Tapajós
e Carajás, a Decisão Suprema
A
cúpula do movimento pela emancipação do Carajás apostou forte em uma decisão favorável
do Supremo Tribunal Federal na questão sobre o significado da expressão
“população diretamente interessada”. Falou-se em setecentos mil reais de
honorários ao escritório de advocacia contratado para defender Carajás como
parte interessada, e mais dois milhões em caso de sucesso. Aposta alta. Os
líderes econômicos do Carajás estavam realmente interessados na questão. Queriam
apostar no certo, restringir o pleito ao eleitorado plenamente favorável,
isolar completamente os contrários.
A
postura das lideranças do Tapajós, diferentemente, indicou sempre o caminho da
luta geral, da necessidade da vitória cabal, indiscutível, que encaminhasse as
decisões posteriores, no âmbito da Assembleia Legislativa e do Congresso
Nacional, sobre o pedestal da irrecusável voz das urnas, da manifestação direta
do povo.
Os
fundamentos jurídicos eram fortes e decisões anteriores, quando da criação de
novos municípios em todo o país, apontavam para que a definição do STF restringisse
o âmbito do plebiscito, que decidirá a criação de novos estados no atual
território do Pará, aos eleitorados do Tapajós e do Carajás. Não foi esta a
decisão do Supremo. O Pará inteiro decidirá esta importante questão.
No
meu entender, decisão infeliz. Se todos os casos de emancipação de municípios
obedeciam aquela regra, porque alterar o que funciona por inovação
complicadora? Mas a regra do jogo maior é ser, a decisão do Supremo,
definitiva. Portanto só nos cabe obedecer.
Obedecer
e trabalhar. Trabalhar muito porque, se os eleitorados do Tapajós e Carajás
contribuírem com setenta por cento ou mais de votos válidos SIM, isto será
apenas pequena fração do eleitorado geral do estado inteiro, com forte
concentração de votos NÃO na região metropolitana de Belém, onde a mídia e
políticos de peso contrários à emancipação contam com importantíssima força e
parcialidade do governo estadual.
Por
isso mesmo, sem deixar esmorecer o fervoroso ardor da fé das populações do
Tapajós e Carajás na emancipação de seus estados, é absolutamente necessário o
desdobramento da campanha pelo SIM nos eleitorados da região metropolitana de
Belém e todo o Pará remanescente.
Isto
não é tarefa fácil. Tem que haver urgente preparação e multiplicação de
agitadores e propagandistas políticos em número suficiente para cobrir toda
aquela região em ações diversificadas de informação e contrainformação, de
propaganda e contrapropaganda. Tudo isto em volume e intensidade suficientes
para suplantar as ações da grande mídia e do governo estadual.
Cálculos
sobre dados da pesquisa do Vox Populi de dois meses atrás indicavam a
necessidade de obter quarenta e cinco por cento de votos válidos SIM na área do
Pará remanescente. Não temos dados recentes. Portanto, estamos às escuras. E
aqui vai uma doce reclamação ao Hélvio Arruda que prometeu me manter informado
das pesquisas realizadas pela UNAMA e FIT. De qualquer forma, a tarefa é
enorme. Grande, mas não impossível. Se o poder político-econômico do Carajás, o
know-how do Duda Mendonça e a secular tradição de luta do Tapajós se unirem de
forma coesa e objetiva, a luta será ganha.
No
entanto, não podemos perder de vista nosso alvo: 45 % de SIM no Pará
remanescente.
Ali
será travada a batalha final. Ali será selado nosso destino. Ali seremos
emancipados. Ali teremos a vitória, a voz do povo, a Decisão Suprema.
2 comentários:
Pois então... se como antigamente, recentemente teriamos também a separação da República dos Pampas no RGS, Campinas em SP, Ribeirão Preto em SP. Daqui a pouco, cada povinho regional vai querer ter su próprio estado. E de que bolso isso vai sair?
Cada "povinho" é constituído de cidadãos como os mesmos direitos e deveres, com a mesma dignidade que eu e você.
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