3 de junho de 2013

De Cabral a Dilma



Quando alguém diz “nunca na história deste país” para enaltecer suas realizações - algumas até importantes - está esquecendo inumeráveis fatos históricos e feitos heroicos de nossos antepassados. Como veremos, o Brasil não começou com Lula.
 
Imaginemos, para citar alguns poucos exemplos: 
1) Se a União Ibérica não tivesse tornado inútil o Tratado de Tordesilhas, e se Manuel Preto, Raposo Tavares, Anhanguera, Fernão Dias, Borba Gato e outros bandeirantes não tivessem avançado até os confins do Rio Grande do Sul, do Mato Grosso e do Amazonas; 
2) Se o Reino de Portugal não fosse restaurado por Afonso VI e não recuperasse a produção de açúcar do Nordeste, então dominada pelos holandeses; 
3) Se o Marques de Pombal não fosse inimigo dos Jesuítas, ordenando a retirada destes do Brasil, o que resultou no fim das Missões, e não tivesse nomeado seu expedito e inovador meio-irmão, Mendonça Furtado, Governador do Estado do Brasil, primeiro e, depois, do Estado do Maranhão e Grão Pará, que fortificou e onde consolidou o lusitanismo; 
4) Se Napoleão não tivesse invadido Portugal, com a consequente vinda da Família Real e elevação do Brasil a reino; 
5) Se a visão geopolítica de Carlota Joaquina, João VI, José Bonifácio e do próprio Pedro I não criasse a noção de um Brasil país continental, estendendo-se das Guianas ao Prata, e do Atlântico até, se possível, ao Pacífico, semente da integração nacional, que se consolidou, logo após a Independência, com a unificação em um só Império dos antigos e apartados Estados coloniais do Brasil e do Grão Pará; 
6) Se o recém nascido nacionalismo brasileiro, junto com mercenários britânicos, não enfrentasse e expulsasse o exercito português da Bahia e outros lugares; 6) Se garimpeiros, criadores de gado e seringalistas não se embrenhassem pelos grandes sertões, veredas, pantanais e florestas até os confins do Acre, ocupando economicamente todo o atual território brasileiro; 
7) Se duas Grandes Guerras não gerassem escassez de produtos importados, criando incipiente indústria nacional; 
8) Se Juscelino não tivesse promovido a interiorização do Brasil, com a construção de Brasília e estradas que a unissem a todos os quadrantes do país, e não tivesse promovido grande expansão industrial; 
9) Se Roberto Campos não tivesse influenciado a criação da Fundação Getúlio Vargas, fonte de administradores públicos e privados de primeira linha, e se o Governo Militar não tivesse criado a Embrapa, fonte de inovação tecnológica no agronegócio; 
10) Se o fracasso das sucessivas aventuras econômicas heterodoxas dos governos Sarney e Collor não tivessem comprovado definitivamente que política macroeconômica eficaz é ortodoxa e segue o Consenso de Washington.


Se tudo isto não tivesse acontecido, o Brasil simplesmente não existiria e seu território estaria dividido em tantos ou mais países quantos os que foram criados na América do Sul espanhola.


Se tudo isto não tivesse acontecido, o Brasil não seria a potência agropecuarista que é.


Se tudo isto não tivesse acontecido, a base da consistência macroeconômica, criada por Fernando Henrique e Pedro Malan, e continuada por Palocci, não permitiria ao governo Lula realizar tudo o que realizou e que o governo Dilma não pode dar continuidade por que: 
1) Lula deixou enorme passivo de corrupção e obras não concluídas ou não começadas; 
2) Mantega odeia a ortodoxia econômica e fica criando experimentos, tentando manter o crescimento com incentivos ao consumo com dinheiro que retira de estados e municípios - os quais se veem impossibilitados de cumprir compromissos constitucionais na educação, saúde e segurança - ao invés de assegurar o valor de compra da moeda nacional mantendo a responsabilidade fiscal, e de impulsionar a poupança, o investimento reprodutivo, a inovação tecnológica e de processos tanto no serviço público quanto na indústria.


O que estamos assistindo é o desmoronamento dos pilares da estabilidade econômica sobre a qual se assenta a possibilidade de desenvolvimento.

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