De nada importa se eu
quero aproveitar o domingo para ir à praia e chove torrencialmente. Mesmo que
aprecie banho de rio ou de mar com chuva, não poderei transitar nas ruas
inundadas. Tenho que conviver com a intempérie. É “ato de Deus” ou de “força
maior”. Nada posso fazer a respeito, senão conviver com o inevitável.
É certo que a luta
continua. Tapajós e Carajás estão firmes em diversas frentes políticas e
judiciais batalhando nosso inconformismo com a forma como o plebiscito foi
realizado, com seu resultado e com as imensas barreiras que temos pela frente. De
qualquer forma, vamos em frente, certos de que idealismo, vontade irredutível e
fé na realização do secular sonho de autonomia nos levarão à vitória final.
Enquanto isto, a vida
continua e temos que enfrentar os fatos da vida real, devemos ser realistas,
pragmáticos, objetivos na obtenção dos melhores benefícios e vantagens que
possamos extrair do governo do Grão Pará, até mesmo por chantagem.
Pois esse maldito governo
do Grão Pará inaugurou recentemente quatro centro de cidadania, dois em bairros
periféricos de Belém, um em Marabá e outro em Santarém. Todos encimados pela
bandeira usada na campanha do NÃO e o dístico “Governo do Pará”. Aquela era
flâmula a que amávamos, mas que hoje olhamos com desconfiança.
Todos nós, tapajoaras
que sonhamos com o Estado do Tapajós, e carajaenses, que lutamos pelo Estado do
Carajás, e temos que lá ir pagar tributo ou buscar um RG, olhamos para o alto,
vemos a marca da opressão, e lá entramos humilhados pelo símbolo da sujeição a
que estamos submetidos.
Os novos e imponentes
prédios são mero cala-boca concedido pelo opressor na vã tentativa de nos
acalentar com a migalha que nos tiram da boca. E muito mais virá, porque os
potentados do Grão Pará sabem muito bem que muito mais terão que fazer para nos
convencer ou pelo menos nos fazer aceitar o pelego sobre o qual nos montam.
Para eles isto nada custa, pois é apenas gota do sangue que nos sugam desde os
tempos das drogas do sertão.
De qualquer forma, a administração
pública brasileira é exercida pelos eleitos em sufrágio popular por via de
partidos e coligações, o que impõe a associação de pessoas que, embora rezem
por cartilhas diferentes, persigam seus diferentes interesses políticos por
meio das mesmas agremiações partidárias. Desta forma, não importa se Ana Julia
foi derrotada ou se o eleito seja Simão Jatene. Ambos foram nãozistas e seus
correligionários pró Carajás e Tapajós são forçados a conviver politicamente
com eles para se elegerem prefeitos e vereadores, nas próximas eleições e, a
partir daí, governar seus municípios.
Por isso mesmo, antes e
depois de eleitos, prefeitos e vereadores necessitam se relacionar, em virtude
dos respectivos ofícios, mesmo a contragosto, com os malditos mandarins, senão com
o próprio diabo. Isto é “realpolitik”.
Talvez Maquiavel tenha
sido o filósofo do realismo político, e César Bórgia seu mais fiel discípulo,
mas a aplicação desse modus operandi em sua forma mais moderna foi realizada
por Bismark, mais recentemente pela dupla Nixon-Kissinger, isto sem falar em Willy
Brandt com sua Ostpolitik. De um modo ou de outro, o verdadeiro estadista pode,
sem abandonar seus objetivos ou ideais mais elevados, adotar políticas
realistas na associação com gregos e troianos nas relações entre potências ou
no trato entre suseranos e seus vassalos.
Não me admiro, portanto,
ao ver políticos do SIM se associando com outros do NÃO, nem mesmo por ver Ana
Julia assinar a lista do PLIP. Me espantaria se ela não o fizesse ao subir em
um palanque em Marabá. Faz parte da falsidade mútua que sempre existirá neste
tipo de relação em que parceiros se cumprimentam com as pontas dos dedos. Nem
tudo é permitido, mas a latitude é grande e os caminhos amplos desde que o
ideal seja mantido e que a luta pelo Tapajós e pelo Carajás jamais esmoreça.
Um comentário:
Essa ANA JÚLIA e seu PT corrupto, jogaram o estado do Pará a um estado de penúria. Falsa com é, ela nem fede nem cheira... aliás, FEDE mais que cheira, pelo puro oportunismo imbecil. Fala uma coisa e depois age outra... Quanto aos prédios novos dos serviços do Governo Jatene que o senhor menciona, é mesmo apenas um início silencioso para alijar aos poucos qualquer novo desejo separatista por políticos campeões da bandalheira. Aguarde e verá!
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