Quem
é o responsável? O comandante é sempre o responsável pela vitória ou derrota, por
chegar a porto seguro ou naufragar, e é sempre o último a abandonar o navio. A
culpa de comandante anterior não elimina a responsabilidade do atual. Vejamos
alguns comandantes:
Sarney
conduziu o Brasil durante a redemocratização, mas aumentou a inflação a níveis
nunca vistos até então, e não combateu a corrupção. A corrupção aumentou.
Collor
iniciou a modernização do Estado, mas paralisou o país ao sequestrar as
economias dos cidadãos e das empresas, e não combateu a corrupção. A corrupção
aumentou mais.
Fernando
Henrique criou o Plano Real, mas foi responsável pelo Apagão, e não combateu a
corrupção. A corrupção aumentou mais ainda.
Lula
converteu várias bolsas na grande Bolsa Família, mas deixou o Mensalão
acontecer na sala ao lado e, pelo que estamos sabendo, não evitou e não
combateu a corrupção nas estatais, principalmente na Petrobras. Pelo contrário,
promoveu a corrupção generalizada ao leiloar cargos em repartições e estatais. A
corrupção extrapolou.
Dilma
prosseguiu com Bolsa Família. Ainda ministra de Lula e depois como presidenta, controla
a Eletrobrás na qual criou caos financeiro e energético, não combateu a
corrupção nas estatais, principalmente na Petrobras. Pelo contrário, amamentou
a metástase da corrupção com a distribuição de cargos a vilões comprovados. A
corrupção explodiu.
Em
doze anos de governo do PT, seus dois comandantes supremos dividiram
ministérios, repartições e estatais em satrapias a cargo de políticos sedentos
por se enriquecerem a qualquer custo. Lula e Dilma colocaram ratos a tomar conta
do navio, comer mantimentos, corroer o casco, infectar a tripulação e deixá-lo
à deriva em mar encapelado.
É
esse barco que deve ser conduzido a porto seguro. Para isto se requer
comandante à altura do desafio. Será Dilma capaz de fazer navegar tal barco em
tal oceano?
O
que estamos presenciando é o esgarçamento dos sistemas, o da corrupção, atacado
pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pelo Judiciário, e o do governo
que perde capacidade de conduzir o país.
A
corrupção na Petrobras será conduzida pela Justiça e todos nós acreditamos que
corruptos e corruptores acabarão na cadeia. Será a sanitização da Petrobras e
exemplo para outros malfeitores. Felizmente, a Petrobras conta com um quadro
funcional correto e competente que saberá extirpar corpos infectados de seu
meio e recuperar o prestígio da empresa.
Já a governabilidade,
longe de depender das boas graças da base parlamentar em um Congresso venal, manhoso
e exigente de recompensas, dependerá fundamentalmente da conquista de apoio
popular, não por passes de mágicas marqueteiras, mas por atos que restaurem a
credibilidade perante o mercado, principal formador de opinião, que se
manifestará nas prateleiras e nas etiquetas dos supermercados.
A
revolta dos caminhoneiros é mais uma faceta de um monstro de muitas caras que
ameaça a governabilidade. A atitude do governo perante as manifestações dos
caminhoneiros será crucial para enfrentar as prometidas manifestações do
próximo quinze de março. Terá Dilma a firmeza de atitudes aliada à habilidade
política à altura desse enorme desafio?
Joaquim
Levy tem que correr a toda velocidade atrás do prejuízo que se acumula há mais
de oito anos, vencendo barreiras, as amigas ainda mais terríveis que as
inimigas. Mas ele corre só. Sem a liderança da presidenta, firmemente e
declaradamente empenhada na responsabilidade fiscal, na recuperação da
credibilidade, nada de bom vai acontecer e a deterioração da governabilidade
prosseguirá até um fim melancólico que não sabemos qual será.
Vamos
acompanhar a odisseia dessa nau em oceano tormentoso.
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