Ao visitar amigo que há muito não via, encontrei-o em sua garagem, oficina de fundo de quintal, a mergulhar grossos parafusos em um pó negro e enfia-los num pequeno forno onde o pó se transformava em resistente resina. Meu amigo fora subcontratado pelo fornecedor de parafusos para o submarino que, na década de 1980, era construido pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
Bem antes, no final da década de 1960, acompanhei meu pai em visita a antigo contemporâneo dele na Escola Militar do Realengo, ocasião em que provoquei o anfitrião, velho general reformado, com o seguinte comentário: "no Brasil, que quase nunca participa de guerras, o militar é o único profissional que raramente atua nas atividades para as quais é preparado e passa a vida tratando de outras coisas".
Recebi uma lição. O militar conhece mais do que ninguém as terríveis conseqüências da luta armada; por isso mesmo é quem menos deseja a guerra. No entanto, a iniciativa da guerra não depende de sua vontade. A origem, a intensidade e o momento da agressão, podem ser difíceis de antecipar em tempo hábil. Por outro lado, manter o poderio defensivo sempre mobilizado acarreta ônus insuportável diante de outras prioridades. Assim, e esta é sua missão, o militar prepara arsenais, depósitos e reservas humanas facilmente mobilizáveis, em tal modo e extensão que qualquer inimigo potencial relute em querer confrontá-lo. É o que Charles de Gaulle chamou "force de frape".
Porém, no mundo de hoje, integrado e globalizado, não basta que as forças armadas, elas apenas, estejam preparadas. É necessário que a nação o esteja e é por isto que todos os setores nacionais devem ser envolvidos na preparação para a defesa da soberania nacional. Portanto, quando meu amigo foi preparado e contratado para produzir parafusos marítimos ele era apenas um dos milhares de cidadãos e empresas participantes da grande missão das Forças Armadas: preparar a nação para desestimular e conter possíveis agressões e, assim, o que todos desejamos, evitar a guerra.
A Primeira Grande Guerra introduziu o conceito de guerras nacionais. Não eram mais apenas os exércitos que se confrontavam, mas as nações. Com a Segunda Guerra Mundial apareceu o conceito de luta em múltiplas frentes, as militares e as quintas-colunas atuando dentro de país inimigo. A Guerra Fria inovou a guerra ideológica, a subversão e incorporação, senão da própria nação inimiga, de suas colônias e aliados, por meio de forças políticas locais obedientes à potência agressora.
Com o fim da Guerra Fria, surgiu nova forma de guerra econômica, a formação de cartéis supranacionais que se auto-protegem e agridem e oprimem as demais nações, sejam outras potências econômicas, sejam nações em desenvolvimento ou subdesenvolvidas fora do respectivo cartel. Um dos aspectos dessa agressão é o uso do complexo conjunto das diversas formas de guerra – diplomática, militar, quinta-coluna, subversão ideológica e religiosa e coerção econômica e tecnológica. Assim, podem dividir e submeter nações como o Brasil, com alto potencial de crescimento e influencia no jogo de interesses mundiais, tornando-as incapazes de concorrer com as potências hegemônicas.
Uma das mais evidentes formas de subversão ideológica é a formação de protonações indígenas e extrativistas, às quais são concedidas extensas porções de território, sob a forma de reservas, que logo adquirem semi-soberania, impedindo, por exemplo, a atuação, a permanência e até a simples passagem de forças policiais e militares ou outros agentes do Estado Nacional. Tais reservas criam obstáculo intransponível ao uso do solo e do subsolo para atender às mais fundamentais necessidades nacionais e mundiais, no mais legítimo interesse público, nas áreas de energia e matéria prima. Essas reservas indígenas e extrativistas são pré-estados semi-soberanos aos quais falta apenas que se declarem independentes para que sejam reconhecidas e protegidas militarmente, como protetorados, por potencias interessadas na pulverização do território brasileiro e diluição do Brasil como nação.
É claro que um país submetido a tal processo de desmembramento não tem a mínima chance de defender sua soberania, que já está sendo subvertida por agentes do próprio governo, este mesmo infiltrado de agentes subversivos. É o caso de agências e ministérios empenhados na promoção de conflitos que possam provocar e justificar a intervenção de potencias estrangeiras em negócios estritamente nacionais.
Entre tais órgãos governamentais estão os ministérios das Cidades, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Integração Nacional, Justiça e Meio Ambiente e seus órgão executores tais como FUNAI, INCRA, IBAMA, etc. e uma miríade de ONGs estreitamente integradas a eles com intenso intercâmbio de seus recursos humanos, bem como financiamento com verbas públicas de diversos movimentos populares, indigenistas, extrativistas e quilombolas.
Toda a fronteira do Brasil com países amazônicos está em mãos dessas protonações detentoras de territórios muito maiores do que a maioria dos países europeus, extensões muitíssimo superiores à capacidade de uso e guarda por seus "povos" - indígenas, extrativistas, tradicionais e quilombolas. São superlatifúndios improdutivos que, por um lado, não se colocam a serviço do interesse nacional e, por outro, se constituem em ameaça à nossa integridade territorial, inclusive porque os agentes do governo brasileiro responsáveis pelo bem-estar, desenvolvimento e integração delas à sociedade brasileira, tudo fazem para desintegrá-las do grande e maravilhoso corpo único que é a diversificada, integrada e pacífica nação chamada Brasil.
A responsabilidade principal pela defesa da soberania nacional, que, como demonstrado, exige ações universais, abrangentes e diversificadas, pertence às Forças Armadas Brasileiras. Continuarão elas purgando a catarse decorrente do Regime Militar ou se reerguerão altivas para cumprir sua honrosa missão?
Como civil e civilista, como democrata e patriota, como cidadão brasileiro e amazônico, clamo por ver nossas Forças Armadas reintegradas em seu glorioso papel histórico como defensoras de nossa soberania e de nossa unidade nacional.
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