20 de junho de 2012

Rio +20, Parte V – O futuro que queremos.


Um monte de diplomatas regiamente pagos pelos povos que constituem as Nações Unidas se reuniu por meses em Nova Iorque e agora no Rio de Janeiro para produzir uma das peças mais demagógicas e inócuas de todos os tempos. Ela se intitula “O futuro que queremos” e é o documento oferecido à apreciação da cúpula reunida na Rio +20.

Para se ter uma idéia, a peça inicia com a “Nossa Visão Comum” e seus primeiros quatro parágrafos são os seguintes:

“Nós, os Chefes de Estado e de Governo e representantes de alto nível, reunidos no Rio de Janeiro, renovamos nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável, e com a promoção de um futuro economica, social e ambientalmente sustentável para nosso planeta e para as presentes e futuras gerações”.

“Erradicar a pobreza é o maior desafio global que o mundo enfrenta hoje e requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Neste sentido estamos empenhados em libertar a humanidade da pobreza e da fome como uma questão de urgência”.

“Concordamos, portanto, com a necessidade de melhorar o desenvolvimento sustentável em todos os níveis, integrando aspectos econômicos, sociais e ambientais e reconhecendo suas interligações, de modo a alcançar o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões”.

“Reconhecemos que erradicar a pobreza, mudar padrões de consumo e produção insustentáveis e promover os sustentáveis, proteger e gerir os recursos naturais, base do desenvolvimento econômico e social, são os objetivos primordiais e requisitos essenciais para o desenvolvimento sustentável. Também reafirmamos a necessidade de alcançar o desenvolvimento sustentável através de: promoção do crescimento económico sustentável, inclusivo e justo, criando maiores oportunidades para todos, reduzindo desigualdades, elevando padrões de vida básicos; promover eqüitativo e inclusivo desenvolvimento social; promover gestão integrada e sustentável dos recursos naturais e ecossistemas que suportam, entre outros,  o desenvolvimento económico, social e humano, e ao mesmo tempo, facilitar a conservação, regeneração, restauração e resiliência do ecossistema e diante de novos e emergentes desafios”.

Palavras bonitas, intenções maravilhosas que se extendem por 49 páginas inúteis, mas que poderiam significar muito se fossem acompanhadas dos meios de as tornar realidade.

Estou fechando esta crônica na manhã do primeiro dia de reunião dos chefes de estado no Rio Centro, portanto, no momento exato em que se iniciam os debates. Impossível saber o que os poderosos do Mundo vão fazer com esse documento. No entanto, se reis, presidentes e primeiro-ministros ainda não deram a palavra final quanto ao futuro que queremos, prefeitos das quarenta maiores metrópoles já decidiram o futuro que podemos fazer.

Tive a felicidade de visitar a exposição “Humanidade 2012” e de assistir a debates no Auditório da Humanidade, no Forte Copacabana,  onde 40 prefeitos se reuniram, mostraram o que já estão fazendo e, por fim, decidiram o que podem por si próprios fazer daqui por diante. São mediadas práticas que uns podem copiar dos outros, aperfeiçoar e passar adiante. Enorme passo à frente no caminho da sustentabilidade.

Em um intervalo da reunião dos prefeitos, me aproximei de um grupo que tomava cafezinho e discutia questões ambientais. Um deles perguntava se o aquecimento global é bom ou ruim para a humanidade e insistia em dizer que se o gelo sumisse da Groenlândia a grande ilha tornaria a justificar o nome que lhe foi dado a mil e quinhentos anos: Terra Verde. Imensas áreas, do Alaska à Groenlândia, da Noruega ao extremo Leste da Sibéria seriam abertas à agricultura e à pecuária, mais do que dobrando a extenção atual das áreas cultiváveis.

Acho o argumento interessante. Históricamente, os grandes avanços tecnológicos e cuturais da humanidade ocorreram simultaneamente com períodos de aquecimento. A temperatura elevada aumenta a velocidade e capacidade produtiva da terra, oferecendo maior quantidade de produtos a serem distribuidos, enriquecendo os povos e suas culturas. Portanto, aquecimento global, ao contrário de ser uma catástrofe, poderia ser enorme benesse para os bilhões de pessoas que se acrecentarão à atual população do Planeta nas próximas décadas.

Se alguns podem antever futuros sombrios, outros podem profetizá-los radiantes e, embora tenha sido esta apenas descompromissada conversa de cafezinho, à margem  do grande evento, acho que o tema deveria ser melhor analizado pela possibilidade de que talvez nos abra novas e brilhantes perspectivas de futuro.

Um comentário:

Patricia Maltez disse...

AMEI A VISÃO POSITIVA REFERENTE AO AQUECIMENTO GLOBAL! CONFESSO QUE PREFIRO LUTAR CONTRA ELE DO QUE ESPERAR O AUMENTO PARA AOS POUCOS ME ADAPTAR. SEI QUE ILHAS MARAVILHOSAS E LUGARES PERFEITOS ESTÃO PERTO DE SUMIR, MAS ACREDITO QUE NOVOS LUGARES PARADISÍACOS SURGIRÃO E VEJO UMA VIDA SUSTENTÁVEL COMO ATO DE ALTRUÍSMO.
MUDAR SEMPRE É BOM E BUSCAR A SUSTENTABILIDADE É MUDAR PARA MELHOR!