Bolsonaro foi por muito tempo uma espécie de líder sindical que a Polícia Militar não pode ter e que, para se eleger e reeleger várias vezes, faz declarações aberrantes cujas reações repercutem na mídia por longo tempo, tanto espontaneamente, quanto reagindo com pavio curto a provocações que constantemente recebe exatamente por isto. Ele sabe e aproveita o quanto essa tática representa em votos nas urnas e é assim que ele ganha eleições.
Lula, após três eleições agressivas ao
extremo representando o líder sindical, percebeu que a sociedade estava farta
de agressividades. Então, vestiu ternos Armani e se transformou no estadista
Lulinha paz e amor, e venceu. Mas o humor do povo mudou e, Bolsonaro,
percebendo o quanto a maioria conservadora do eleitorado estava aborrecida com
Mensalão e Petrolão de Lula, e recessão econômica e incompetência política de
Dilma, personificou essa raiva que o elegeu.
Bolsonaro se elegeu, assumiu e sofreu
muitos revezes do sistema corrupto que herdou, muitas vezes por continuar com
pavio curto e não perceber que o período eleitoral havia terminado e, agora, a
tática deveria se adequar ao novo campo em que teria que atuar
Ele achava que ganhar eleição lhe daria poder. Custou a aprender duas coisas: primeiro, fala mansa é mais eficaz quando se quer conquistar e aliar poder ao cargo que ocupa; segundo, que poder, em seu caso, teria que ser conquistado, tanto com fidelização dos se elegeram surfando na sua onda, quanto com a cooptação sistemática do melífluo Centrão, para garantir maioria em um Congresso criado para ser parlamentarista em regime presidencialista. Parece que só agora leu O Príncipe de Maquiavel. Mas, a duras penas e pouco a pouco, está aprendendo.
A par de seus defeitos, Bolsonaro
possui uma grande virtude. Ele é humilde. Reconhece e tenta corrigir seus
erros. Assim como reconhece suas insuficiências em vários campos,
principalmente na economia. Por isso nomeou ministros como Paulo Guedes,
Tarcísio, Teresa Cristina e outros cujos
nomes não me ocorrem agora, mas quase todos muito competentes em suas áreas.
Por sorte do povo
brasileiro, infelicitado por séculos de corrupção, a mesma raiva que elegeu
Bolsonaro renovou o Congresso com candidatos conservadores que, apesar de não
se alinharem em tudo com o novo presidente e lhe infligir algumas derrotas,
aceita as ideias de Paulo Guedes como alternativa desejável ao que se praticou
na área econômica no Brasil até agora.
Em consequência,
projetos como reforma da Previdência, marco regulatório do saneamento, reforma
tributária e outros, são ou serão debatidos e aprovados, reestruturando a
administração pública e a economia brasileiras, dando-lhes maior eficiência,
dinamismo e competitividade.
Não fosse a pandemia
do coronavirus, o Brasil já estaria saindo da recessão e voltado a criar
riqueza a taxas que, dentro em pouco, se aproximariam de dez por cento ao ano.
E riquezas que poderiam alimentar programas como o Renda Brasil, de grande
alcance social e única solução para o desemprego sistêmico gerado pela
robotização e a inteligência artificial.
Tudo isto porque
Bolsonaro, um nacionalista recém convertido ao
neoliberalismo, apesar de seus defeitos e
deficiências, é um patriota sincero, bem intencionado, humilde e
fiel ao seu eleitorado conservador, de maioria evangélica e católica
tradicionalista.
Bolsonaro é presidente democraticamente
eleito e empossado, precisa, deve e merece a chance de terminar seu mandato com
o mínimo de tranquilidade, cumprir suas promessas eleitorais e executar seu
plano de governo.
Basta não cometer os mesmos erros
políticos de Dilma.