11 de outubro de 2014

De saco cheio

Quando um médico submete alguém a tratamentos extremamente penosos, como o do câncer, por exemplo, não o faz por maldade, mas para o bem do paciente. O tratamento é muitas vezes demorado, doloroso, exigindo critério, planejamento e muita disciplina.
A criação do cartel da OPEP, que aumentou o preço do petróleo, colocou a economia do Governo Militar numa crise que se estendeu até a administração Sarney, a qual Collor quis debelar congelando todos os depósitos bancários, deflagrando, por sua vez, outra crise ainda pior.
Itamar herdou uma economia doente, quase terminal. Havia necessidade de tratamentos rigorosos e severos. Foi isso que Fernando Henrique, Pedro Malan e Pérsio Arida fizeram. O paciente se salvou, recuperou as energias, se tornou saudável. Não estava em forma ainda, mas podia andar com as próprias pernas.
Foi esse Brasil que FHC passou a Lula em uma transferência de poder harmoniosa, republicana, leal, até elegante.
É esse Brasil que Lula e Dilma pintam com as piores cores de um arsenal de mentiras preconceituosas, despeitadas e raivosas.
Lula recebeu um país pronto a aproveitar a bonança do crescimento da economia mundial, de excelentes superávits comerciais e da atração de capitais decorrentes do crédito e da confiança gerados pela estabilidade da economia, e também, é claro, pela mística de um trabalhador proveniente da classe trabalhadora.
Grande herança e, também, mérito próprio.
Lula usou esse capital para promover e aperfeiçoar tudo o que fora contra até assumir o poder, inclusive a bolsa escola e a estabilidade monetária.
Infelizmente, a par do aperfeiçoamento da herança recebida nas áreas econômica e social, Lula aparelhou o Estado brasileiro aumentando de cerca de sete mil para mais de trinta mil os cargos de confiança, preenchendo-os com hostes do PT habituadas às práticas corruptas de alimentar o caixa dois do partido com propinas dos serviços municipais petistas de transporte urbano, coleta de lixo e demais contratos de obras públicas.
Logo rebentaram as dezenas de escândalos que infestam os governos Lula e Dilma, denúncias que se perpetuam porque o esquema continua em funcionamento, o aparelhamento corrupto do governo permanece desgraçando e desmoralizando o país por toda parte.
As denúncias não param.
Lula, raivoso, vocifera que está de saco cheio com elas.
Lula deveria estar de saco cheio com a própria prática, com sua própria liderança dos mafiosos que ocupam os diversos setores do governo, as agências reguladoras, as empresas estatais, fazendo com que mensalões e petrolões se sucedam infindavelmente.
O Brasil quer o imediato fim dessa prática infernal, tão disseminada, tão corriqueira que algumas pessoas, inclusive as que sei serem boas e honestas, a aceitam como normal e inevitável, algo determinado pelo destino, e a justificam alegando alguns benefícios recebidos. Ressuscitaram o slogan de Ademar: “Rouba mas faz”.
Quem está de saco cheio é o Brasil.
É por isso que o Brasil quer mudança.
É por isso que o Brasil vota Aécio 45.

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