11 de março de 2008

O PSM de Maria do Carmo

Santarém, 12 de março de 2008

 

À Ilma.sra.         

Dra. Maria do Carmo Martins

DD Prefeita Municipal de Santarém.

 

Minha querida Maria,

Você sabe, e reafirmo, da minha admiração, respeito e benquerença por você. Estou aqui para apelar ao sentimento que constituiu a base da filosofia de vida de seu pai, e também da sua: a compaixão. Compaixão que só os corações mais nobres sabem possuir e que o caso que relatarei está a requer.

No final da tarde de segunda-feira, três de março de dois mil e oito, Valdinéia Lima Barbosa, de vinte e quatro anos, solteira, doméstica, sofreu um acidente de moto. Às dezenove horas e trinta minutos Valdinéia entrou no Pronto Socorro Municipal com fratura exposta na perna esquerda. A ponta do osso quebrado aparecia na dobra da perna. Um curativo foi realizado e a paciente permaneceu na maca da sala de pronto atendimento por toda a noite de segunda para terça, este dia todo, e só foi transferida para o leito dezoito do centro cirúrgico na quarta-feira, quando lhe disseram que seria operada.

Apesar do sofrimento, atenuado no possível pela dedicação impotente das enfermeiras que poucos recursos dispõem, Valdinéia não foi operada nem na quarta, nem na quinta, nem na sexta ou no sábado, muito menos, no domingo. Sete dias sem atendimento. Sete dias sem prestação de socorro, porque não considero atendimento empurrar com a barriga uma providencia que deveria que ser imediata.

No domingo, numa reunião social, tive a felicidade de encontrar meus amigos Dr. Emanuel, Secretário Municipal de Saúde e sua esposa, Dra. Francimeire, Diretora do Hospital Municipal. Cumprimentei-os pela campanha contra a dengue. Também relatei o infeliz caso de Valdinéia. Dr. Emanuel me fez a honra de explicar cientificamente as razões pelas quais operações não possam ser realizadas e que uma destas poderia ser o caso. Dr. Emanuel sugeriu a Dra. Francimeire que procurasse se inteirar do caso na segunda-feira.

Estou muito honrado pelas detalhadas explicações de Dr. Emanuel. Aliás, devo a ele pedido de desculpas por ter levantado questão profissional em reunião social. Realmente, grande inconveniência de minha parte abordar tão desagradável assunto numa festa onde todos estão para se divertir.

Mas, se em lugar de Dr. Emanuel, fosse Dr. Everaldo, seu pai, ou Dr. Waldemar Penna, nosso saudoso amigo, a quem eu relatasse o sofrimento de Valdinéia, estou certo de que a coisa não ficaria apenas numa divagação sobre hipotéticas razões médicas para tão flagrante e odiosa omissão de socorro. Certamente, providências imediatas seriam tomadas.

Na manhã de segunda-feira, dia dez, mais uma vez, o cirurgião (sei mas não quero citar o nome) informou à paciente que a operação não se realizaria. Foi então que Zando, cunhado de Valdinéia, chegou com um repórter de TV e questionou energicamente o médico. Imediatamente, tudo o que era necessário foi providenciado, os pinos e todo o material que faltava apareceram, a paciente logo estava preparada e pronta para ser operada. A operação começou por volta do meio-dia e meia. Continuo apreensivo.

O caso de Valdinéia é emblemático da imundície, desleixo, displicência, arrogância, desorganização, incompetência e indiferença com o sofrimento humano que imperam no Pronto Socorro Municipal.

É por isto que apelo à sua sensibilidade de mulher, ao amor e à compaixão que são marcantes características suas, para que use a autoridade que lhe demos com nosso voto e faça mudar esta insuportável vergonha para você e para todos nós que amamos esta cidade e este povo.

Atenciosamente,

De seu admirador,

Sebastião

Um comentário:

O Fantasma de Chet Baker disse...

Oi sebastião,
amei o seu blog. Se vc quiser, mas só se quiser, dê uma passadinha no meu.