16 de agosto de 2012

Vestais no Mensalão I


O processo penal 470 em curso no Supremo Tribunal Federal, mais conhecido como julgamento do Mensalão, apresentado ao vivo pela TV Justiça, é acompanhado atentamente por grande público que assiste bombástica acusação do Procurador Geral da República declarando que Ali Babá e Quarenta Ladrões são culpados de peculato, prevaricação, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, gestão fraudulenta e  lavagem de dinheiro, enquanto brilhantes advogados afirmam que seus clientes são virtuosos e imaculados cidadãos.

Quando muito, dizem os causídicos, os acusados seriam culpados dessa coizinha insignificante chamada caixa dois, como se caixa dois fosse a mais santa das virtudes republicanas, como se caixa dois não fosse alimentada por dinheiro sujo roubado do povo brasileiro em fantásticas falcatruas, concorrencias viciadas, preços majorados, funcionários corrompidos, políticos corruptos e corruptores e empreiteiras vice-versa, tudo para eleger governos venais que criam programas mirabolantes de obras faraônicas a serem empreitadas pelas mesmas empreiteiras que sustentam o mesmo esquema eterno que mama nas tetas do Estado e escravisa a República.

Ah! Não houve mensalão, que alívio! Houve apenas caixa dois, apenas caixa dois, apenas caixa dois, caixa dois, caixa dois, caixa dois... E repetem a ladainha sem fim, é apenas caixa dois!

Ah! Mas caixa dois não é invenção do PT, nem de Lula, nem de Zé Dirceu. Isto é coisa que vem do tempo do Azeredo, lá das Minas Gerais, coisa do tucanato. Tucanos, pensa Lula, aquilo é que gente fina, de bom trato, elegante e, agora que visto ternos Armani, boa invenção do Duda, sou como eles, estou dentro . Então podemos todos imitar, seguir o exemplo, e até construir em cima, elaborar, engrandecer o projeto original, aperfeiçoar os métodos dessa grande invenção, o sagrado caixa dois do PSDB, agora entronizado e canonizado, o fabuloso caixa dois do PT.

Antes de ser governo, PT e petistas se apresentavam como vestais da República, virgens imaculadas, guardiãs das virtudes cívicas, incapazes de cometer tais crimes. Ao contrário, eram acusadores ferozes de corruptos e corruptores. Acusavam mais do que o acusador mór, o ex-senador Demóstenes Torres. Mas, quando se preparava para assumir o poder e, como tal, corrigir todos os males da nação brasileira, o PT já praticava o sacrosanto caixa dois com dinheiro proveniente sabe-se lá de onde, quem sabe, de empreiteiras de limpeza pública, dessas que se encarregam do lixo das ruas e do lixo dos políticos, dinheiro obtido por gente capaz de matar Celso Daniel porque este concordava com o crime político, o roubo para financiar o PT, mas queria condenar quem dele se aproveitava para enriquecer pessoalmente, como se ambos delitos não fossem crimes e fins justifiquem meios. Ver o que escrevi a respeito em:

Então, ainda na campanha eleitoral que elevou Lula ao poder, as vestais da República, virgens imaculadas, guardiãs das virtudes cívicas se prostiruiam nos prostíbulos do caixa dois, se entregando a quantos quizessem comprar o direito de participar do butim prometido para logo que Lula vestisse a faixa presidencial.

Essas vestais não eram figuras mitológicas, criaturas da ficção. Eram e são os próprios políticos do PT, seus líderes maiores, inclusive o principal deles, o futuro presidente Lula, o mesmo que, quando já no cargo supremo, estando em Paris, declarou com a maior candura que mensalão era apenas inocente e casto caixa dois praticado por todos os partidos políticos, inclusive pelo PT.

O mesmo Lula que criou o PAC, o maior esquema de contratação de empreiteiras de todos os tempos, e fez surgir a milagrosa Construtora Delta que de uma hora para outra atingiu o cume das concorrências federais, e também o ápice das revisões contratuais com majoração de preços, a maior farra de apropriação indébita de dinheiro público de todos os tempos. Nunca na história deste páis se viu tanta multiplicação de preços originais das concorrências públicas federais, estaduais e municipais, tanta degradação da regência dos dinheiros públicos.

(Prossegue na próxima edição)

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