O Congresso Nacional
acaba de encaminhar à sanção presidencial projeto de Lei reservando metade das
vagas nas universidades federais a candidatos que cursaram exclusivamente
escolas públicas. Mais uma vez a demagogia, em vez de resolver os problemas, engana pretensos beneficiários e prejudica a
nação toda.
Diante dos critérios
atuais de seleção vestibular, o correto seria a prestação de ensino fundamental
e médio de alta qualidade a todo o povo brasileiro. A opção por escola particular
não seria por qualidade, mas por religião ou filosofia de ensino. Assim, todos os
candidatos estariam em idênticas condições nas barreiras de entrada ao ensino
superior de qualidade.
Ocorre que o real
interesse nacional, mais do que equalizar por baixo a capacitação profissional,
está em acelerar o desenvolvimento, dar saltos de produtividade, aumentar a
eficiência dos setores produtivos e de toda a sociedade. Para isto é
fundamental identificar, incentivar, acalentar, fortalecer o talento inovador,
ir buscá-lo onde se encontre para que cumpra importantíssima função.
E isto é medida
extremamente simples, trocar os critérios do ENEN e dos vestibulares, substituindo
a aferição de grau de conhecimento pela de talento inovador. Talentos inventivos
surgem em toda parte, da mesma forma como futuros astros de futebol e outros
esportes se revelam sem distinção de classe, renda ou etnia.
Os fatores mais
fundamentais que impulsionam pessoas, empresas e nações ao desenvolvimento, à
riqueza e ao bem estar, são: inovação, empreendedorismo e informação.
Costumo citar como
exemplo da importância da informação o triste caso de jovem mãe em silencioso
pranto sobre lenta agonia do filho em seu colo definhando por diarreia e
desidratação. Todo aquele sofrimento deriva de falta de informação sobre
higiene e de que um pouco d’água, uma pitada de sal e três de açúcar podem
salvar o bebê. Informação simples, mas vital.
Pessoas adquirem
conhecimento, se educam para apreciar melhor as belezas das artes, da cultura,
da natureza e da vida, mas principalmente para encontrar informações de que
necessitam para progredir e, até mesmo, para salvar vidas.
Assistimos, hoje em dia,
grande ênfase às técnicas do empreendedorismo, estímulo proporcionado por
entidades de governo e, principalmente, pelo SEBRAE aos jovens empreendedores, em
todas as áreas, nas artes, nos esportes, na agricultura, comércio, indústria,
muitas vezes em conjunto com associativismo e cooperativismo. Aqui não se trata
de mudança de enfoque ideológico, mas de estratégia.
E se atribui grande
valor à ação individual, à iniciativa em resolver problemas, superar
dificuldades, atingir objetivos. Porque se reconhece que o somatório dos
benefícios individuais resulta no benefício comum compartilhado por toda a
sociedade. Dai tanta ênfase ao empreendedorismo.
A relevante posição do
Brasil como segundo maior exportador mundial de alimentos se deve à inovação, à
criatividade, fruto de pesquisas científicas e tecnológicas da EMBRAPA, mas
também do talento inventivo dos agricultores e criadores brasileiros. As indústrias
de nosso país mais bem sucedidas no enfrentamento da concorrência
internacional, do alto custo de nossa infraestrutura, dos elevados impostos e da
moeda sobrevalorizada, são exatamente as empresas inovadoras. E as corporações
mundiais mais criativas são, também, as mais competitivas; algumas criam
necessidades nunca imaginadas.
É inegável o valor da
cultura enciclopédica. O conhecimento é fator de realização íntima, mas, por si
só, não conduz ao desenvolvimento, embora seja importante porta para a
informação, o real instrumento do empreendedor.
Quando cada qual está equipado
com conhecimento, informação e capacidade empreendedora, e todos possuem os
mesmos instrumentos, ninguém sobressai, ninguém avança, todos concorrem com os
demais nos mesmos termos.
Nesta planície, somente
avança, apenas se eleva, quem adquire vantagem competitiva pela capacidade
inventiva, pelo talento criativo, inovador, diferenciador do produto ou serviço.
Ganha quem oferece novas opções, novas oportunidades, novos métodos, novos
caminhos para o desenvolvimento, para a prosperidade e o bem estar.
Não precisamos de
demagogia. O que o Brasil precisa é de empreendedorismo e inovação.
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