Países desenvolvidos se queixam da
perda de empregos, mas possuem políticas sociais que protegem os desempregados,
enquanto povos do terceiro-mundo, vivendo abaixo da linha de pobreza,
necessitam desesperadamente de postos de trabalho. É certo que o desemprego
sistêmico, decorrente da automação e da inteligência artificial, cresce exponencialmente,
mas demanda capital vultoso e tem que concorrer com a mão de obra barata dos
países subdesenvolvidos, permitindo diminuição do ritmo da robotização e do
desemprego.
A globalização é democratizante e
equalizadora, distribui riqueza por toda parte, soergue populações da pobreza
extrema. Globalização - entendida como livre circulação mundial de pessoas,
bens, serviços e capitais - é ideal a ser perseguido para a prosperidade do
Homem e bem da Humanidade.
A pandemia do Covid-19, no
entanto, está demonstrando que tal ideal precisa de planejamento e
regulamentação supranacional, para evitar a monopolização da produção de certos
bens, de necessidade vital a todos os países, por nações que possuam alguma
vantagem competitiva intrínseca, como é o caso da imensidão populacional da
China, que a torna o maior mercado interno, cujo atendimento exige e provoca produção
industrial em escala extremamente elevada.
O mercado europeu unificado é
cerca de um terço, o norte-americano um quarto e o brasileiro apenas quinze por
cento do chinês. Os dois primeiros estão há muito na classe dos economicamente
desenvolvidos, portanto com pouca alavancagem para crescimento, porque as
necessidades básicas de seus povos já estão mormente satisfeitas. O Brasil é
forte candidato a rápido desenvolvimento porque tem muita gente carente de necessidades
tão básicas como rede de esgoto sanitário. Por outro lado, mais de quinhentos milhões
de chineses estão no nível de classe média baixa e inferior a esta, o que
significa quase duas populações dos Estados Unidos como mercado ansioso por
consumir e crescer.
Além disto, o povo chinês é
milenarmente submetido - e acostumado a obedecer - a governos ditatoriais, é extremamente
trabalhador e grandemente alfabetizado, ofertando mão de obra laboriosa,
disciplinada, instruída e barata, tudo o que a indústria precisa, a par de administração,
tecnologia e capital para se desenvolver de modo muito acelerado.
Os industriais e os trabalhadores
europeus e norte-americanos prosperaram e enriqueceram no pós guerra e se
tornaram gatos gordos que tudo o que querem é ficar dormitando no sofá. Não é
atoa que Europa e Norte-américa atraíram milhões de imigrantes para assumir
seus trabalhos servis e saíram pelo terceiro-mundo em busca de mão de obra laboriosa,
disciplinada, instruída e barata.
Quando Mao Tse-Tung ascendeu ao
panteão marxista abriu caminho para Deng Xiaoping realizar a “segunda revolução”,
política mista de estatização de poucos setores considerados estratégicos e liberação
dos demais para o empreendedorismo e o capital, tanto chineses quanto externos.
A partir de 1978, a China iniciou “grande marcha” para a prosperidade que, em
quatro décadas, a transformou no maior exportador de bens industriais do
planeta, ao ponto se ser hoje quase único fornecedor de alguns produtos e ameaçar
monopolizar, por exemplo, a quinta geração de internet móvel.
Neste momento de grande aflição causada
pelo coronavirus, o Mundo, em longa fila indiana, implora aos industriais
chineses por ventiladores pulmonares essenciais ao tratamento de casos graves de
pneumonia provocados por Covid-19.
Donald Trump, considerado por muitos como grosso e antipático,
com sua visão de empresário acostumado aos embates de interesses em negociações
milionárias, tem acuidade suficiente para perceber a enrascada à qual seu país foi
levado por políticos profissionais imediatistas sem visão estratégica de longo
prazo. Trump sabe que, além das vantagens competitivas inerentes à cultura chinesa,
a China subvaloriza de sua moeda, o yuan, tornando sua produção extremamente
atrativa diante do resto do mundo.
A campanha “America first” tem por finalidade devolver aos
Estados Unidos os empregos que foram levados a outras nações e evitar que
tecnologias de aplicação geral, como a G5, fujam do controle americano.
A constatação, pelo resto do mundo, de estar dependente da China,
quanto a equipamentos e insumos para tratamento médico, mesmo os mais simples,
como máscaras cirúrgicas, nesta crise do Covid-19, nos leva à reflexão sobre o
futuro do comércio globalizado e quanto às providências para diversificar fontes
de suprimentos.
Há muito, a China investe maciçamente em infraestrutura e
incentiva a produção de alimentos na África para se tornar menos dependente de seus
dois maiores fornecedores de proteína: Estados Unidos e Brasil.
Este exemplo deve ser emulado pelos demais países que, como o
Brasil, cuja indústria perde sucessivos embates com a China, não só pela menor
escala de produção, como por desvantagem cambial. Isto, no entanto, pode
conduzir a sucessivos fechamentos de mercados por barreiras burocráticas, sanitárias,
cambiais e fiscais, com retrocesso da globalização, que tanto tem contribuído para
difusão de riqueza pelo mundo, beneficiando nações extremamente pobres, como
Bangladesh, embora, como vemos agora, principalmente a China.
A ONU ou a OMC devem estudar esta questão e propor uma política comercial internacional que, ao mesmo tempo, promova a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais e evite a concentração de benefícios e monopólios em apenas um país ou região.
O mundo precisa de fontes alternativas, segundos fornecedores, para obter independência do estrangulamento chinês.
POR FAVOR, COMENTE.
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