3 de junho de 2018

Petróleo, Geisel, Temer e caminhoneiros.


Em 1973 a OPEP aumentou o preço internacional do barril de petróleo, de 3 para 12 dólares, dando início a escalada de custos, forçando os países consumidores líquidos de petróleo a entrar em recessão e reajustarem-se à nova situação. A Alemanha, por exemplo, procedeu a grande e rigorosa reestruturação de seu sistema produtivo educacional-industrial visando alta eficiência aliada a alta qualidade.
Em poucos anos os preços dos países exportadores de petróleo foram plenamente compensados pela maior produtividade industrial dos países importadores de petróleo que retomaram o desenvolvimento econômico-social financiado exatamente pelos petrodólares dos sheiks árabes.
O Brasil, ao contrário de assumir sacrifícios e se reajustar, a partir do governo Geisel, passou a contrair empréstimos externos, principalmente do FMI, para financiar o abastecimento de combustíveis sem maiores sacrifícios imediatos aos consumidores.
Note-se que, desde o governo Juscelino (1956 a 1961), portanto, antes da primeira crise do petróleo, em 1973, a nação sofria as disfunções de inflação fora de controle.
A consequência da política de retenção de preços dos derivados de petróleo às custas de endividamento externo e da inflação galopante se estenderam durante mais de vinte e cinco anos, do governo Geisel aos de Figueiredo, Sarney, Color, Itamar e FHC, e só foram vencidas no governo Lula, graças a dois fatores concomitantes: o Plano Real instituído por Itamar e a bonança dos preços externos dos produtos primários agrícolas e minerais exportados pelo Brasil.
O governo Dilma sofreu de dois males, o abandono da política econômica consolidada por Pedro Malan e prosseguida por Antônio Palocci, e a queda dos preços internacionais dos produtos primários. Estes problemas geraram a presente recessão econômica que se arrasta, já pelo quarto ano, cujas perspectivas de solução foram destruídas pela greve de caminhoneiros.
A solução encontrada pelo governo Temer, em 2018, para dar fim à greve de caminhoneiros, realocar verbas do orçamento do governo federal já enormemente deficitário para compensar a Petrobras pela redução no preço do óleo diesel pago pelo consumidor, pode ter consequências tão maléficas e duradouras quanto a adotada por Geisel em 1973.
A recessão duradoura, o agravamento desta pela greve caminhoneira, a “solução Temer” para reduzir o preço do diesel, e a possível continuidade de alta dos preços internacionais do petróleo constituem componentes ideais para a tempestade perfeita que se avizinha.
A nação brasileira dispõe, talvez, de quatro a sete meses para vislumbrar possível solução para esta terrível ameaça. É o tempo para que surja liderança confiável, tanto para o eleitorado, quanto para o mercado, com um programa e uma equipe com credibilidade suficiente para reverter expectativas, criar confiança e dinamizar a economia nacional.
A eleição presidencial de outubro deste 2018 é crucial para essa reversão.

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