Após o esfacelamento do Imperialismo, o mundo se reestrutura em grandes novos impérios ou impérios renovados: Rússia, China, Índia, União Européia e NAFTA (Canadá, Estados Unidos e México). Estes neo-impérios possuem interesses imperiais próprios, conflitantes com os demais. Não interessa a qualquer deles o surgimento de nova potência concorrente. O Brasil, apesar das importantes resistências operacionais e emocionais de seus associados de língua espanhola, tenta consolidar seu próprio império (Mercosul). Por isso mesmo, deve ser demolido, impedido de prosseguir no seu intento e submetido aos interesses, principalmente, dos impérios norte-americano e europeu. O grande ponto fraco do império brasileiro é exatamente a Amazônia.
Não são nossas fronteiras que estão em perigo, o processo em curso é o de desintegração de nosso território pela constituição de reservas não nacionais, isto é, imensas reservas territoriais alocadas a nações não brasileiras, separadas da textura social nacional, cujas populações são conduzidas ou induzidas à autonomia e à formação de estados independentes, separados do Brasil pela inoperância, desídia e mesmo execução de políticas do governo brasileiro, evidentemente errôneas ou exageradas, por acordos internacionais imprudentes ou mal interpretados, ou ainda, pela doutrinação de agentes a serviço de interesses não brasileiros.
Mesmo que isto não fosse verdade evidente, saltando aos olhos dos mais ingênuos, ainda assim, a simples prudência e, mais do que isto, a responsabilidade constitucional juramentada das autoridades, a começar pelo presidente da República, seu ministério, o Estado Maior das Forças Armadas e o Congresso Nacional, impõem a urgente aplicação de medidas que impeçam a simples possibilidade, mesmo que remota, desse esfacelamento de nosso território em miríade de nações e a perda de praticamente toda a Amazônia.
O artigo 1º de nossa Constituição declara: "A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito..." Reforço a expressão "união indissolúvel" significando que o território brasileiro não pode ser desmembrado. Portanto, qualquer atividade tendente a destruir essa união indissolúvel é crime de lesa-pátria e deve ser imediatamente paralisada, neutralizada e punida. Mesmo porque, conforme o Art. 5º da Lei 1079, "São crimes de responsabilidade contra a existência política da União:" ... "2 – tentar, diretamente e por fatos, submeter a União ou alguns dos Estados ou Territórios a domínio estrangeiro, ou dela separar qualquer estado ou porção do território nacional";... "6 - celebrar tratados, convenções ou ajustes que comprometam a dignidade da Nação"; ... "9 - não empregar contra o inimigo os meios de defesa de que poderia dispor".
No capítulo oitavo de A Arte da Guerra (versão Sonshi), escrito há cerca de dois mil e quinhentos anos, Sun-tzu afirma: "Então os princípios da guerra são: Não dependa de o inimigo não vir, mas de nossa prontidão contra ele. Não dependa de o inimigo não atacar, mas de nossa posição ser inatacável".
Por sua vez, ao avaliar a força dos principados (O Príncipe, Capítulo X) Maquiavel pontifica: "É necessário considerar se o príncipe tem suficiente poder para se apoiar em seus próprios recursos, em caso de necessidade, ou se precisa sempre recorrer ao auxílio de terceiros... Quem fortifica seu domínio e bem administra seus interesses nunca será atacado sem grande cautela pois que há grande relutância em empreender contra dificuldades evidentes..."
Quem quer que tenha lido um pouco da História depreenderá dos inumeráveis exemplos o quanto os imprevidentes foram punidos com a perda da liberdade e da vida, quantos reinos ruíram pela displicência com que trataram de seus interesses e dos impérios que se construíram sobre o vazio populacional ou vácuo administrativo e militar. Bolívia e Peru perderam as partes de seus territórios que vieram a compor o Acre, por estarem desabitadas e não cuidadas. No caso da Bolívia, seus interesses, em lugar de serem cuidados e defendidos por seus próprios funcionários e militares, foram entregues a corporação estrangeira cujo objetivo era meramente econômico e de lucro imediato. Não cuidaram e perderam.
Ao contrário dos territórios do Sul, mais densamente colonizados por espanhóis, o Centro-oeste e a Amazônia foram facilmente ocupados por poucos bandeirantes paulistas e alguns punhados de militares e colonos portugueses. Na realidade, o território nacional brasileiro foi construido sobre o grande vazio populacional que ainda hoje persiste, mas não sem coragem e heroísmo. Desassombro, trabalho e luta heróica de portugueses, bandeirantes, garimpeiros, coletores das essências do sertão, seringueiros, criadores de gado, juteiros e arrozeiros construíram este grande império, nossa herança, patrimônio de nossos filhos e netos. Podemos assumir o risco inconseqüente de perdê-lo?
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