrer sobre tema de tanta relevância para nosso futuro, para a definição do tipo e qualidade de vida que desejamos e o que seria realizável, para obtê-los, sem prejudicar a sobrevida de nossa espécie.

Na série de artigos que agora inicio, começarei por apresentar um pequeno rol de leis fundamentais que regem o Universo, a Cosmologia, a Física, a Química, as Ciências Naturais, de forma geral, pois que estas regulam o funcionamento da própria vida e, por conseqüência, da produção de todo tipo de bens, essenciais ou não a ela. As ciências exatas, como o nome diz, buscam descrever o Universo com a melhor precisão possível e são muito mais confiáveis do que as Ciências Humanas.

Arthur Koestler, in The Act of Creation (Arkana, London, 1984, pg. 332), posiciona diversas áreas do conhecimento segundo os respectivos graus de objetividade. O autor discorre sobre o tema com grande precisão lógica, profundidade científica e beleza literária.

Quanto maior a objetividade de uma matéria, maior sua verificabilidade, isto é, melhor pode ela ser comprovada por métodos matemáticos e, portanto, maior a certeza. Por outro lado, quanto menor a objetividade, maior a componente emocional, maior a dificuldade em exprimi-la por meio de equações e, portanto, maior a incerteza. As ciências denominadas exatas possuem maior grau de objetividade, verificabilidade e certeza, em contraposição ás ciências humanas, sempre submetidas a alto grau de subjetividade.

Quanto mais estatísticos sejam os procedimentos matemáticos que definem as leis de um determinado ramo da ciência, mais este apontará tendências, em lugar de fatos. É por isto que as Leis de Newton são tão precisas e as predições da Meteorologia tão aproximativas. Esta inexatidão nos aconselha a duvidar da certeza nas profecias apocalípticas que apregoam o próximo fim da humanidade pelo aquecimento global. Por outro lado, não podemos ignorar que as probabilidades de que muitos cataclismos aconteçam é realmente muito alto.

No entanto, não seria possível entender os fenômenos da civilização ocidental e, mesmo, as das demais civilizações, as atuais e as do passado, apenas com base nas Leis Naturais, sem analisar a evolução histórica dos fatos sociais e econômicos, sem considerar ciências associadas a fenômenos culturais e psicológicos.

É o conjunto do conhecimento humano, disciplinado pela metodologia científica, que nos permite prosseguir na busca das possíveis soluções para a estagnação, ignorância e pobreza dos povos da Amazônia, dos caminhos que nos conduzam ao conhecimento e à informação específicos da região, à prosperidade e a abundância.

Um dos benefícios de uma sociedade se encontrar atrasada em relação a outras, como o Brasil em ralação às sete maiores potencias econômicas mundiais, é poder observar os bons e maus métodos adotados por estas, selecionar o que possa ser útil e evitar os erros, assim como, dar saltos tecnológicos, posicionando nossos sistemas produtivos em posição de competitividade perante indústrias a caminho da obsolescência dos países mais desenvolvidos.

Observar o comportamento das nações mais desenvolvidas nos ajudará a evitar desperdícios e otimizar a eficiência ecológica, além de permitir encontrar procedimentos metodológicos e tecnológicos capazes de aumentar nossa eficiência econômica. Neste aspecto, é de extrema importância o exame acurado da história sob a ótica ecológica. É por isso que, aos fundamentos científicos, associo alguns aspectos da História, da Sociologia e das tendências evolutivas da Humanidade. Alguns dos fenômenos mais importantes a serem estudados encontram-se na área da Ecologia e, para ressaltá-los, formulo o conceito da "Síndrome de Rapa Nui", que descreve o uso indiscriminado dos recursos naturais até que, exauridos, não mais pudessem sustentar a população de Ilha de Páscoa.

Japão, América do Norte, Europa constituem sociedades afluentes, com altos índices de qualidade de vida. Não é justo e não há porque acreditar que amazônidas devam ser condenados à miséria, à condição de meros mantenedores de sorvedouros do carbono que outros fazem jorrar na atmosfera. Certamente, há barreiras a serem vencidas, caminhos a serem trilhados, métodos e processos produtivos que nos conduzam à felicidade.

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