24 de julho de 2020

A metamorfose de Bolsonaro

Bolsonaro foi por muito tempo uma espécie de líder sindical que a Polícia Militar não pode ter e que, para se eleger e reeleger várias vezes, faz declarações aberrantes cujas reações repercutem na mídia por longo tempo, tanto espontaneamente, quanto reagindo com pavio curto a provocações que constantemente recebe exatamente por isto. Ele sabe e aproveita o quanto essa tática representa em votos nas urnas e é assim que ele ganha eleições.

Lula, após três eleições agressivas ao extremo representando o líder sindical, percebeu que a sociedade estava farta de agressividades. Então, vestiu ternos Armani e se transformou no estadista Lulinha paz e amor, e venceu. Mas o humor do povo mudou e, Bolsonaro, percebendo o quanto a maioria conservadora do eleitorado estava aborrecida com Mensalão e Petrolão de Lula, e recessão econômica e incompetência política de Dilma, personificou essa raiva que o elegeu.


Bolsonaro se elegeu, assumiu e sofreu muitos revezes do sistema corrupto que herdou, muitas vezes por continuar com pavio curto e não perceber que o período eleitoral havia terminado e, agora, a tática deveria se adequar ao novo campo em que teria que atuar

Bolsonaro fará pronunciamento na TV contra isolamento - ISTOÉ ...

Ele achava que ganhar eleição lhe daria poder. Custou a aprender duas coisas: primeiro, fala mansa é mais eficaz quando se quer conquistar e aliar poder ao cargo que ocupa; segundo, que poder, em seu caso, teria que ser conquistado, tanto com fidelização dos se elegeram surfando na sua onda, quanto com a cooptação sistemática do melífluo Centrão, para garantir maioria em um Congresso criado para ser parlamentarista em regime presidencialista. Parece que só agora leu O Príncipe de Maquiavel. Mas, a duras penas e pouco a pouco, está aprendendo.

A par de seus defeitos, Bolsonaro possui uma grande virtude. Ele é humilde. Reconhece e tenta corrigir seus erros. Assim como reconhece suas insuficiências em vários campos, principalmente na economia. Por isso nomeou ministros como Paulo Guedes, Tarcísio, Teresa Cristina e outros cujos nomes não me ocorrem agora, mas quase todos muito competentes em suas áreas.

Por sorte do povo brasileiro, infelicitado por séculos de corrupção, a mesma raiva que elegeu Bolsonaro renovou o Congresso com candidatos conservadores que, apesar de não se alinharem em tudo com o novo presidente e lhe infligir algumas derrotas, aceita as ideias de Paulo Guedes como alternativa desejável ao que se praticou na área econômica no Brasil até agora.

Em consequência, projetos como reforma da Previdência, marco regulatório do saneamento, reforma tributária e outros, são ou serão debatidos e aprovados, reestruturando a administração pública e a economia brasileiras, dando-lhes maior eficiência, dinamismo e competitividade. 

Não fosse a pandemia do coronavirus, o Brasil já estaria saindo da recessão e voltado a criar riqueza a taxas que, dentro em pouco, se aproximariam de dez por cento ao ano. E riquezas que poderiam alimentar programas como o Renda Brasil, de grande alcance social e única solução para o desemprego sistêmico gerado pela robotização e a inteligência artificial.

Tudo isto porque Bolsonaro, um nacionalista recém convertido ao neoliberalismo, apesar de seus defeitos e deficiências, é um patriota sincero, bem intencionado, humilde e fiel ao seu eleitorado conservador, de maioria evangélica e católica tradicionalista. 

Bolsonaro é presidente democraticamente eleito e empossado, precisa, deve e merece a chance de terminar seu mandato com o mínimo de tranquilidade, cumprir suas promessas eleitorais e executar seu plano de governo.

Basta não cometer os mesmos erros políticos de Dilma.


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