29 de dezembro de 2011

Uma estratégia para Tapajós e Carajás pós-plebiscito II


Antes de dar seguimento ao nosso tema, façamos pequena recapitulação do que dissemos até agora:
1 – Nossa derrota no plebiscito foi também a vitória igualmente esmagadora do SIM no Tapajós e no Carajás, do NÃO no Parasito e a indecisão do Xingu, demonstrando a completa cisão do Pará;
2 – Nossa derrota implica em termos que conviver com o governo do Pará até a solução do impasse sem abandonar nossa luta, o que nos exige extrema habilidade, sabedoria e firmeza de propósito;
3 – A luta prosseguirá no Congresso Nacional, onde nossa representação é pequena na Câmara Federal e nula no Senado;
4 – Nossos poucos Davis lutando contra multidões de Golias necessitam apoio popular com grande repercussão na mídia mundial;
5 - Para tanto, é necessário criar estrutura de comando único do Tapajós e Carajás - formado por lideres políticos, sindicais e empresariais, intelectuais, representantes da sociedade civil e religiosa - para elaborar e executar planos estratégicos nas áreas política, da propaganda e do ativismo pacífico.

      Já delineamos algumas ações de resistência civil, desobediência civil e ativismo pacífico. Podemos propor agora algumas questões a serem debatidas e equacionadas em linhas de ação política.

      Em primeiro lugar, temos que considerar as próximas eleições para prefeitos e vereadores. Embora, do ponto de vista da luta pela criação do Tapajós e Carajás, estas eleições não ofereçam grandes problemas, se considerarmos a campanha eleitoral de 2014, vamos nos deparar com dificuldades de grande monta.
      As populações do Tapajós e Carajás querem ressaltar as diferenças para continuar a luta pela emancipação e, claro, suas lideranças devem manter viva essa chama; no entanto, ao mesmo tempo, têm que conviver administrativamente com o Governo do Estado do Pará. Como conciliar estas posições tão antagônicas?

      As elites do Parasito reconhecem a divisão de fato, embora não de direito, mas querem a reunificação e tudo farão para atenuar as diferenças, interferindo nas eleições municipais, impondo candidatos títeres acostumados à subserviência. Parece-me que o perigo maior se encontra no PSDB e no PMDB. No primeiro, porque o governador, que é desse partido, imporá toda a força da máquina do Estado para domar seus correligionários. No segundo, porque seus quadros, tradicionalmente, servem ao todo-poderoso, e agora senador, Jader Barbalho. Como os diretórios do Tapajós e Carajás dos demais partidos poderão impor sua autonomia e nomear candidatos comprometidos com o SIM?

      Nas eleições de 2014, os diretórios estaduais dominados por políticos do Grão-Pará certamente negarão legenda aos candidatos do Tapajós e Carajás os quais correm o terrível risco de ficar sem legenda. Problema de enormes proporções. Asdrúbal Bentes, Giovanni Queiroz, Lira Maia, Wandenkolk Gonçalves, Zé Geraldo e Zequinha Marinho, assim como os deputados estaduais do SIM, estão ameaçados de ficar sem legenda. Como resolver este problema? Como garantir legenda para nossos candidatos a senador e governador?

      Mantidas as atuais proporções dos colégios eleitorais e fidelidade ao voto SIM transferida a candidatos das respectivas regiões, o pleito de 2014 resultará na eleição da seguinte representação:
Região        Deps. Estaduais   Deps. Federais        Senador
Tapajós                  7                          3                          0
Carajás                  9                          5                          0
Parasito                26                        13                        01 senador
O que fazer para alargar o número de deputados de Tapajós e Carajás e, os dois juntos, elegerem senador e governador?

      Para que tenhamos alguma chance de atingir o objetivo acima é forçoso conseguir expressiva votação no território do Parasito. Considerado o antagonismo ao SIM demonstrado por esse eleitorado, como superar essa enorme dificuldade?
Por fim, a importante questão do financiamento de nossa luta. O trabalho voluntário e abnegado é extremamente importante, porém há muita coisa que só pode ser realizada por profissionais e em tempo integral. Isto, além de toda sorte de despesas de uma verdadeira ação de guerra, sempre não violenta, é claro, porém sempre extremamente dispendiosa. Como, então, convencer grandes patrocinadores potenciais - Vale, Alcoa, Cargill, Petrobras e outros - e a que título liberar o patrocínio?

      Outras questões podem ser colocadas neste debate e todas as cabeças pensantes que se interessem por nossa causa e desejem contribuir com propostas, críticas e sugestões, serão muito bem vindos. A hora é esta.

      Ao Tapajós e Carajás, NOSSA VIDA!
      Ao Grão-Pará Parasito, NÃO e NÃO!

21 de dezembro de 2011

Uma estratégia para Tapajós e Carajás pós-plebiscito I

O Grão-Pará reacionário e avesso à inovação optou pela mesmice, pelo marasmo, estagnação, pobreza, ignorância, doença e miséria. Poderia ter aceitado a mudança, novos ares, dinamismo, autoestima aumentada. Teria sido um gesto fraterno, solidário, magnânimo, prova de espírito elevado, prova de verdadeira grandeza. O Grão-Pará permaneceu no caminho da infelicidade, para si próprio e para Tapajós e Carajás.

É uma lástima. Eis aí o resultado. Você acha que, depois do plebiscito, o Grão-Pará continua o mesmo? Vejo claramente a profunda divisão expressa em números indiscutíveis, mais de 90% em cada lado, em Marabá, mais de 92%, em Santarém, ultrapassou 98%, em Piçarra chegou a 99,5% de SIM. E por todo o Grão-Pará, os mesmos números para o NÃO. Quer me dizer que isto não é profunda divisão? De uma parte, Grão-Pará, do outro lado do abismo, Tapajós e Carajás. No meio, o indeciso Xingu, ansioso por ter seu próprio Estado. Trombetas foi mais sábio, entende que apoiando o Tapajós encontrará mais facilmente o caminho de sua própria autonomia.

Como já disse, o indiviso Pará está dividido. Não há como negar. Minha posição de luta de sempre pelo Tapajós e, a partir da campanha do plebiscito, também pelo Carajás, reflete essa realidade, com a qual teremos que conviver da melhor forma, civilizadamente.

Por algum tempo, queiramos ou não, vamos conviver com o governo dissimulado, prepotente e colonizador do Grão-Pará. O mesmo que tentou nos engodar fazendo de conta que a capital do Pará era Santarém nos 350 anos da cidade, como se fossemos crianças a enganar com rebuçado. Não vamos ceder um mícron em nossa luta pelo Tapajós e Carajás. Mas nas questões administrativas temos de ser pragmáticos. Se necessário, beijaria o Jatene, se assim pudesse atar-lhe as mãos por trás, junto ao traidor Helenilson. Isto é pragmatismo. Porém, Tapajós e Carajás sempre defendendo seus ideais, até que um dia encontremos a solução final, nossa autonomia.

Talvez, improvável talvez, se ambas as partes reconhecerem a realidade da divisão sentimental, moral, cultural, psicológica e se encararem realisticamente a situação, o Grão–Pará possa encontrar a solução mágica que conduza à união. Isto não é novidade, os Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara se uniram para benefício mútuo.

Poderia o Pará se reunir? Isto cabe exclusivamente ao Grão-Pará. Nós queremos separar, não moveremos uma palha para unir, está fora de cogitação qualquer iniciativa nossa neste sentido. O Grão-Pará quer a união. Ao Grão-Pará compete agir se desejar, encontrar meios de atrair, conquistar, convencer para reunir, não de fato, por imposição da maioria intransigente, prepotente e colonial como é agora, mas pelo coração, pela alma, com sinceridade e ternura, se for capaz, o que duvido.

Como homem experiente, vivido, sei que este é o caminho deles, dos colonialistas. Não moverei um átimo para trilhá-lo e estarei sempre atento a possíveis melífluas artimanhas do embusteiro para antecipá-las e desfazê-las de imediato.

Ao mesmo tempo, sem qualquer consideração com o que possa vir do Grão-Pará, nós, Tapajós e Carajás unidos e solidários, legitimados por votação quase unânime de mais de 90 % de nosso povo, vamos estabelecer nossos comandos centrais comuns, o ostensivo e o secreto, nosso estado-maior para planejar em longo prazo nossas campanhas de relações-públicas, propaganda, ação parlamentar, recrutamento, finanças, inteligência e guerrilha civil pacífica. Vamos instituir nosso quartel general e comandos operacionais para executar movimentos de desobediência civil, resistência passiva, ação direta de ataca-e-foge, sempre em ordem e sem violência.

Vamos bloquear o tráfego de balsas do Sabino e do Flexa e outros balseiros de Belém ao longo do Amazonas, fechar o Estreito de Breves, conquistar apoio do Xingu e parar Belo Monte, interditar postos da Receita Federal e Secretaria de Finanças do Estado em todos os municípios do Tapajós e Carajás (MST pode, porque não podemos?), fechar os portos da Cargill (Greenpeace pode, por que não podemos?), da Alcoa e da MRN, paralisar trens e minas da Vale, vamos dar o troco pelo apoio de que necessitávamos e não nos concederam, vamos cessar o lucro dessas mineradoras, interromper o crescimento da China por falta de alumínio e ferro.

Quando interrompermos o tráfego de mercadorias da Zona Franca, a indústria paulista vai tomar conhecimento de nossa existência (porque faremos relações públicas prévias) e ajudar a resolver nosso problema. Todos os nossos atos serão de propaganda e seremos sempre os mocinhos perseguidos pelo dragão do mal. O Mundo inteiro vai tomar conhecimento de nós e de nossa luta. O Congresso vai tomar conhecimento.

A polícia colonial do Grão-Pará vai nos sentar o pau. Virão aqui na minha casa e me levar preso, do que já me ameaçam. Vamos ter que aguentar isto, porque sabemos que fazemos o que é certo e justo, e que a vitória final será nossa. Gandhi nos ensinou isto. Martin Luther King prosseguiu. Mandela confirmou. Todos sofreram. Todos venceram. Vamos perseguir e realizar nosso sonho.

O Grão-Pará obteve vitória de Pirro. Como romanos, reagrupamos nossas legiões, reformulamos nossa estratégia. Unidos, Tapajós e Carajás, Trombetas, Baixo-Amazonas e Xingu, atacaremos em todas as direções e venceremos.

Nossa posição é firme e única, ao Tapajós e Carajás NOSSA VIDA! Ao Grão-Pará, simplesmente, NÃO e NÃO!

15 de dezembro de 2011

O indiviso Pará dividido


A missão que parecia impossível revelou-se, de fato, inatingível. O sonho da criação do Estado do Tapajós esvaiu-se em frustração, tristeza e luto diante do carnaval acintoso e debochado de pseudo-vitoriosos. Mas não a esperança, nem a indomável vontade dos filhos do Pará d’Oeste de, um dia, tomar seu destino nas próprias mãos e seguir rumo ao futuro em busca da felicidade.

O resultado do plebiscito de 11 de dezembro de 2011 foi pior do que minha pobre estatística antecipara, ou almejara... O eleitorado conjunto de Tapajós e Carajás constitui apenas trinta e cinco por cento do total. Sessenta e cinco por cento compõem a maioria do Pará do Nordeste. Diante desta desproporção, seria necessário um esforço extraordinário e vetorizado em múltiplas ações de agitação e propaganda para angariar substancial parcela de votos favoráveis ao Tapajós na área de influência de Belém.

Isto não foi feito. Não nego sua alta qualidade técnica, muito bem feita, como era de se esperar, mas a campanha pró Tapajós limitou-se, praticamente, à TV e a uma ou duas carreatas, quando seriam necessárias muitas manifestações e criação de núcleos de doutrinação espalhados por todo o Nordeste do Pará e iniciados muito mais cedo.

Além disto, a campanha de TV pro Tapajós foi dogmática, racional, argumentativa. Enquanto isto, a taxativa campanha adversária, a do Não e Não, além de extremamente emocional – superobjetiva, neste sentido - exaltou os piores sentimentos de ódio, preconceito, menosprezo, despeito e inveja contra Tapajós e Carajás, enquanto provocava nostalgia, ufanismo, orgulho e amor pelo Pará.

De qualquer forma, o que foi feito foi realizado com garra, coragem, dedicação, comprometimento com a causa, e todo o Tapajós só tem a reconhecer e agradecer aos seus heroicos guerreiros e a todos os que contribuíram e apoiaram essa homérica luta.

À medida que o bairrismo prevalecia, cresceu a radicalização. Com exceção de dois ou três municípios em cada lado da batalha, a votação foi sempre superior a noventa por cento pelo Sim no Tapajós e Carajás ou pelo Não no Nordeste do Pará. Foi uma polarização raramente ocorrida em qualquer referendo efetivamente democrático no mundo todo. O Pará, que não quis se dividir, está irremediavelmente dividido. Esta é a nova realidade, uma verdade que permanecia latente, cuja verdade somente se pode revelar com a realização do plebiscito.

O Supremo Tribunal Federal, em absurda quebra de isonomia, ordenou a realização do referendo em todo o território do Pará, e não apenas das regiões diretamente interessadas, como tem sido no caso da criação de novos municípios. Esta decisão criou obstáculo, como vimos, intransponível. A luta deve ser travada em outra direção e em conjunto com outras reivindicações.

Minha sugestão é que a reestruturação das unidades federativas se faça em conjunto e no bojo de reforma política, com criação de voto distrital e redistribuição dos distritos para dar aos estados mais populosos a representação devida e diminuir a preponderância dos estados mais poderosos pela redivisão e aumento do número de estados.

Sabemos todos que toda regra tem exceções, mas estas são mínimas no caso da criação de novos estados e municípios. O fato inconteste é que a totalidade dos estados e municípios criados por desmembramento de outras unidades resulta sempre em desenvolvimento e progresso para ambos, cedente e recebedor do território da nova unidade. Aos argumentos de aumento de despesas administrativas se contrapõe o fato de que, apesar disto, ou por causa disto, aumenta a prestação e melhoria do serviço público.

Assim, a criação de novos estados é uma necessidade para o aperfeiçoamento da administração pública nacional. No entanto este objetivo somente será possível, ao mesmo tempo em que a torna factível, se associado à reforma política.

Este é o caminho a seguir. A luta se dará no âmbito do Congresso Nacional, mas não será vitoriosa se não estiver associada a permanentes manifestações e atos de resistência pacífica em toda parte, principalmente nas regiões antagônicas às divisões. O Pará está dividido embora esta verdade permaneça latente nos demais estados. A luta não termina aqui, agora é muito mais ampla, é no Brasil todo.

Quanto ao Grão-Pará, agora e sempre, é simplesmente NÃO e NÃO!

8 de dezembro de 2011

UMA AGENDA PARA OS PRÓXIMOS DEZ ANOS


Ao proferir a palestra de encerramento da XXI Conferência Nacional dos Advogados no dia 24/11/2011, em Curitiba, o advogado Luís Roberto Barroso propôs um decálogo de estratégias e metas para os diversos setores da vida brasileira a serem implementadas na próxima década. A proposta é relevante contribuição ao pensamento político e deveria ser analisada por todos que se interessem pelo desenvolvimento consistente, harmônico e democrático de nosso país.
O ilustre professor de Direito Constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro declara que o constitucionalismo democrático, o Estado democrático de direito, se baseia no respeito aos direitos fundamentais e no autogoverno popular, e é um modo de organização social fundado na cooperação de pessoas livres e iguais, com fundamento e objetivo na dignidade da pessoa humana. E declina os objetivos de suas propostas: “(i) criar um país de igualdade de oportunidades no ponto de partida da vida de cada um; (ii) proporcionar à gente brasileira não apenas uma vida melhor, mas uma vida maior, uma vida boa, no sentido da grandeza pessoal e da plenitude existencial; e, por fim, (iii) contribuir para a criação no país de uma cultura de boa-fé objetiva, em que as pessoas sejam essencialmente corretas nas suas relações, sem o ânimo das vantagens indevidas ou o propósito de passar os outros para trás”.
Simplesmente nominar as propostas seria insuficiente e inadequado ao bom entendimento e explicitá-las, mesmo resumidamente, não caberia no escopo desta crônica. Assim, recomendo ao prezados leitores que busquem e leiam o texto completo da conferência.
Concordo com todas as propostas e quase todos os sistemas propostos e acrescentaria um undécimo preceito à formulação do ilustre Professor Barroso. A discordância se refere à reforma política. Meu pensamento está exposto em meu blog (http://imbiriba.blogspot.com/2005/10/uma-reforma-poltica-para-o-brasil-2010.html), num artigo de outubro de 2005, quando se discutia no Congresso Nacional uma natimorta reforma política, no qual esclareço como e porque partidos, por mais sérios que pareçam, absolutamente não são doutrinariamente confiáveis quando assumem o poder, por outro lado, são instrumentos de dominação por suas próprias oligarquias internas, em todos os níveis. Certamente, partidos são úteis e devem existir, mas nunca com o monopólio da prática política, sob pena de sério dano a direitos republicanos fundamentais.
A undécima proposta seria a reestruturação federativa, com divisão e agrupamento de unidades federativas. Agrupamentos poderiam ser como o que reuniu o antigo Estado do Rio de Janeiro com o da Guanabara. Divisões seriam como a que será submetida a referendo popular no próximo dia 11 de dezembro de 2011 quando, espero e desejo ardentemente, o povo do Pará decidirá por mudar seu destino aprovando a criação dos Estados do Carajás e Tapajós.
O Estado do Maranhão e Grão Pará original, que se estendia do Piauí ao Rio Negro, constitui hoje oito unidades federativas cobrindo a maior parte da Amazônia e pedaço do Nordeste. É inegável que todos estes Estados são muito melhor administrados, em que pesem todos os percalços, do que seriam se não houvesse a reestruturação administrativa, notando-se substantivo ganho no desenvolvimento de toda essa região a cada desmembramento. O mesmo ocorreu com a divisão e criação dos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins.
Quem viveu à época sabe muito bem o quanto se falou contra Juscelino e sua mirabolante Brasília. Havia argumentos contrários de toda sorte, principalmente econômicos e seus altos dispêndios. Brasília custou muito ao povo brasileiro, no entanto, o Brasil da orla marítima, que pretendia imitar a Europa, foi obrigado a se voltar para si mesmo, o brasileiro teve que repensar sua nação como país continental. Ninguém, nos dias atuais, coloca em dúvida que o que nos conduziu à sexta ou quinta potência economia do Planeta se deve exatamente a essa mudança de foco, o país olhando para seu interior, crescendo para o interior, desenvolvendo o interior.
Desta forma, não se trata apenas de mudança administrativa, mas de mudança de conceito, mudança de foco, mudança de postura, mudança psicológica, mudança moral a proposta de duplicação, ou quase isto, do número de Unidades Federativas.
É claro que isto seria realizado juntamente com a reforma política, reduzindo para dois o número de senadores por Estado, totalizando cerca de cem, e elegendo em torno de quinhentos deputados federais, representantes de distritos com o mesmo número aproximado de eleitores e representatividade quase perfeita.
No mais, parabéns ao Professor Luís Roberto Barbosa pelos temas que propõe e pela iniciativa de sua ampla discussão. Cabe lembrar que processo semelhante definiu a estratégia que conduziu a Finlândia, nação que vivia da exploração florestal, a se tornar a sociedade do conhecimento e informação que é hoje.

Argumentos pró Tapajós e Carajás

Eis aqui alguns argumentos que tenho utilizado frente a adversários da criação do
Estado do Tapajós.

Defendo ideais republicanos, mas não sou político, sou apenas um cidadão comum. Aos 80 anos, tenho vivido com simplicidade, dignidade e correção buscando sempre ser exemplo para filhos e netos. Minha família se estabeleceu em Santarém, de onde se irradiou pela Amazônia e pelo Mundo há mais de 150 anos, e sempre defendeu a ideia do Estado do Tapajós. Portanto, não sou forasteiro nem adventício. Estou convencido de que esta será uma mudança verdadeira e benéfica, que dinamizará a administração pública, aumentará a autoestima do povo todo e criará condições para a prosperidade. Razões materiais e morais substantivas, aliadas a aspectos sentimentais, me fazem lhe pedir: por favor, não me deixe sozinho, permita que o sonho deste ancião se realize; você nada tem a perder e ambos teremos muito a ganhar. Muito obrigado por seu SIM.

A construção de Brasília teve muitos opositores, alguns deles esclarecidos e bem intencionados como certos amigos contrários á formação dos estados do Carajás e Tapajós. De fato, Brasília teve um custo enorme, mas o Brasil, que olhava para o mar e o além-mar, voltou-se para si mesmo e criou os fundamentos de seu crescimento como nação, como economia, cultura. O que o Brasil é hoje se deve em grande parte à criação de Brasília. O mesmo acontecerá com o Pará multiplicado, mais consciente de sua diversidade, em núcleos mais coesos, administrando melhor seus recursos, mais próximo de seu povo. Aos 80 anos bem vividos minha experiência me autoriza a afirmar que se não mudarmos nada acontecerá, ficará tudo como está, e prever que a criação de três novos estados nos levará a um futuro de prosperidade e melhoria na qualidade de vida de nosso povo. É por isso que peço e agradeço seu SIM.
O que acontecerá se o povo do Pará não aprovar a própria multiplicação? NADA. Fica tudo como está? Ficará pior. Os ânimos das populações do Carajás e do Tapajós, intensamente favoráveis à criação dos novos estados, estarão profundamente antagonizados, frustrados, ressentidos, propensos a ações que poderão colocar em risco bens e vidas em atos de vingança e desforra. Espero que isto jamais aconteça. Mas é um risco, uma possibilidade que temos que levar em conta. Um risco que simplesmente não custa nada evitar. Basta aceitar que os irmãos de Carajás e Tapajós possam criar seus estados e gerir seus destinos. Basta permitir que carajaenses e tapajoenses, ou carajônicos e tapajônicos, ou ainda carajoaras e tapajoaras, como quiserem, vivam como desejem. O povo do Pará continuará a viver como sempre, nada será alterado. Mas terá a alegria de ver seus irmãos felizes com seus sonhos realizados. Realização que nos obrigará a dizer: Muito obrigado por seu SIM.

O Pará é GRANDE, mas fraco, um dos últimos colocados em todos os índices sociais, culturais e econômicos. Querer um “Pará que te quero grande” é perversa teimosia em viver no atraso, na ignorância e na miséria, é puro negativismo, maléfico e odioso. Quando multiplicado por três, o Pará ainda será do tamanho do Estado de São Paulo, ainda será um estado GRANDE, porém poderá ser mais bem administrado, sem o dreno das despesas com Carajás e Tapajós, portanto com mais recursos para cuidar melhor de seu povo. A multiplicação do Pará é uma atitude positiva, que muda o atual marasmo administrativo e abre novas perspectivas para o desenvolvimento e a felicidade do povo. É por isso que vale a pena dizer SIM.
Corrupção e corruptos existem em todos os tempos e em todos os lugares, isto faz parte da natureza humana e serão minimizados por instrumentos legais como a Responsabilidade Fiscal e a Ficha Limpa, assim como pela divulgação e ensino da ética e das virtudes republicanas. Porém, mesmo afetadas por esses males, boas instituições sempre serviram aos melhores interesses da Humanidade. No caso, a instituição dos Estados do Carajás e do Tapajós possui qualidades intrínsecas que os farão produzir bons resultados para suas populações, apesar dos previsíveis percalços. As virtudes são maiores e superiores aos defeitos, fazendo com que os resultados sejam positivos, muito maiores e superiores aos do status quo negativista e paralisante. É por isso que vale a pena dizer SIM.
Sonho pequeno, sonho grande, tamanho do sonho pouco importa, sonho é sonho, não custa mais nem menos se for maior ou menor, então vamos sonhar grande, um sonho bem grandioso, do tamanho do Estado do Pará multiplicado por três: o Grão Pará, o Tapajós e o Carajás. O voto é SIM.
Eu tenho um sonho, o sonho de uma vida, sonho de muitas gerações, o sonho da absoluta maioria do povo do Tapajós, um sonho baseado em fatos reais, na História, na realidade econômica, social e cultural do Tapajós. O povo do Tapajós tem direito a ver este grande sonho realizado e implora ao povo de Belém, com sua maioria dos votos, que seja magnânimo, fraterno e justo ao permitir que esse sonho se realize. É por isso que, humildemente, peço, deixe o povo do Tapajós seguir seu destino, deixe o povo do Tapajós realizar seu sonho. Simplesmente, vote SIM.

Quem é amigo tem compaixão, amigo se importa com sentimentos, desejos, sonhos de seus amigos. Amigos sabem que o povo do Tapajós há duzentos anos deseja sua emancipação. Amigo não destrói sonho de amigo. Amigo ajuda a construir o sonho. É por isso que amigo vota SIM.
Até o início do governo Lula o Tapajós tinha indústria madeireira de certa importância, com dezenas de empresas e milhares de empregados. Mas aí veio o combate ao desmatamento (o que é certo), sem mitigação de seus efeitos imediatos (o que é errado). Como consequência, fecharam centenas de empresas e muitos milhares de trabalhadores ficaram sem emprego. Até agora ninguém resolveu o problema e muita gente migrou (para onde? Acha que para Belém?) para Manaus, mas ainda há muita gente na miséria nas periferias de Altamira, Itaituba, Santarém e outras cidades. Você que é esclarecido, me responda, o que o Tapajós deve ou pode fazer com a maioria de suas terras que hoje são reservas de todos os tipos para criar emprego e renda? A única resposta é votar SIM.
Eu amo o Pará e tenho orgulho de ser paraense. É por isso que quero o Pará GRANDE, multiplicado por três, diversificado, dinamizado. É por isso que voto SIM.

Que cada burro fique com seus votos burros votando em sua própria corja e infestando sua própria região. Assim fica melhor e ninguém bota mais culpa em ninguém. Vamos todos votar SIM.
E você aí, me responda, por favor: o Pará AINDA NÃO TEM e passaria a TER com a vitória do NÃO? Se não tem resposta, vamos votar SIM.

Agora, algo para publicar como dito por partidários do NÃO:
Deixem que aqueles malditos separatistas se vão com seus problemas nunca resolvidos, seus políticos corruptos, suas pobrezas e misérias, suas faltas de recursos e suas crescentes necessidades que jamais serão satisfeitas. Eles querem isto e terão o que desejam. O Pará continuará GRANDE, do tamanho de São Paulo, RICO como São Paulo, PRÓSPERO como São Paulo, o estado mais rico do Brasil, sem ter que sustentar aqueles malditos separatistas que só servem para sugar as riquezas do Pará. O Pará ficará livre dos corruptos e sanguessugas. Então poderá administrar melhor seus recursos, cuidar melhor de seu povo. O Pará será mais FELIZ. É por isso que o Pará todo votará SIM.
Florestas e rios do Tapajós (é só o que tem lá) nada rendem para o nosso GRANDE Pará, minérios do Carajás (a Lei Kandir rapa tudo) nada rendem para o GRANDE Pará. Pra que o Pará quer aquelas drogas que não servem pra nada? Melhor nos livrarmos desse mal de uma vez por todas. Melhor é votar SIM.
Esse pessoal do Tapajós só vem a Belém quando fica doente. Vem pra dar despesa, drenar nossos recursos, impedir que a gente cuide melhor de nossos próprios enfermos. Deixem que esses doentes fiquem por lá mesmo, no Tapajós e no Carajás, que é só pra isso que servem. Vamos cuidar de nós mesmos. Vamos logo votar SIM.