O Turismo amazônico acaba de sofrer mais um atentado. Piratas do rio atacaram o Amazon Dream, saquearam seus passageiros, roubaram dinheiro, joias, computadores, objetos eletrônicos diversos, documentos, aterrorizaram e humilharam, sem que os turistas ou a tripulação desarmada pudessem esboçar a menor resistência.
O barco estava fundeado diante de uma comunidade ribeirinha do Tapajós onde os turistas foram integrados á vida dos nativos, conheceram seus costumes, saborearam suas comidas, ouviram suas estórias e suas músicas, bailaram suas danças, adquiriram peças de artesanato, lembranças que levariam para suas vidas, para mostrar a seus amigos e dizer com orgulho e satisfação: Eu estive aqui!
Turismo amazônico do mais elevado grau, quinta essência de excursão ecológica bem idealizada e realizada de forma excelente, exemplo a ser seguido, um Norte para os que pretendem empreender na indústria turística nesta região, aula insuperável para todos os alunos dos cursos de Turismo da Amazônia.
Quando, meses atrás, o Amazon Dream adernou fustigado por intensa tempestade, pessoas que acorreram ao local, ao invés de socorrer as vítimas, saquearam o barco, levando mantimentos, vinhos e objetos de valor. Uma decepção para os proprietários da embarcação e uma vergonha para todos nós.
Naquela oportunidade, meu irmão Ney e eu escrevemos artigo, aqui publicado, tentando consolar e incentivar os empreendedores proprietários do Amazon Dream, cujo sonho não poderia terminar. Numa prova inconteste de amor por esta região e grande capacidade empreendedora os investidores franceses arcaram com os pesados prejuízos, trabalharam a mídia especializada, as agências de turismo, rearmaram o barco e voltaram a operar trazendo dezenas de turistas da França e outros países europeus, da América do Norte e até de São Paulo.
A recuperação dos prejuízos estava apenas começando quando nova desgraça se abate sobre o empreendimento. Agora são os piratas que armam o bote e atacam o Amazon Dream. Um choque para os turistas. Impacto tremendo sobre os empreendedores. Ameaça de destruição do mais bem concebido e mais belo projeto de turismo ecológico da região do Tapajós e Baixo Amazonas.
Se Adenauer Góis conhece alguma coisa de Turismo, por menor que seja, saberá que o impacto não é localizado apenas no Amazon Dream, seus passageiros e seus proprietários. É um ameaça ao próprio conceito de turismo ecológico amazônico. Ninguém embarcará numa excursão com risco de ser assaltado, agredido, assassinado.
O Secretário Estadual de Turismo deve exercer a máxima pressão sobre o Secretário de Segurança para que os bandidos sejam imediatamente identificados e presos, os bens recuperados e devolvidos, que o exemplo seja dado, que os piratas se atemorizem, e que desculpas sejam dadas aos turistas que demonstraram grande compreensão e permaneceram na excursão até o final. Esses turistas devem ser adequadamente homenageados e os empreendedores incentivados por todos os modos, inclusive com a compensação dos prejuízos sofridos e as indenizações que fizeram.
O Secretário Municipal de Turismo também pode e deve fazer sua parte, demonstrar aos turistas que partem o quanto esta terra é de fato hospitaleira, comprovar aos empreendedores que o Turismo é prioridade para o governo do município promovendo incentivos para que o projeto Amazon Dream continue, prospere e se reproduza.
Está na hora da Polícia Federal criar Guarda Fluvial para patrulhar os rios da Amazônia. Esta não é a primeira vez que piratas atacam, inclusive já houve mortes com repercussão internacional. Nossos rios estão completamente desguarnecidos, a pirataria cresce e o contrabando de armas e drogas prospera sem ninguém interfira para coibir o crime organizado. O Estado está completamente ausente. É tempo de mudar.
Uma profunda nostalgia me amargura o coração, uma sensação de impotência desvalida. O Estado não nos protege, os bandidos nos agridem, saqueiam e humilham. Será que teremos que nos proteger a nos mesmos, adquirir armar, contratar milícias, fortalecer castelos? Até quando sofreremos tais vilipêndios sem reagir? Até quando assistiremos promessas de indústrias florescentes serem destruídas por malfeitores? Digam-me, por amor de Deus, onde está a polícia?
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