Embora não
comungue dos mesmos ideais, sou, ou era admirador do Partido dos Trabalhadores.
O PT e seu líder
máximo são plenos de incongruências: não assinar a Constituição de 88, votar
contra o Plano Real e contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, manter o imposto
sindical, etc., etc.
Apesar disso, o
Partido dos Trabalhadores possuía algo raro em outras agremiações, uma áurea
que perdeu pelos caminhos do poder (o poder corrompe), a pureza de vestal que
sua imagem refletia perante o mundo político.
Ainda assim,
admiro muito a tenacidade dos petistas - inclusive de alguns parentes e amigos
muito chegados - em não dar o braço a torcer, em não reconhecer a culpa de seus
líderes pelas bombas que continuadamente o PT faz explodir em seu próprio colo.
Quando tudo vai
ruim - hospitais fechando leitos com enfermos espalhados pelo chão, dengue
grassando solta, economia em frangalhos com indústria deteriorada
desempregando, criminalidade desenfreada, ensino desorganizado, escândalos de
corrupção pipocando a toda hora e em toda parte, governo sem liderança e
politicamente desarticulado - os petistas sempre encontram algum NÃO fato, um
factoide ou algo requentado, de preferência velho de mais de quinze anos, para dizer
aos brasileiros e ao mundo “somos apenas iguais aos canalhas que nos
precederam, eles também faziam caixa dois, também recebiam propinas, também
eram corruptos”, como se o erro alheiro justificasse ou desculpasse o próprio
crime. Tudo numa vã tentativa de desviar a atenção ao perigo que o país corre
de desorganização completa da vida nacional, de recessão profunda e inflação
galopante, de falências e desemprego.
Mas isso faz
parte desse espírito forte e lutador dos verdadeiros petistas. Eu os admiro por
isso, mas gostaria que essas pessoas queridas não tivessem que forçar a
consciência para continuar essa luta inglória. Preferiria que todo esse brio,
toda essa tenacidade se voltasse para a verdadeira luta, para o expurgo de seus
corruptos, para a catarse depuradora de ideais conspurcados, para readquirir a
força moral com que o partido participou da redemocratização do país e liderou
o impeachment do Collor, para a refundação do Partido dos Trabalhadores nos
ideais de pureza republicana que tanto encantaram os simpatizantes e tanta inveja
causaram aos adversários.
O Brasil precisa
desse PT recriado, expurgado e depurado. Serão os petistas capazes de fazer
isto? Estão à altura deste desafio histórico? Ou suas lideranças estão de tal
modo comprometidas que impossibilite essa homérica tarefa?
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