24 de fevereiro de 2008

A volta do boom do ouro?

O ciclo do ouro no Oeste do Pará trouxe muita prosperidade para a região e deixou enorme vazio econômico quando terminou. A par disto, alguns problemas sociais e agressões ao meio ambiente, principalmente o envenenamento dos rios pelo uso do mercúrio.

O que aconteceria se no correr dos próximos anos ocorresse um novo boom do ouro nesta região? Podemos prever as conseqüências, boas e más? Que medidas preventivas deveriam ser antecipadas para prevenir os males e aumentar os benefícios?

Em meados de janeiro de 1980 o preço do ouro no mercado mundial atingiu o máximo histórico de US$ 2,210.00 por onça troy ou, convertido ao sistema métrico, US$ 70.97 por grama (Uma onça troy é equivalente a aproximadamente 31,1 gramas. 32,15 onças troy = 1 quilograma).

A partir desse pico, o preço internacional caiu abaixo de quatrocentos dólares e hoje se situa em torno de mil dólares por onça troy, ou seja, na época do boom do ouro em Santarém, o preço internacional chegou a R$ 125,00 a grama, ao câmbio de hoje porém sem descontar a inflação em dólar. Atualmente se situa em torno de R$ 55,00 por grama. O preço do grama no mercado de varejo local anda por volta de R$ 50,00. Mantidas as proporções, se dobrar o valor do ouro no mercado internacional, o preço no varejo de Santarém poderia atingir R$ 100,00 por cada grama.

O que faria o preço dobrar, talvez triplicar? Bem, desde 2001 o preço do ouro vem aumentando na média anual de quase trinta por cento, porém, este ano, a China, que jamais havia comercializado ouro no mercado aberto começou a fazê-lo em bolsa de contratos de futuros em quantidades acima de um quilograma por operação, que os compradores podem fechar com pagamentos de apenas sete por cento do valor do contrato.

A produção chinesa tem crescido nos últimos anos e em 2008 esse país pode se tornar o maior produtor mundial, saltando por cima da Austrália, da África do Sul e do atual número um, os Estados Unidos. Além disto, em 2007 a China ultrapassou os Estados Unidos como maior consumidor mundial.

Embora A China seja um país pobre, na relação per capita, as classes média e rica chinesas constituem um grupo equivalente a quase a população brasileira inteira. Basta imaginar o potencial econômico que isto representa para visualizar o que pode acontecer no mercado mundial de ouro. Além disto, a rápida desvalorização do dólar, devido ao crônico déficit americano, está induzindo muitos investidores globalizados a saírem das moedas para investir em metais preciosos.

Mas o que tudo isto tem a ver com nossos interesses locais? Pura e simplesmente, a atração que a explosão do preço pode provocar, geraria uma corrida ao ouro com grandes conseqüências para nossa região.

A primeira delas, seria uma corrida aos garimpos de aluvião, difícil de controlar, mesmo com grande esforço policial. Teríamos grandes contingentes de garimpeiros pululando em toda a Amazônia. A segunda, seria o boom econômico trazido por essa corrida, fazendo com que o comércio e os recém empregados apóiem os interesses dos garimpeiros. Finalmente, a poluição extensiva de nossos rios e a destruição das matas pela mineração desordenada.

Devemos ficar atentos à evolução do preço mundial do ouro, tanto para nos prepararmos para aproveitar a prosperidade decorrente da nova corrida ao ouro, quanto para prevenir os males que acompanham sua exploração desordenada.

 

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