Os sindicatos de
trabalhadores sempre tiveram o vezo de utilizar ideário e linguagem
antipatronal e anticapitalista, para atrair associados em numero suficiente a
legitimar e dar prestígio a seus líderes. Mas estes logo se enriquecem
entregando seus liderados à sanha dos patrões. São os pelegos, expressão gaúcha
- derivada do pelo de carneiro que peões colocam sobre a sela para amaciar a andadura
do cavalo – usada nos tempos de Getúlio Vargas para designar sindicalistas
vendidos ao governo e ao patronato.
Os sindicatos de
metalúrgicos do ABC Paulista, e seus líderes, entre os quais Lula, escreveram
belas páginas de lutas em defesa dos interesses dos trabalhadores. Mas logo que
se firmaram como porta-vozes da classe, os líderes abandonaram o foco
sindicalista pelas conquistas políticas e a ambição de poder. Então, fundaram o
PT e lançaram candidato a presidente: Lula.
A três derrotas consecutivas de Lula serviram
de escola para os caminhos tortuosos da política. Lula logo percebeu que sem
dinheiro nunca se elegeria. Então, iniciou o processo sistemático de arrecadação
sub-reptícia, o caixa dois, não declarado à Justiça Eleitoral, constituído de
dinheiro obtido ilegalmente por prefeitos eleitos pelo PT, através de
superfaturamento dos contratos com empresas de ônibus, de coleta de lixo e
outras empreiteiras. Algumas dessas operações ilícitas vieram à tona, entre
elas a do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado por não concordar com
que o dinheiro roubado do povo e destinado ao PT enchesse os bolsos de seus
auxiliares mais diretos.
À medida que os
quadros sindicalistas se transformavam em correligionários do PT, se elegiam
vereadores, deputados, prefeitos e senadores, e preenchiam os cargos de
confiança criados aos montes, não somente foram se enriquecendo, como foram se
adaptando ao conforto e ao bem viver que o dinheiro proporciona.
Quando Lula,
finalmente com as burras do caixa dois cheias de ouro, teve dinheiro suficiente
para contratar marqueteiros de primeira linha, alimentar a enxurrada publicitária,
e se eleger presidente, os esquemas municipais se transformaram no fenomenal
esquema de corrupção e aparelhamento do Estado que, estarrecidos, estamos desvelando.
Mas então,
aqueles quadros sindicalistas, cheios de idealismo, vontade e vigor para lutar
pelas belas causas originais, estão agora amortecidos pelo ócio, pelo interesse
monetário, pelo atrelamento político, verdadeiros gatos gordos acostumados ao
calor e conforto do sofá, do qual não querem sair.
Pior do que isto,
esses quadros estão desmoralizados pelos escândalos do dinheiro nas meias,
malas e cuecas, não têm cara para enfrentar combates que exigem moral elevado.
E ainda mais, perderam a legitimidade, não têm mais contato com a realidade das
fábricas e lojas, não representam mais ninguém, e ninguém mais os aceita como representantes.
Esse processo
aconteceu com todo o esquema petista, desde a CUT ao MST, e com seus associados,
como a Força Sindical e outros, todos cooptados, todos comprados, todos
amarrados. Está tudo dominado. Lula controla os pelegos pelo bridão.
Mas, se está tudo
dominado, é pra ficar quieto, não protestar, não reclamar de nada, está tudo
dominado, mas pra aplaudir, pra puxar o saco.
Como é que essa
gente pensa que os outros são tão otários que ainda acredite neles? É que
perderam a noção da realidade, vivem no mundo dos sonhos, na beleza da
propaganda que criaram para enganar o povo e com a qual se enganam a si próprios.
Estão bem
acostumados ao bem bom, às mordomias, ao champanhe e chocolate. Agora, para
agitar bandeiras, pagam 50 pilas a cada jovem desempregado que queira agarrar o
bico. Gente como Salvatti e Hoffman, ou a própria Dilma, que antes acordava de
madrugada para fazer agitação e terrorismo, não pode mais se dignar a sair às
ruas para protestar contra elas mesmas. Então, acostumados ao serviço
burocrático, os pelegos organizam umas passeatazinhas bem arrumadinhas, bem
burocráticas, começando às nove horas, é claro, com todo cuidado pra não desarrumar
nada, não quebrar nada, não prejudicar ninguém, não ofender ninguém, afinal,
pelego não pode atacar patrão.
Lula pensa que ainda
está no aerolula e mandou as massas irem para as ruas. Que massas? As massas
agora estão aburguesadas, acomodadas, aconchegadas nos ninhos do poder e das
barganhas. Mas Lula teve o cuidado de não aparecer, de não dar as caras, nem
ele, nem o PT. A CUT saiu meio escondida, vergonhada do vexame. Puseram o
Paulinho da Força como boi de piranha, para ver que bicho ia dar. Fiasco
completo.
Pois foi assim
que os pelegos foram às ruas. Que papelão!
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