23 de setembro de 2011


A falência pré-natal do Grão Pará

Toda a argumentação contra a criação dos estados do Tapajós e Carajás é, na realidade, a mais absoluta comprovação da falência do Grão Pará, cujos governos, inclusive o de Mendonça Furtado, que, apesar de alguns se terem mostrado competentes, têm sido e continuam sendo, todos eles, incapazes de administrar esta enormidade do tamanho de três Alemanhas.
As partes que aproximadamente foram o que é hoje o território nacional, por certo período colonial constituíram dois estados, o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão e Grão Pará, dois territórios, cada um por si, de dimensões continentais, com enormes dificuldades de circulação e comunicação, o que os tornava impossíveis de gerenciar e, por isso mesmo, tiveram de ser sucessivamente desmembrados. O Brasil de hoje é uma república federativa exatamente porque seria impraticável como república unitária. Aliás, desde as sesmarias que se reconhece a necessidade da distribuição de competências administrativas pelo território nacional.
O que já se intitulou Estado do Maranhão e Grão Pará, e se estendia do Piauí ao Rio Negro, constitui hoje oito unidades federativas: Piauí, Maranhão, Pará, Amapá, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia. É território que cobre quase toda a Amazônia e um pedaço do Nordeste. Pois bem, a cada desmembramento, consistentemente, apesar de insuficiente, houve substantivo ganho no desenvolvimento de toda essa região.
Temos falado muito do desenvolvimento dos estados que surgiram de desmembramentos, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiá e Tocantins. Esse desmembramento nos faz recordar o que aconteceu anteriormente com Goiás, cujo território foi primeiramente repartido para criação do Distrito Federal, de Brasília, capital desta nação. Quem viveu aquela época sabe muito bem o quanto se falou contra Juscelino e sua mirabolante capital. Havia argumentos contrários de toda sorte, de desorganização administrativa e, principalmente, os econômicos e seus altos dispêndios.
De fato, Brasília custou muito ao povo brasileiro, ainda hoje pagamos alguns resíduos desse monumental investimento, a inflação que desconhecíamos se tornou aflição do cotidiano. No entanto, o Brasil da orla marítima, que pretendia imitar a Europa, foi obrigado a se voltar para si mesmo, o brasileiro teve que pensar sua nação como Brasil, país continental, e não como reflexo em espelho barato de Londres ou Paris.
Ninguém, nos dias atuais, coloca em dúvida que grande parte do desenvolvimento nacional, que nos conduziu à potência que hoje somos, a sétima economia do Planeta, com pretensões de se tornar a quinta, se deve exatamente a essa mudança de foco, o país olhando para seu interior, crescendo para o interior, desenvolvendo o interior.
Não se trata apenas de mudança administrativa. É mudança de conceito, mudança de foco, mudança de postura, mudança psicológica, mudança moral. Este é o caso do Tapajós e do Carajás. O Tríplice Pará vai olhar para si mesmo, enxergar seu interior, e promover fabuloso desenvolvimento econômico, social e cultural.
E essa mudança ocorre simultaneamente com o reposicionamento do povo brasileiro com relação ao grau de tolerância à corrupção, que é acompanhado nos tribunais e na legislação, o que nos faz crer que governos do Tríplice Pará serão menos corruptos e mais eficazes.
Este é o momento de, novamente, racionalizar e distribuir a administração desse vasto império que ainda constitui o Pará. Criaremos, agora, Carajás e Tapajós. Mas não vamos parar por aí. A Amazônia é grande demais e ainda há muito a fazer.
Para que essa fundamental mudança ocorra é absolutamente necessário que paraenses de todos os matizes ideológicos, paraenses de todos os estamentos econômicos e sociais, paraenses de todas as regiões, o paraense, enfim, reconheça que o Grão Pará é uma concepção falida desde seu nascimento, totalmente inviável, anacrônica e idiossincrática, que precisa ser mudada urgentemente, para o bem de todos nós, o humilde e sofrido, mas corajoso povo do Pará.
E isto será obtido com a criação do Tríplice Pará: Tapajós, Carajás e o pujante Novo Pará.

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