Quando alguém diz “nunca na história deste país” para enaltecer suas realizações - algumas até importantes - está esquecendo inumeráveis fatos históricos e feitos heroicos de nossos antepassados. Como veremos, o Brasil não começou com Lula.
Imaginemos, para citar alguns poucos exemplos:
1) Se a União
Ibérica não tivesse tornado inútil o Tratado de Tordesilhas, e se Manuel Preto,
Raposo Tavares, Anhanguera, Fernão Dias, Borba Gato e outros bandeirantes não
tivessem avançado até os confins do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso e do Amazonas;
2) Se o Reino de Portugal não fosse restaurado por Afonso VI e não recuperasse
a produção de açúcar do Nordeste, então dominada pelos holandeses;
3) Se o
Marques de Pombal não fosse inimigo dos Jesuítas, ordenando a retirada destes do
Brasil, o que resultou no fim das Missões, e não tivesse nomeado seu expedito e
inovador meio-irmão, Mendonça Furtado, Governador do Estado do Brasil, primeiro
e, depois, do Estado do Maranhão e Grão Pará, que fortificou e onde consolidou o
lusitanismo;
4) Se Napoleão não tivesse invadido Portugal, com a consequente vinda
da Família Real e elevação do Brasil a reino;
5) Se a visão geopolítica de Carlota
Joaquina, João VI, José Bonifácio e do próprio Pedro I não criasse a noção de um
Brasil país continental, estendendo-se das Guianas ao Prata, e do Atlântico até,
se possível, ao Pacífico, semente da integração nacional, que se consolidou,
logo após a Independência, com a unificação em um só Império dos antigos e
apartados Estados coloniais do Brasil e do Grão Pará;
6) Se o recém nascido nacionalismo
brasileiro, junto com mercenários britânicos, não enfrentasse e expulsasse o
exercito português da Bahia e outros lugares; 6) Se garimpeiros, criadores de
gado e seringalistas não se embrenhassem pelos grandes sertões, veredas, pantanais
e florestas até os confins do Acre, ocupando economicamente todo o atual território
brasileiro;
7) Se duas Grandes Guerras não gerassem escassez de produtos importados,
criando incipiente indústria nacional;
8) Se Juscelino não tivesse promovido a interiorização
do Brasil, com a construção de Brasília e estradas que a unissem a todos os quadrantes
do país, e não tivesse promovido grande expansão industrial;
9) Se Roberto
Campos não tivesse influenciado a criação da Fundação Getúlio Vargas, fonte de
administradores públicos e privados de primeira linha, e se o Governo Militar
não tivesse criado a Embrapa, fonte de inovação tecnológica no agronegócio;
10)
Se o fracasso das sucessivas aventuras econômicas heterodoxas dos governos
Sarney e Collor não tivessem comprovado definitivamente que política
macroeconômica eficaz é ortodoxa e segue o Consenso de Washington.
Se tudo isto não tivesse acontecido, o Brasil simplesmente
não existiria e seu território estaria dividido em tantos ou mais países
quantos os que foram criados na América do Sul espanhola.
Se tudo isto não tivesse acontecido, o Brasil não seria a
potência agropecuarista que é.
Se tudo isto não tivesse acontecido, a base da consistência
macroeconômica, criada por Fernando Henrique e Pedro Malan, e continuada por
Palocci, não permitiria ao governo Lula realizar tudo o que realizou e que o
governo Dilma não pode dar continuidade por que:
1) Lula deixou enorme passivo
de corrupção e obras não concluídas ou não começadas;
2) Mantega odeia a
ortodoxia econômica e fica criando experimentos, tentando manter o crescimento com
incentivos ao consumo com dinheiro que retira de estados e municípios - os
quais se veem impossibilitados de cumprir compromissos constitucionais na
educação, saúde e segurança - ao invés de assegurar o valor de compra da moeda
nacional mantendo a responsabilidade fiscal, e de impulsionar a poupança, o
investimento reprodutivo, a inovação tecnológica e de processos tanto no
serviço público quanto na indústria.
O que estamos assistindo é o desmoronamento dos pilares da
estabilidade econômica sobre a qual se assenta a possibilidade de
desenvolvimento.
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