O processo
penal 470 em curso no Supremo Tribunal Federal, mais conhecido como julgamento
do Mensalão, apresentado ao vivo pela TV Justiça, é acompanhado atentamente por
grande público que assiste bombástica acusação do Procurador Geral da República
declarando que Ali Babá e Quarenta Ladrões são culpados de peculato, prevaricação,
corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro, enquanto brilhantes
advogados afirmam que seus clientes são virtuosos e imaculados cidadãos.
Quando muito, dizem
os causídicos, os acusados seriam culpados dessa coizinha insignificante
chamada caixa dois, como se caixa dois fosse a mais santa das virtudes
republicanas, como se caixa dois não fosse alimentada por dinheiro sujo roubado
do povo brasileiro em fantásticas falcatruas, concorrencias viciadas, preços
majorados, funcionários corrompidos, políticos corruptos e corruptores e
empreiteiras vice-versa, tudo para eleger governos venais que criam programas
mirabolantes de obras faraônicas a serem empreitadas pelas mesmas empreiteiras
que sustentam o mesmo esquema eterno que mama nas tetas do Estado e escravisa a
República.
Ah! Não houve
mensalão, que alívio! Houve apenas caixa dois, apenas caixa dois, apenas caixa
dois, caixa dois, caixa dois, caixa dois... E repetem a ladainha sem fim, é
apenas caixa dois!
Ah! Mas caixa
dois não é invenção do PT, nem de Lula, nem de Zé Dirceu. Isto é coisa que vem
do tempo do Azeredo, lá das Minas Gerais, coisa do tucanato. Tucanos, pensa
Lula, aquilo é que gente fina, de bom trato, elegante e, agora que visto ternos
Armani, boa invenção do Duda, sou como eles, estou dentro . Então podemos todos
imitar, seguir o exemplo, e até construir em cima, elaborar, engrandecer o
projeto original, aperfeiçoar os métodos dessa grande invenção, o sagrado caixa
dois do PSDB, agora entronizado e canonizado, o fabuloso caixa dois do PT.
Antes de ser
governo, PT e petistas se apresentavam como vestais da República, virgens
imaculadas, guardiãs das virtudes cívicas, incapazes de cometer tais crimes. Ao
contrário, eram acusadores ferozes de corruptos e corruptores. Acusavam mais do
que o acusador mór, o ex-senador Demóstenes Torres. Mas, quando se preparava
para assumir o poder e, como tal, corrigir todos os males da nação brasileira,
o PT já praticava o sacrosanto caixa dois com dinheiro proveniente sabe-se lá
de onde, quem sabe, de empreiteiras de limpeza pública, dessas que se encarregam
do lixo das ruas e do lixo dos políticos, dinheiro obtido por gente capaz de
matar Celso Daniel porque este concordava com o crime político, o roubo para
financiar o PT, mas queria condenar quem dele se aproveitava para enriquecer
pessoalmente, como se ambos delitos não fossem crimes e fins justifiquem meios.
Ver o que escrevi a respeito em:
Então, ainda na
campanha eleitoral que elevou Lula ao poder, as vestais da República, virgens
imaculadas, guardiãs das virtudes cívicas se prostiruiam nos prostíbulos do caixa
dois, se entregando a quantos quizessem comprar o direito de participar do
butim prometido para logo que Lula vestisse a faixa presidencial.
Essas vestais
não eram figuras mitológicas, criaturas da ficção. Eram e são os próprios
políticos do PT, seus líderes maiores, inclusive o principal deles, o futuro
presidente Lula, o mesmo que, quando já no cargo supremo, estando em Paris,
declarou com a maior candura que mensalão era apenas inocente e casto caixa
dois praticado por todos os partidos políticos, inclusive pelo PT.
O mesmo Lula
que criou o PAC, o maior esquema de contratação de empreiteiras de todos os
tempos, e fez surgir a milagrosa Construtora Delta que de uma hora para outra
atingiu o cume das concorrências federais, e também o ápice das revisões
contratuais com majoração de preços, a maior farra de apropriação indébita de dinheiro
público de todos os tempos. Nunca na história deste páis se viu tanta
multiplicação de preços originais das concorrências públicas federais,
estaduais e municipais, tanta degradação da regência dos dinheiros públicos.
(Prossegue na
próxima edição)
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