Na página 89 da edição de março de 2007 da Revista de História da Biblioteca Nacional, encontrei notícia de carta da alforria passada pelo jovem proprietário de uma escrava. A incongruência e imoralidade de uma sociedade escravista me fazem usar palavras do alforriante ao transformar drama em poesia.
Alforria
Neste ano da Graça de 1869,
Perante o Notário
Da comarca de Campinas,
Província de São Paulo,
Digo eu,
Isidoro Gurgel Mascarenhas,
Que, entre os mais bens que possuo,
Sou senhor
E possuidor
De uma escrava,
De nome Ana,
Que herdei de meu pai,
Lucio Gurgel Mascarenhas.
E, como a referida escrava é minha...
Verificando-se minha maioridade, hoje,
Pelo casamento, de ontem,
Por isto achando-me com direito,
Concedo à referida...
Plena liberdade,
A qual concedo de todo meu coração,
Pois que, Ana, escrava minha,
Que foi de meu pai,
É também... minha Mãe.
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