Na manhã de 10 de maio de 2012, no Tribunal do Júri de Itapecerica da Serra, cinco acusados se
postam diante de sete cidadãos que compõem o Conselho de Sentença. São estes os
encarregados de decidir se os réus são ou não culpados do assassinato do
prefeito de Santo André ocorrido em 2002. Dez anos decorreram desde o trágico
acontecimento. Está na hora do povo brasileiro saber a verdade.
Mais do que a verdade, queremos as verdades todas,
porque o cruel assassinato decorreu de vários crimes, revelados por diversas
formas, mas não devidamente esclarecidos por processos judiciais. Primeiro, os
crimes contra a administração pública – peculato, concussão, corrupção passiva,
prevaricação e advocacia administrativa – praticados em concorrências públicas
pré-arranjadas e superfaturamentos destinados ao pagamento de propinas. Em
seguida, o financiamento de campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores com
fundos oriundos dessas propinas. Finalmente, a apropriação pessoal desses
fundos, pelos agentes criminosos, em detrimento do destinatário original, o PT.
É voz corrente em todos os meios que a obtenção de fundos
partidários por concorrências superfaturadas era prática corriqueira das
prefeituras geridas pelo PT. Diversos prefeitos petistas estiveram envolvidos
em casos semelhantes.
Notícias correntes informam: o promotor
no processo afirma que Celso Daniel foi vítima de “encomenda mediante paga” e aceitava
a corrupção em seu governo para que o dinheiro desviado fosse para o caixa dois
do PT. “O prefeito conhecia o esquema de dinheiro para o caixa 2 de seu
partido, para beneficiar o PT nas eleições, inclusive para a campanha do
presidente Lula naquele ano. Ele estava de acordo. Aí descobriu que o dinheiro
também servia para enriquecimento pessoal de integrantes do esquema”.
Uma testemunha teria relatado ao
promotor que o assessor de Celso Daniel na Prefeitura de Santo André, Gilberto
Carvalho, atual secretário geral de Dilma e réu em ação civil por improbidade
durante sua atuação em Santo André, “levava dinheiro do esquema de corrupção
pessoalmente ao então presidente do PT, José Dirceu”.
Muitas revelações surgiram em investigações policiais, do
Ministério Público e da CPI do mensalão, quando se verificou o exercício
contumaz desse tipo de arrecadação pelo PT. O mensalão não foi um fato isolado,
mas a continuidade de práticas sindicais antes da fundação do partido. O
próprio Lula confessou isto, em entrevista dada em Paris, quando tentou
minimizar os crimes como sendo apenas caixa dois de campanha eleitoral,
segundo ele, prática usual de todos os partidos.
Mais tarde, diante da ameaça que o escândalo representava, Lula declarou:
“Estou indignado
pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país. O PT foi criado
justamente para fortalecer a ética na política e lutar ao lado do povo pobre e
das camadas médias do nosso país. Eu não mudei e, tenho certeza, a mesma
indignação que sinto é compartilhada pela grande maioria de todos aqueles que
nos acompanharam nessa trajetória”. Adiante, no mesmo discurso, Lula
prossegue: “Queria, neste final,
dizer ao povo brasileiro que eu não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo
brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas”.
Ao que parece, pelas manifestações de apreço, amizade e carinho que Lula
tem demonstrado publicamente por Zé Dirceu, principal acusado pelas falcatruas
do PT, tal pedido de desculpas foi mera encenação para tirar o foco das
atenções de sobre o partido e seus arrecadadores.
A impressão que tudo isto nos deixa é que o PT foi estruturado como
máquina arrecadadora para ganhar eleições, assumir o poder e continuar a
arrecadar mais e mais dinheiro, aperfeiçoando seus próprios métodos e se apropriando
de esquemas consagrados por seus adversários com maior tempo de zona, para se
perpetuar no poder, elegendo e reelegendo Lula, e elegendo sua sucessora.
O que matou Celso Daniel foi sua ingenuidade em acreditar que fins
justificam os meios, acreditar que pecado deixa de ser pecado quando cometido
para defender a fé, acreditar que crime deixa de ser crime quando praticado para
impelir sua facção à vitória, acreditar que seus “laterones” tinham a mesma
pureza de sentimentos e não se aproveitariam da oportunidade do roubo para se
locupletarem com o botim, acreditar que poderia reprimir, não o crime, mas a
apropriação pessoal dos resultados do crime, finalmente, acreditar que sairia
incólume dessa repressão.
Seu credo era totalmente falso, assim como falsos
eram seus amigos, companheiros e comparsas, seus “laterones”, como o Sombra, o
principal deles que, para se proteger, comandou a perpetração do assassinato.
Um dos criminosos de aluguel já foi condenado, embora esteja foragido.
Outros sentam agora no banco dos réus, enquanto Sombra aguarda em liberdade sua
vez de enfrentar a hora da verdade. Estes são os assassinos diretos de Celso
Daniel. O capo mor, Zé Dirceu, e outros aguardam na fila do STF a boa vontade do
Ministro Ricardo Lewandovsky.
Enquanto isto, o Poderoso Chefão passeia incólume o seu irresistível charme pelo crédulo povo brasileiro.
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