(Bodas do Amazonas com o Tapajós - Encontro das Águas)
Sebastião Imbiriba, Santarém 22-02-2007.
Escarlate fimbria matinal do Sol
No horizonte verde da floresta imensa,
Fita altos gelos do gigante Andes
E as alvas neves da montanha branca
Despertam o Astro, em ofuscante brilho,
E o fazem erguer-se, enamorado e quente,
Sem cuidar da amada, em seu desejo louco,
Aquece-a tanto, em seu fulgor celeste,
Que a faz chorar em estertor de gozo.
São estas lágrimas de paixão ardente
Que escorrem frias no basalto negro,
Sagrado líquido... insensíveis rochas...
Despencam livres... temerário salto!
Encontram logo a planície vasta
Por onde fluem, chorando mágoas
Do infiel amante que se deita avante
Com o Mar da Paz pro amor da noite.
As nuvens cinzas, que a tudo assistem,
Têm dó profundo das águas tristes
E também choram torrentes francas,
Aliviando a dor de quem tanto sofre
Por tanto arroubo... tão pouco amor!
As duas águas, agora unidas,
De alvas neves e escuras nuvens,
Disparam juntas, rumo d'Atlântico
Cortando matas, mitigam a sede
D'Amazonas nuas buscando pares,
As águas ocres do longo rio
Fluem fogosas, do Tapajós sedentas,
Que logo esposam, em estreito laço
Do matrimônio que não tiveram.
Cingem as águas dos grandes rios,
Impetuoso enlace, arrebatados beijos,
Línguas sedentas de encontrar depressa
Ventres abertos, entrâncias fáceis,
Descobrem logo responder com fogo
Avanços loucos de desejo ardente
E se penetram em extasiante ardor,
Completo êxtase, prazer e amor
Que estende e alonga até o fim do mundo
Onde as acolhe... o Oceano... sem fim.
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