O
mesmo Lula que criou o PAC, o maior esquema de contratação de empreiteiras de
todos os tempos, e fez surgir a milagrosa Construtora Delta que de uma hora
para outra atingiu o cume das concorrências federais, e também o ápice das
revisões contratuais com majoração de preços na maior farra de apropriação
indébita de dinheiro público de todos os tempos. Nunca na história deste país
se viu tanta multiplicação de preços originais das concorrências públicas
federais, estaduais e municipais, tanta degradação da regência dos dinheiros
públicos.
O
mesmo Lula que, no fragor do escândalo do mensalão, declarou em Brasília que
ele e o Partido dos Trabalhadores tinham que pedir desculpas ao povo
brasileiro. Declaração que se revelou cínica e falsa, pois em vez de perseguir
e punir culpados tratou de protegê-los usando todos os subterfúgios que pode
inventar, inclusive - já agora, não mais presidente da República, mas renitente
defensor de seus companheiros, ou comparsas - tentar chantagear um ministro do
Supremo Tribunal Federal em vésperas do início do julgamento do mensalão.
Este
julgamento pode nos proporcionar a oportunidade de presenciar uma das maiores farsas
judiciais já vistas neste país. Membros da Polícia Federal e Ministério Público
Federal nomeados e comprometidos com o ex-presidente Lula, aparelhados pelo PT,
começam o inquérito e iniciam a acusação neutralizando as testemunhas que
melhor produziriam provas irrefutáveis e indestrutíveis, transformando-as em réus,
cujas declarações lhes podem agravar as penas, e por isso se calam, se
desmentem e acusam falsamente.
Se
for assim, será tremenda armação, revelada por acusação displicente, propositalmente
falha, que não comunica sujeito ao ato criminoso, que aponta crimes impessoais,
réus sem tipificação penal, acusa grupos, não pessoas, de hipotéticas intenções,
não de fatos criminosos concretos. Seria incongruente atuação do Ministério
Público Federal com a nítida intenção de prejudicar o julgamento e impedir
qualquer condenação.
Eis
o prato cheio onde se refestelam os maiores e melhores advogados brasileiros. Armados
com poderoso domínio da ciência jurídica, dialética impecável, oratória
brilhante, não poderiam desejar maior inépcia acusativa para, com toda
facilidade, destruir ponto a ponto cada um dos falhos argumentos da promotoria.
No
ponto em que se encontra o processo penal 470, já se manifestaram o Ministério
Público - que discorreu por pouco menos de cinco horas sobre pecados de quase
quarenta réus, menos de oito minutos, em média, para cada malfeitor – e quase
quarenta advogados - cada um dos quais falou por uma hora defendendo seus
santos e imaculados clientes.
Neste
momento, os ministros relator e revisor iniciam o julgamento discutindo ponto
por ponto cada um dos alegados crimes, e já se manifestaram pela condenação dos
cinco réus já analisados. Os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski
parecem não se terem impressionado pela magnífica oratória dos advogados.
Qual
o resultado esperado desse julgamento? Não sei. Muitos dos crimes acarretam
penas leves, já prescritas. Muitas das provas são circunstanciais. Todo mundo está
convencido, inclusive o próprio, de que o cônjuge é traído pelo consorte, e até
se sabe com quem, mas se nunca alguém presenciou o ato sexual, explicitamente
cometido, então a prova judicial objetiva não existe. Da mesma forma, o povo
todo sabe que houve crime e quem são os criminosos do Mensalão. Os julgadores
sabem e estão convencidos disto, mas, tecnicamente, talvez não possam condenar.
Então, alguns, muitos ou todos os réus podem não ser condenados. Mas nenhum
será inocentado. Porque, no consciente coletivo, até no daqueles que por
simpatia ou partidarismo apaixonado desejem salvar seus ídolos, o crime existiu
e esta é a verdade inexorável.
Esta
é a verdade necessária, quer chamemos o crime de mensalão ou de inocente e puro
caixa dois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário