15 de agosto de 2011

Metano - Um mal das florestas?


Em 2006, cientistas do Instituto Max Planck, da Universidade de Heildelberg, na Alemanha publicaram o resultado de suas pesquisas em laboratório sobre a produção de gás metano pelas plantas. Metano é um dos gases provocadores do efeito estufa do aquecimento global, e é vinte e seis vezes mais nocivo do que o gás carbônico.
Embora uma pesquisa de laboratório não seja conclusiva quanto ao efeito geral na natureza, é um forte indicador que deve ser levado em consideração, ainda mais se pesquisas subsequentes confirmas suas descobertas. Este é o caso, por exemplo, de estudos em florestas australianas replantadas para compensar emissões de carbono por outros meios, onde se confirmou importante geração de metano.
Todos nós aprendemos na escola que, durante o dia, com a luz solar, as plantas fazem a fotossíntese absorvendo o gás carbônico que expelem à noite num efeito equilibrado entre captura e liberação. Se, pelo que se sabia, havia equilíbrio, agora, com a notícia da produção de metano, antes desconhecida, esse equilíbrio desaparece e temos uma ameaça que precisa ser esclarecida pela ciência: são as florestas mais uma ameaça para a Humanidade?
Mais uma, porque esse gás é gerado por uma multiplicidade de fatores aqui listados por ordem de importância no volume de metano gerado: Exploração e distribuição de gás natural, fermentação entérica da digestão dos ruminantes, aterros sanitários, mineração de carvão, tratamento de estrume de criações intensivas de porcos e galinhas, exploração e distribuição de petróleo, tratamento de água, terras desflorestadas, cultivo de arroz alagado, combustão estacionária para geração de energia, minas de carvão abandonadas, combustão móvel de veículos, petroquímica, produção de ferro e aço, produção de coque metalúrgico, combustão de resíduos agrícolas, e outros de menor importância.
Essa lista nos permite várias ilações. Por exemplo, a combustão estacionária para geração de energia, hoje intensivamente usada no Brasil para gerar eletricidade, seria um forte incentivo à geração de hidroeletricidade, isto é, Belo Monte. Outra seria que o bife que comemos com arroz é duplamente nocivo ao meio ambiente devido à fermentação entérica da digestão dos ruminantes e às terras alagadas geradoras de metano do cultivo do arroz.
Parece-me não ser caso para pânico. A ciência deve prosseguir com seus estudos, eventualmente descobrir que há outros fatores que poderiam neutralizar a geração de metano, e voltar tudo ao que era antes. Já estamos acostumados com o vai e vem das descobertas científicas, onde as coisas ora são, ora deixam de ser.
No entanto, há mito trabalho a fazer em todos os setores da lista maldita para tentar diminuir a geração do efeito estufa, inclusive na questão dos aterros sanitários. Mas não sei se reflorestamento generalizado seria o melhor caminho. Claro que a proteção de nascentes e margens de cursos fluviais é plenamente justificada, mesmo que a custo de geração de metano. Mas a simples transformação de campos agrícolas em florestas replantadas deve ser repensada à luz dos novos conhecimento científicos.


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