Desastres naturais acontecem, muitos são imprevisíveis, alguns
são catastróficos, outros prolongam sua ação mortífera por anos ou décadas, ceifam
milhares de vidas, estão quase todos fora do alcance do homem interferir e
evitar que aconteçam. Terremotos, tsunamis, vulcões, tufões e tornados, avalanches,
trombas d’água, resfriamentos glaciais e aquecimentos, inundações e secas,
pestes, são o que na língua inglesa se chama Atos de Deus.
Tais acontecimentos ocorreram desde a formação do planeta Terra
e são conhecidos por seus vestígios geológicos ou foram objeto de registro
histórico, todos produzindo efeitos ecológicos, afetando e ceifando a vida do
ser humano, tanto nas imediações espaciais e temporais da ocorrência, quanto em
locais e épocas remotas. Para exemplificar, citemos apenas alguns casos.
Nosso planeta executa diversos movimentos em torno do Sol e de
si mesmo em ciclos desencontrados de milhares de anos, inclinação axial e
orbital, precessão axial e absidal alterando os efeitos da radiação solar sobre
a Terra toda e seus hemisférios, fazendo com que há cerca de vinte e cinco mil
anos atrás tenha atingido seu Máximo Térmico do Holoceno, ou
seja, nessa época a temperatura global atingiu seu maior nível, depois baixou
para níveis glaciais e, novamente, volta a aquecer. É claro, que nesses ciclos,
o Saara já foi floresta e agora é deserto, e coisas semelhantes ocorrem por
toda parte.
Quando o vulcão Huainaputina, ao sul do Peru, explodiu no ano
1600, numa das maiores erupções do último milênio, não somente destruiu tudo ao
seu redor, abalou e cobriu de cinzas a cidade de Arequipa, a setenta
quilômetros, e jogou lava candente no oceano Pacífico a cento e vinte
quilômetros de distância. Seus efeitos foram duradouros. Suas cinzas encobriram
o Sol e esfriaram a Terra toda destruindo colheitas e provocando fome em
lugares tão distante quanto a Rússia em 1601, o ano mais frio nos últimos seis
séculos.
Como vemos, fenômenos naturais produzem importantes efeitos
climáticos. Quanto a estes pouco podemos fazer senão mitigar suas
consequências. Mas há fatores humanos extremamente impactantes, tanto ou mais
que os naturais. Neste caso, certamente, podemos tomar providências. Vamos ver
alguns deles e como seus efeitos produziram reações que conduzem a Humanidade a
discutir os meios de como os evitar.
Comecemos com os testes nucleares do pós-guerra poluindo a
atmosfera com radiação atômica. Outros desastres atômicos ocorreram, inclusive
o de Chernobyl, em 1986, o mais grave acidente nuclear, até hoje, contaminando
todo o Norte da Europa, do Reino Unido até a Rússia.
Muitas vezes as boas intenções degeneram em graves
consequências. No contexto do Grande Salto de Mao Zedong, iniciado em 1958, foi
lançada a campanha contra as Quatro Pragas, mosquitos, moscas, ratos e...
pardais comedores de grãos tão necessários à alimentação do povo chinês. Os
pardais foram quase totalmente exterminados, mas eles não comiam apenas
sementes, se alimentavam principalmente de insetos que, sem seu maior predador,
proliferaram e dizimaram as colheitas, provocando a maior fome e grande
mortandade na China.
Em fevereiro de 1984 a explosão de um dos dutos da refinaria da
Petrobrás, que passava por baixo da Vila Socó, incendiou todos os barracos e
matou dezenas de pessoas. Logo em seguida, a cidade de Cubatão, então a mais
poluída do Brasil, sofreu outro acidente. A Vila Parisi, com milhares de
trabalhadores da Companhia Siderúrgica Paulista e outras indústrias
extremamente poluidores, padeceu a agonia das doenças provocadas pela
ignorância, miséria, ausência de saneamento e extrema poluição atmosférica.
Estes exemplos de como o Homem mata a si próprio com atitudes
impensadas e agressões à natureza são pequena amostra do que a Humanidade tem
feito contra si mesma. A Reação a esse estado de coisas conduziu à realização, em Estocolmo, no ano 1972, da Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, na qual foram discutidos problemas dos recursos naturais não
renováveis, do meio ambiente e das políticas capazes de superá-los.
Vinte anos após Estocolmo 72 realizou-se a Rio 92. Mas isto será
assunto da Parte II. Até a próxima semana.
Um comentário:
É isso mesmo. O homem se mata, também a seu semelhante, os que nem cresceram e os que ainda vão nascer. É triste. TLAI
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