27 de julho de 2013

Carta a uma neta - maio de 1998

Em maio de 1998, em carta a uma neta, fiz algumas reflexões tão atuais hoje quanto a quinze anos atrás.
Minha Querida Neta,
Sua carta é uma alegria. Alegria de ser lembrado. Alegria de relembrar. Alegria de reviver as lembranças, as imagens de tuas feições, os sons de tua voz, o tato de teu abraço. As lembranças de teus assuntos, de teus interesses, de teu trabalho, de teus estudos, de teus lazeres, de teus amores. Compartilhar teus projetos, tuas concepções filosóficas. E, que prazer imenso, combater tuas ideologias ...
Por falar em ideologia, estou convencido de que só servem para atrapalhar. O que vou afirmar é um resumo de meu pensamento:
1) temos que ser éticos em nossas ações e convicções;
2) temos que ser tolerantes com as convicções alheias;
3) o conjunto das prosperidades individuais torna toda a sociedade próspera e temos que buscar nosso bem individual para atingir o bem comum;
4) temos que ser flexíveis, práticos, pragmáticos para atingir esses objetivos.
A ética nos coloca nos limites de nosso direito e nos faz respeitar o direito alheio. A tolerância nos permite conviver e cooperar. A melhor forma de se atingir o maior (melhor) bem geral é cada indivíduo ter liberdade para resolver seus próprios assuntos, procurar seu próprio bem, buscar sua felicidade. O pragmatismo nos permite resolver os problemas, que sempre existem, da superposição de direitos.
A sociedade é totalmente permeada de direitos antagônicos e conflitantes. A civilização nos acostuma a dirimir ordeira e ordenadamente esses conflitos. Dentro desses parâmetros, o Estado é fundamental, mas sua ação deve ser extremamente limitada.
Durante toda a história, o Estado tem sido opressor e instrumento de dominadores e exploradores dos povos. É essa natureza de perversidade atávica que abomino. Detesto o Estado por esse caráter malígno. Certamente, há funções que só competem a um Estado democrático. No entanto, mesmo na Escandinávia, o Estado tem seu lado intrometido e opressor.
Assim, sou forçado a desejar um Estado pequeno, tão pequeno que não possa se esconder por trás de uma burocracia corporativista, monstruosa, impessoal, impenetrável, tão pequeno que possa ser democraticamente controlado. Do jeito como são as coisas, considero bem-vindo tudo o que diminua o tamanho, o poder do Estado, mesmo que às custas de hipotéticos ou reais prejuízos contábeis para o Erário Público. O lucro, para a nação e para o indivíduo, advindo da diminuição dos abusos dos marajás e mandarins, da diminuição da prepotência e da arrogância dos senhores do poder, compensam plenamente qualquer perda contábil de dinheiro, dinheiro que, de qualquer forma, jamais iria para o benefício do povo mas para lucro dos poderosos.
Desculpe a extensão do desabafo, mas você é uma jovem inteligente e me angustia a sensação de que você não tem tido oportunidades de olhar o mundo sob a ótica da liberdade, dos direito fundamentais e inalienáveis do ser humano. Me angustia a sensação de que você seja capas de aceitar como coisa natural e louvável a existência de governos totalitários e opressores, violadores dos direitos humanos, sob a indesculpável alegação, para  mim irracional, de que são comunistas ou socialistas, de que trazem algum benefício específico para o povo.
A maioria dos grandes tiranos também proporcionou benefícios específicos ao povo. Hitler foi louvado e amado por seu povo, assim como o foi Getúlio, assim como o é Fidel e outros ditadores. Boa parte da população do Chile aceita Pinochet como líder benévolo. Tentar justificar a agressão aos direitos humanos e ao cerceamento indevido da liberdade é um desrespeito a tantos heróis que, ao longo dos séculos, deram suas vidas pela liberdade.
Minha visão do Homem deste fim de século, depois de milênios de injustiças e massacres e genocídios, é a de que o indivíduo possui uma gradação no imediatismo de suas necessidades vitais. Se lhe falta ar ou água, alimento ou abrigo, afeto ou realização, dignidade ou liberdade, o ser humano estiola e morre, física ou moralmente. Repare que o ar é uma necessidade fisiológica básica, enquanto que a liberdade é uma necessidade da mais alta nobreza moral e intelectual.
O bruto não pode perceber o valor da liberdade. Para isso, é necessária uma visão culta e humanística do mundo. O Mundo de hoje está atingindo, principalmente na Europa e nas Américas, mas também em outras partes, essa percepção das necessidades mais nobres.
Eu vejo um Mundo que se aproxima nos próximos decênios, que eu não verei, mas você sim, como um complexo de interesses que se entrechocam e que se resolvem pacífica e ordeiramente sob a égide de leis universais que respeitem a essência mais nobre do ser humano que são a sua dignidade como pessoa e a sua liberdade.
Esta visão implica na existência de Estados democráticos, pluralistas e especializados, melhor dizendo, contidos na administração da justiça e na proteção dos direitos do indivíduo. É por isso que acredito no abrandamento progressivo e continuado dos regimes totalitários e ditatoriais que ainda perduram, mas que se transformarão em democracias no decorrer das próximas duas décadas.
Quando eu era criança, ouvia dizer que “o Mundo marcha para o comunismo”. Nunca acreditei nisto. Entre os doze e catorze anos eu lera a História Universal do Cesar Cantú, todos os 24 volumes da estante de meu pai. Mais tarde, freqüentava a Biblioteca Nacional para ler Toynbee. Esses e outros historiadores e biógrafos me mostraram um rumo de aperfeiçoamento moral e político da Humanidade. Aperfeiçoamento a passos de milênios, no começo, de séculos, mais recentemente e de décadas nos dias de hoje.
Creio na aplicação da Segunda Lei da Termodinâmica, a que rege a entropia, também aos fenômenos sociais. Portanto, é mera questão de tempo para que os conceitos de democracia, respeito aos direitos humanos e liberdade, finalmente, permeiem e se apliquem a todos os pontos deste nosso Mundo.
Como você pode ver, sinto muito a falta de pessoas inteligentes e cultas como você e sua Mãe para trocar experiências e idéias sobre temas, para nós, tão apaixonantes. Gostaria de tê-las por perto.
Recomendo que todas vocês juntem um bocado de dinheiro e de tempo disponível para vir passar uma boa temporada aqui com a gente.
Ao reler esse texto, ao relembrar tantos acontecimentos que derrubaram tantas ditaduras no Mundo todo, mais ainda, ao constatar a difusão, por toda parte, do conceito de cidadania, inclusive no Brasil, eu me animo em ter fé nas predições que eu mesmo fiz: A Humanidade marcha para a Democracia.
E esta previsão é tanto mais verdadeira quanto melhor a tecnologia abra caminhos para a transparência dos atos de governo, e para a coordenação espontânea dos cidadãos em defesa de seus direitos contra os abusos, a corrupção, a ineficiência, a displicência e a prepotência tão usuais, até agora, no comportamento dos agentes do Estado.

15 de julho de 2013

Os pelegos foram às ruas

Os sindicatos de trabalhadores sempre tiveram o vezo de utilizar ideário e linguagem antipatronal e anticapitalista, para atrair associados em numero suficiente a legitimar e dar prestígio a seus líderes. Mas estes logo se enriquecem entregando seus liderados à sanha dos patrões. São os pelegos, expressão gaúcha - derivada do pelo de carneiro que peões colocam sobre a sela para amaciar a andadura do cavalo – usada nos tempos de Getúlio Vargas para designar sindicalistas vendidos ao governo e ao patronato.
Os sindicatos de metalúrgicos do ABC Paulista, e seus líderes, entre os quais Lula, escreveram belas páginas de lutas em defesa dos interesses dos trabalhadores. Mas logo que se firmaram como porta-vozes da classe, os líderes abandonaram o foco sindicalista pelas conquistas políticas e a ambição de poder. Então, fundaram o PT e lançaram candidato a presidente: Lula.
 A três derrotas consecutivas de Lula serviram de escola para os caminhos tortuosos da política. Lula logo percebeu que sem dinheiro nunca se elegeria. Então, iniciou o processo sistemático de arrecadação sub-reptícia, o caixa dois, não declarado à Justiça Eleitoral, constituído de dinheiro obtido ilegalmente por prefeitos eleitos pelo PT, através de superfaturamento dos contratos com empresas de ônibus, de coleta de lixo e outras empreiteiras. Algumas dessas operações ilícitas vieram à tona, entre elas a do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado por não concordar com que o dinheiro roubado do povo e destinado ao PT enchesse os bolsos de seus auxiliares mais diretos.
À medida que os quadros sindicalistas se transformavam em correligionários do PT, se elegiam vereadores, deputados, prefeitos e senadores, e preenchiam os cargos de confiança criados aos montes, não somente foram se enriquecendo, como foram se adaptando ao conforto e ao bem viver que o dinheiro proporciona.
Quando Lula, finalmente com as burras do caixa dois cheias de ouro, teve dinheiro suficiente para contratar marqueteiros de primeira linha, alimentar a enxurrada publicitária, e se eleger presidente, os esquemas municipais se transformaram no fenomenal esquema de corrupção e aparelhamento do Estado que, estarrecidos, estamos desvelando.
Mas então, aqueles quadros sindicalistas, cheios de idealismo, vontade e vigor para lutar pelas belas causas originais, estão agora amortecidos pelo ócio, pelo interesse monetário, pelo atrelamento político, verdadeiros gatos gordos acostumados ao calor e conforto do sofá, do qual não querem sair.
Pior do que isto, esses quadros estão desmoralizados pelos escândalos do dinheiro nas meias, malas e cuecas, não têm cara para enfrentar combates que exigem moral elevado. E ainda mais, perderam a legitimidade, não têm mais contato com a realidade das fábricas e lojas, não representam mais ninguém, e ninguém mais os aceita como representantes.
Esse processo aconteceu com todo o esquema petista, desde a CUT ao MST, e com seus associados, como a Força Sindical e outros, todos cooptados, todos comprados, todos amarrados. Está tudo dominado. Lula controla os pelegos pelo bridão.
Mas, se está tudo dominado, é pra ficar quieto, não protestar, não reclamar de nada, está tudo dominado, mas pra aplaudir, pra puxar o saco.
Como é que essa gente pensa que os outros são tão otários que ainda acredite neles? É que perderam a noção da realidade, vivem no mundo dos sonhos, na beleza da propaganda que criaram para enganar o povo e com a qual se enganam a si próprios.
Estão bem acostumados ao bem bom, às mordomias, ao champanhe e chocolate. Agora, para agitar bandeiras, pagam 50 pilas a cada jovem desempregado que queira agarrar o bico. Gente como Salvatti e Hoffman, ou a própria Dilma, que antes acordava de madrugada para fazer agitação e terrorismo, não pode mais se dignar a sair às ruas para protestar contra elas mesmas. Então, acostumados ao serviço burocrático, os pelegos organizam umas passeatazinhas bem arrumadinhas, bem burocráticas, começando às nove horas, é claro, com todo cuidado pra não desarrumar nada, não quebrar nada, não prejudicar ninguém, não ofender ninguém, afinal, pelego não pode atacar patrão.
Lula pensa que ainda está no aerolula e mandou as massas irem para as ruas. Que massas? As massas agora estão aburguesadas, acomodadas, aconchegadas nos ninhos do poder e das barganhas. Mas Lula teve o cuidado de não aparecer, de não dar as caras, nem ele, nem o PT. A CUT saiu meio escondida, vergonhada do vexame. Puseram o Paulinho da Força como boi de piranha, para ver que bicho ia dar. Fiasco completo.

Pois foi assim que os pelegos foram às ruas. Que papelão!

30 de junho de 2013

O Brasil em ebulição.

           No Egito não tem Rede Globo, mas teve Primavera Árabe. Na Líbia não tem Veja, mas derrubaram o Kadafi. Na Turquia não tem Folha, mas tem manifestação popular. No Brasil tem Rede Globo, Veja, Folha e Estadão, ainda assim, tem manifestação popular. Qual é o elo comum? Internet, a tecnologia do Conhecimento e da Informação, que permite a todos, em toda parte, adquirir conhecimento e obter informação.

Hoje em dia não tem mais bobo influenciado e dominado pela mídia, pelos donos de partidos, sindicatos, associações e ONGs. Agora, todo mundo busca o conhecimento que quer e troca as informações dos fatos do momento. Acabou a enganação, mistificação, empulhação. Os donos dos currais eleitorais, os coronéis do interior, os caudilhos, foram extintos pelo surgimento da mídia eletrônica.
Agora, temos Internet, Google, Gmail, Facebook e todos os demais instrumentos digitais que suplantam e derrotam o poder da mídia tradicional e dos donos das organizações sociais dominadas por partidos ideológicos.
       Agora é a vez do pragmatismo difuso, variado, diversificado, individualizado. Cada um é dono de si mesmo, ninguém é mais subjugado por quem quer que seja.    
      Direita e esquerda, essa paranoia fora de tempo e espaço, herança anacrônica da Guerra-fria deixaram de ter significado e de ocupar corações e almas das novas gerações ligadas agora em temas mais reais, mais concretos, extraídos da experiência de cada dia:
·         da constatação da corrupção escancarada,
·         da vergonha da péssima educação,
·         do abjeto descaso com a saúde pública,
·         da mortandade decorrente da falta de segurança,
·         do distanciamento dos políticos de seus eleitores,
·         da arrogância da base aliada elegendo Renan, mesmo em desfio à opinião pública, manifesta em 1,5 milhões de assinaturas contra essa candidatura,
·         da afronta à sociedade pela posse na Câmara de Deputados de dois condenados pelo STF no julgamento do Mensalão,
·         da quase metade do ministério de Dilma demitido por corrupção até que Lula mandasse blindar o restante, assim como mandou blindar Delta e Cavendish na CPI do Cachoeira,
·         de Lula pedir desculpas pelo Mensalão, dizer que de nada sabia e nada fazer para coibir a prática e isolar os culpados do convívio com o poder,
·         do assassinato de Celso Daniel por causa da coleta do lixo superfaturada...
A lista é muito grande, e cada um desses fatos cria revolta, descontentamento, indignação.
Enquanto a nababesca propaganda oficial (publicada no PIG), onde tudo está às mil maravilhas, consegue iludir parte do povo, as notícias correm à velocidade da luz via Internet, e todo mundo fica sabendo de tudo, se informando de tudo, ainda mais com a vigência da Lei da Transparência mostrando as falcatruas, os desmandos, os supermegafaturamentos da transposição do São Francisco, das obras da Copa e de tudo o mais que o governo, em todos os níveis, atocha no antro do povo.
De repente, o afilhado do Maluf, acha que pode retribuir o caixa dois e aumenta a tarifa dos ônibus.
É a gota d'água.
A panela explode, o povo vai às ruas, as manifestações se espalham por todo o país.

E agora, José?

27 de junho de 2013

A representatividade atual dos partidos políticos

Na origem da Democracia, na pólis grega, os cidadãos se reuniam na Ágora e ali decidiam em debates e votações universais nos quais cada cidadão tinha direito a voz e voto. Até a poucos anos, esse tipo de democracia só era possível em pequenas comunidades, como alguns cantões suíços.
A representação política surgiu, e assim ocorre ainda hoje, em países com vastas extensões territoriais, devido à dificuldade de todos os cidadãos se deslocarem para os centros burocráticos onde se tomam decisões. Então, cidadãos de pequenas comunidades, regiões ou províncias, elegem representantes que os representam nos centros de decisão política.
Os partidos políticos originais eram aglomerados de ricos e poderosos que se reuniam em grupos específicos para melhor protegerem seus interesses. Posteriormente, partidos políticos de massa foram criados para melhor arregimentar prosélitos e propagar ideologias, geralmente socialistas e comunistas, ou que assim se denominavam, como o partido fascista e o nazista, em contraposição às agremiações burguesas.
Desde suas origens, portanto, partidos políticos sempre retiraram poder do cidadão comum em favor dos donos dos partidos. Ainda hoje, inclusive no Brasil, os partidos são instrumentos de seus respectivos donos. Cada partido possui um mandachuva ou pequeníssimo grupo deles que dominam a agremiação com mãos de ferro, tanto em nível nacional como regional. Exemplos marcantes são os partidos do Lula, do Maluf, do FHC, do ACM, do Jader Barbalho, e tantos outros, cada qual com seu mandão, chefe ou chefete. O perigo das lideranças populares no Brasil e na América do Sul tem sido e ainda é o caudilhismo messiânico que conduz a regime autoritário ou à corrupção generalizada, ou a ambos.
Como se vê, antes de serem instrumento democrático, os partidos são meios de dominação. No mundo de hoje, na sociedade globalizada do Conhecimento e da
Informação em que vivemos, praticamente, a totalidade dos cidadãos se reúne na nova Ágora chamada Internet. Todos se comunicam com todos, mas todos podem decidir individualmente, cada um por si, formando grandes e pequenos consensos setoriais diversificados, como diversificados são os interesses, os sentimentos e as vontades.
Este é um momento de gestação da nova democracia, ainda informe, ainda incerta, ainda tropeçante, mas certamente um novo caminho que se abre para a libertação de cada cidadão, por conseguinte, de todo o povo. Neste mundo novo da nova democracia, o papel dos partidos será muito restrito.
Na realidade, numa pequena comunidade, onde todos se conhecem, estão próximos e podem se reunir em algum lugar público, com verdadeiro espírito republicano, a democracia pode ser direta, dispensando representantes, porque cada cidadão é o líder de si próprio. Na Grécia antiga esse lugar era a Ágora. No Brasil, e no Mundo globalizado de hoje, a Ágora é a Internet, o e-Mail, o Facebook.
É esse novo estado de coisas que se reflete no comportamento dos manifestantes que estão inundando as ruas com suas reclamações e protestos, reivindicando seus diversificados interesses. É por isso que não precisamos mais de partidos, nem de representantes, nem de líderes, porque somos os líderes de nós mesmos.
Talvez, nem toda a população brasileira esteja apta a exercer esse novo e mais completo tipo de cidadania, por causa do analfabetismo funcional ou por falta de acesso à nova tecnologia. Mas temos que refletir sobre isto, porque esta é a grande oportunidade de estabelecer a verdadeira Democracia, uma democracia direta, exercida por pessoas conscientes e informadas.
Vamos erigir a nossa nova Ágora, moderna, dinâmica, republicana e democrática.
A nova Ágora é a Internet.

8 de junho de 2013

Uma estratégia para Tapajós e Carajás


As ações em prol da criação do Estado do Tapajós e outras novas unidades federativas devem se ramificar da seguinte forma:
1)   Ação de planejamento estratégico centralizado abrangendo todos os aspectos da imensa tarefa da criação dos estados do Tapajós, Carajás, Xingu, Trombetas e Marajó, no estado do Pará, e demais subdivisões nos territórios do Amazonas, Mato Groso e outros;
2)   Ação educativa para formação de quadros profissionalizados aptos a desenvolver, coordenar e apoiar as demais ações;
3)   Ação política parlamentar por nossas representações regularmente eleitas e por aliados no Congresso;
4)   Ação de ampliação das representações políticas e alianças em futuras eleições;
5)   Ação popular de coleta de assinaturas nos PLIPs (Projeto de Lei de Iniciativa Popular) em curso, que resultarão em ações no Congresso Nacional;
6)   Ação administrativa das prefeituras aliadas, principalmente as de Marabá e Santarém, a pretexto e em paralelo com o incentivo ao turismo e outras indústrias, arrecadar fundos, consolidar a vontade política e popular nas respectivas áreas, e atrair a região do Xingu;
7)   Ação arrecadadora junto a possíveis grandes patrocinadores como Vale e outras grandes empresas;
8)   Ação educativa sutil (quase subliminar), mas intensa e sentimental, dos benefícios da criação de novas unidades federativas, junto às populações de todo o país, adaptada para cada região;
9)   Ação de lobby junto aos meios políticos de todo o país, no mesmo sentido;
10)               Ação profissionalizada de vigorosa e provocativa agitação e propaganda, a exemplo do Greenpeace e do MST, desenvolvida em todo o país, no sentido de mostrar à nação nosso forte propósito de criar novos entes federativos, manter a atenção da mídia e a população em geral para os problemas atuais e benefícios propostos. Será a visibilidade dessa AgitProp que motivará simpatizantes a aderir à causa e impulsionará as demais ações.

4 de junho de 2013

Aos oitenta e dois



Ao despertar, nesta manhã chuvosa de quatro de junho de dois mil e treze, a noção de que estou hoje completando oitenta e dois anos de vida me trouxe à lembrança as imagens de pessoas de máxima importância em minha insignificante existência.

Em primeiro lugar, meu pensamento se volta para alguém que compartilha comigo mais de sessenta anos de amor e dedicação, minha amada esposa Nancy, cuja afeição me é indispensável como o ar que respiro.

Em seguida, reverencio a memória dos que não pertencem mais a este mundo, de início, as fotografias dos avôs que não tive a felicidade de conhecer: Beatriz e Pedro (maternos), Mariquinha e Gonçalo (paternos).

E prossigo com as pranteadas saudades de meu pai e minha mãe, Mário e Beatriz, tão cheios de sabedoria e tão amados, cujas recordações são tão constantes em meu cotidiano.

Também, as lembranças saudosas de meus tios Umberto e Mimi, dos amados irmãos Mário e João, dos primos José e Gersonita (a bondade em pessoa, e seu gentil esposo, Carneirinho), dos sobrinhos Mario Hernesto (filho de Nely) e Alberto (filho de João), e junto com eles, as imagens de minha sogra Marcolina, e suas filhas Didiaida, Dulce, Edith, Jeny e Zilah, da cunhada Arlete (Pedro Paulo), todas mulheres de grande caráter e incrível capacidade de amar, dos cunhados Ubaldo e Alfredo, e de Alda Maria (mãe de Leonora, avó de Elisa) que pertenceu a um momento de minha vida.

Então, desfilam, lindas, graciosas e gentis, minhas filhas muito amadas: Leonora, Bia, Cris, Valéria, Lucinha, Karla e Andrea, cada uma com sua personalidade e seu jeito particular de amar a si próprias e à Humanidade. Elas precedem cronologicamente, mas não sentimentalmente, ao único filho varão: Junior. A todos, o meu amor paternal, por todos, o meu orgulho por serem todos dignos em caráter e conduta.

Agora, me lembro com muito carinho de cada um dos netos: Allan, André, Daniel, Fernando, Ícaro, Ivo e Lucas.

Mas meu coração se enternece de fato com a beleza, elegância, gentileza e, principalmente, o carinho das netas Bianca, Clara, Elisa, Estela, Jaqueline, Juliana, Luciana e Ximene.

E que bisavô não estremece e se derrete à lembrança de bisnetos, como os que tenho: Theo e Vitor.

Além das sete filhas e um filho, e das oito netas e sete netos naturais, a vida me deu muitos filhos, filhas, netos e netas por afinidade, a alguns dos quais dedico grande afeto e admiração e, por todos, respeito e consideração, mesmo quando já não sejam cônjuges de meu filho ou das filhas, netos e netas, mesmo porque alguns deles sempre serão pais e mães de meus netos e bisnetos: Alan (pai de Theo), Ana Tereza, André (pai de Vitor), Azuil (pai de Daniel e Jaqueline, avô de Vitor), Bárbara, o especialíssimo Beto (pai de Luciana e Bianca, avô de Theo), Carsten (pai de Fernando e Estela), Celso (pai de Elisa), Clayton, Débora, o gentleman Eduardo, Giovani, Guillermo, Luiz Carlos (pai de André), Márcio, Marcos, René, Ricardo (pai de Ìcaro, Ivo e Clara), Roberta (mãe de Allan e Ximene), Rubens (pai de Lucas) e Ugo.

Agora, meu pensamento se volta para meus irmãos e irmãs, e seus cônjuges, todos muito queridos: Nely, Eunice, Antônio Fernando e sua ex Lucena e a atual Diê, Pedro Paulo e Suzely, José Luiz e Izabel, Miguel Agostinho e suas ex Chuca, Lena e Cristina, e a atual Helena, nossa eterna caçulinha Maria Avelina e Vanilson, e o caçula de fato Ney Floriano e Maria Clara.

Meus irmãos e irmãs geraram grande prole e agora meu pensamento percorre esse extenso rol de pessoas lindas e gentis. Como o número é grande, recolho a lembrança da atenção especial que alguns deles dedicam a mim e a Nancy: A doce Maria Elisa (filha de Eunice) que me prestou grande assistência quando estive hospitalizado, Clara Beatriz, Gigi e Mario (prestativos e gentis filhos de Ney), e Andréa (filha de Miguel) em nome dos quais envio meu carinho a todos os demais.

Por fim, uma mulher admirável me chega à lembrança, minha cunhada muito querida e muito respeitada, Mariinha, como a ela me refiro carinhosamente, Maria Luiza, mãe, avó e bisavó de pessoas muito especiais e de almas muito lindas como a dessa reverenciada matriarca.

São essas pessoas, às quais estou ligado por parentesco, e os amigos que a vida me proporcionou, que me fazem a alegria de viver, são elas a recompensa do simples fato de existir.

3 de junho de 2013

De Cabral a Dilma



Quando alguém diz “nunca na história deste país” para enaltecer suas realizações - algumas até importantes - está esquecendo inumeráveis fatos históricos e feitos heroicos de nossos antepassados. Como veremos, o Brasil não começou com Lula.
 
Imaginemos, para citar alguns poucos exemplos: 
1) Se a União Ibérica não tivesse tornado inútil o Tratado de Tordesilhas, e se Manuel Preto, Raposo Tavares, Anhanguera, Fernão Dias, Borba Gato e outros bandeirantes não tivessem avançado até os confins do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso e do Amazonas; 
2) Se o Reino de Portugal não fosse restaurado por Afonso VI e não recuperasse a produção de açúcar do Nordeste, então dominada pelos holandeses; 
3) Se o Marques de Pombal não fosse inimigo dos Jesuítas, ordenando a retirada destes do Brasil, o que resultou no fim das Missões, e não tivesse nomeado seu expedito e inovador meio-irmão, Mendonça Furtado, Governador do Estado do Brasil, primeiro e, depois, do Estado do Maranhão e Grão Pará, que fortificou e onde consolidou o lusitanismo; 
4) Se Napoleão não tivesse invadido Portugal, com a consequente vinda da Família Real e elevação do Brasil a reino; 
5) Se a visão geopolítica de Carlota Joaquina, João VI, José Bonifácio e do próprio Pedro I não criasse a noção de um Brasil país continental, estendendo-se das Guianas ao Prata, e do Atlântico até, se possível, ao Pacífico, semente da integração nacional, que se consolidou, logo após a Independência, com a unificação em um só Império dos antigos e apartados Estados coloniais do Brasil e do Grão Pará; 
6) Se o recém nascido nacionalismo brasileiro, junto com mercenários britânicos, não enfrentasse e expulsasse o exercito português da Bahia e outros lugares; 6) Se garimpeiros, criadores de gado e seringalistas não se embrenhassem pelos grandes sertões, veredas, pantanais e florestas até os confins do Acre, ocupando economicamente todo o atual território brasileiro; 
7) Se duas Grandes Guerras não gerassem escassez de produtos importados, criando incipiente indústria nacional; 
8) Se Juscelino não tivesse promovido a interiorização do Brasil, com a construção de Brasília e estradas que a unissem a todos os quadrantes do país, e não tivesse promovido grande expansão industrial; 
9) Se Roberto Campos não tivesse influenciado a criação da Fundação Getúlio Vargas, fonte de administradores públicos e privados de primeira linha, e se o Governo Militar não tivesse criado a Embrapa, fonte de inovação tecnológica no agronegócio; 
10) Se o fracasso das sucessivas aventuras econômicas heterodoxas dos governos Sarney e Collor não tivessem comprovado definitivamente que política macroeconômica eficaz é ortodoxa e segue o Consenso de Washington.


Se tudo isto não tivesse acontecido, o Brasil simplesmente não existiria e seu território estaria dividido em tantos ou mais países quantos os que foram criados na América do Sul espanhola.


Se tudo isto não tivesse acontecido, o Brasil não seria a potência agropecuarista que é.


Se tudo isto não tivesse acontecido, a base da consistência macroeconômica, criada por Fernando Henrique e Pedro Malan, e continuada por Palocci, não permitiria ao governo Lula realizar tudo o que realizou e que o governo Dilma não pode dar continuidade por que: 
1) Lula deixou enorme passivo de corrupção e obras não concluídas ou não começadas; 
2) Mantega odeia a ortodoxia econômica e fica criando experimentos, tentando manter o crescimento com incentivos ao consumo com dinheiro que retira de estados e municípios - os quais se veem impossibilitados de cumprir compromissos constitucionais na educação, saúde e segurança - ao invés de assegurar o valor de compra da moeda nacional mantendo a responsabilidade fiscal, e de impulsionar a poupança, o investimento reprodutivo, a inovação tecnológica e de processos tanto no serviço público quanto na indústria.


O que estamos assistindo é o desmoronamento dos pilares da estabilidade econômica sobre a qual se assenta a possibilidade de desenvolvimento.