Santarém, 18 de março de 2008
Durante a campanha eleitoral para o governo do Estado do Pará, Ana Júlia e Jader Barbalho montaram a coligação, que lhes daria a vitória, trocando apoio político por parceria na administração do futuro governo do Pará. Até ai, nada mais do que um acordo político usual em todas as democracias, principalmente em sistemas parlamentaristas, mas também praticado em regimes presidencialistas.
O que se revelou, logo após a posse d'Ana Júlia, foi que tal acordo é, de fato, conchavo concedendo feudos administrativos ao PMDB, reserva de domínio para nomeações, contratação de pessoal e compras com e sem licitações nos dispêndios com materiais, equipamentos e obras, onde o PMDB revelou a face cruel de parceiro infiel, execrável e incompetente.
O PMDB presta enorme desserviço a Santarém, ao Oeste do Estado e ao Pará todo. O histórico da administração do Hospital Regional é contínuo desenrolar de ganância política na tentativa de estabelecer ali seu curral eleitoral, de incompetência na formulação e execução de estratégias políticas, na falta de critérios na gestão da Secretaria de Saúde e do próprio Hospital.
O ranço da tradicional forma de governo das oligarquias que permeia esse partido é patente em todos os atos dos comandantes do PMDB com suas práticas políticas de clientelismo, de se assenhorearem de postos-chave para deles tirarem proveito pessoal e político. Mas nada disto é de estranhar conhecendo-se os protagonistas, tanto locais quanto os regionais e estaduais desse partido.
Tão grave e condenável, mais ainda, pela responsabilidade na qual está investida, é a displicente e alienada forma como Ana Julia olha para outro lado enquanto seu parceiro tripudia sobre o povo do Oeste e de Santarém. A condescendência com que a Governadora afaga e deixa agir livremente, impunemente, os celerados que afligem nossa população. A ética foi relegada ao chiqueiro, o que importa é a manutenção da parceria para as próximas eleições e as que se seguirão. A moral foi conspurcada na lama dos interesses mesquinhos, o que vale é manter a capacidade de nomear e gastar o dinheiro público sem medidas e sem controles.
O resultado é o que todos sabemos. Um hospital moderno, recém construido, quase totalmente equipado, pouco faltando para estar completo com os implementos mais sofisticados, que poderia oferecer serviços e tratamentos que nem os melhores hospitais e clínicas particulares estão equipados, até mesmo os de Belém. No entanto, permanece inútil, deteriorando-se, pouco a pouco sofrendo erosão do canibalismo de peças e equipamentos, enquanto a população de toda esta região sofre com falta de assistência médica.
É a mais completa carência de ética administrativa, de sentimentos, de compaixão com os que sofrem, de respeito aos cidadãos, é o total menosprezo por parte da Governadora ao povo que a elegeu massiçamente nesta região.
Ao conluio Jader-Ana Júlia associa-se a cumplicidade de toda a cadeia de lideranças de seus partidos. São cúmplices ao não protestarem energicamente. São cúmplices ao aceitarem passivamente a agressão. São comparsas no crime que se comete contra cada um de nós e a eles próprios que precisamos ou poderemos precisar do Hospital Regional.
Oxalá o povo desta região jamais esqueça tal desserviço e tamanha traição às suas esperanças.
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