Em 1973 a OPEP aumentou o preço internacional do barril de
petróleo, de 3 para 12 dólares, dando início a escalada de custos, forçando os
países consumidores líquidos de petróleo a entrar em recessão e reajustarem-se à
nova situação. A Alemanha, por exemplo, procedeu a grande e rigorosa reestruturação
de seu sistema produtivo educacional-industrial visando alta eficiência aliada
a alta qualidade.
Em poucos anos os preços dos países exportadores de petróleo
foram plenamente compensados pela maior produtividade industrial dos países
importadores de petróleo que retomaram o desenvolvimento econômico-social
financiado exatamente pelos petrodólares dos sheiks árabes.
O Brasil, ao contrário de assumir sacrifícios e se reajustar,
a partir do governo Geisel, passou a contrair empréstimos externos,
principalmente do FMI, para financiar o abastecimento de combustíveis sem
maiores sacrifícios imediatos aos consumidores.
Note-se que, desde o governo Juscelino (1956 a 1961),
portanto, antes da primeira crise do petróleo, em 1973, a nação sofria as disfunções
de inflação fora de controle.
A consequência da política de retenção de preços dos
derivados de petróleo às custas de endividamento externo e da inflação
galopante se estenderam durante mais de vinte e cinco anos, do governo Geisel aos
de Figueiredo, Sarney, Color, Itamar e FHC, e só foram vencidas no governo Lula,
graças a dois fatores concomitantes: o Plano Real instituído por Itamar e a
bonança dos preços externos dos produtos primários agrícolas e minerais
exportados pelo Brasil.
O governo Dilma sofreu de dois males, o abandono da política
econômica consolidada por Pedro Malan e prosseguida por Antônio Palocci, e a
queda dos preços internacionais dos produtos primários. Estes problemas geraram
a presente recessão econômica que se arrasta, já pelo quarto ano, cujas
perspectivas de solução foram destruídas pela greve de caminhoneiros.
A solução encontrada pelo governo Temer, em 2018, para dar
fim à greve de caminhoneiros, realocar verbas do orçamento do governo federal já
enormemente deficitário para compensar a Petrobras pela redução no preço do
óleo diesel pago pelo consumidor, pode ter consequências tão maléficas e duradouras
quanto a adotada por Geisel em 1973.
A recessão duradoura, o agravamento desta pela greve
caminhoneira, a “solução Temer” para reduzir o preço do diesel, e a possível
continuidade de alta dos preços internacionais do petróleo constituem
componentes ideais para a tempestade perfeita que se avizinha.
A nação brasileira dispõe, talvez, de quatro a sete meses
para vislumbrar possível solução para esta terrível ameaça. É o tempo para que
surja liderança confiável, tanto para o eleitorado, quanto para o mercado, com
um programa e uma equipe com credibilidade suficiente para reverter expectativas,
criar confiança e dinamizar a economia nacional.
A eleição presidencial de outubro deste 2018 é crucial para
essa reversão.
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