27 de fevereiro de 2020

Do preconceito da esquerda contra militares


Jovens rapazes da tribo vizinha, aventureiros fogosos, resolveram fazer incursão na aldeia de Tanabi. Vieram eles furtivamente na madrugada, roubaram farinha e piracui e ainda levaram três mocinhas para se divertir com elas. Tanabi ficou deveras aborrecido. Juntou todos os jovens e homens mais vigorosos, prepararam bordunas, arcos e flechas, se exercitaram até se sentirem bem-preparados para a luta. Então esperaram por novo ataque. Quando os meliantes, confiantes e orgulhosos da aventura anterior, voltaram ao ataque, Tanabi e seus companheiros os surpreenderam com golpes tão terríveis que os invasores, estropiados e humilhados, fugiram às carreiras para nunca mais voltar. Mas Tanabi manteve seus orgulhosos companheiros sempre preparados e atentos para dissuadir qualquer mal-intencionado. É por isso que se intitulam guerreiros, isto é, fazedores de guerras.
Esta é também a origem das corporações militares, criadas a milhares de anos na Mesopotâmia, quando o Homem descobriu que plantar era melhor do que caçar e iniciou a agricultura do trigo cujos depósitos despertaram cobiça em nômades caçadores. Ali se criou o embrião dos exércitos, os quais se profissionalizaram quando a riqueza da agricultura se multiplicou, aumentando a cobiça e os ataques de tribos belicosas aos operosos e pacíficos agricultores. Mas estes agora podiam financiar dispendiosas estrutura militares para se defenderem adequadamente.  
Forças militares são como sistemas imunológicos que defendem o organismo de inimigos internos e externos, soldados emulam glóbulos brancos que atacam invasores indesejáveis causadores de doenças, sofrimento e morte.
Para cumprir corretamente suas funções, as forças armadas devem estar sempre bem treinadas e equipadas com instrumentos eficazes contra ataques inimigos. Isto requer estudos geopolíticos atualizados, investimento em pesquisa científica e tecnológica, em processos industriais e logísticos, em informação e contrainformação, todos altamente sofisticados porque inimigos estão sempre inovando e tornando obsoletos os sistemas de defesa e ataque dos adversários. E o militar tem que  estar sempre alerta porque inimigo ataca furtivamente, de surpresa.
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Os militares brasileiros guardam a memória de covardes assassinatos de seus camaradas pela  Intentona Comunista de 1935. Adeptos da ideologia da revolução armada e sangrenta se queixam da reação militar a seus macabros intentos. De parte a parte há antagonismo e ressentimento, mas os militares estão do lado da legalidade constitucional e tem por finalidade defender a nação e o Estado Brasileiro contra inimigos internos e externos.
Os reveses esquerdistas pela ação militar brasileira, constitucional e patriótica, coibidora, repressiva e preventiva de sangrentas revoluções marxistas, gera antagonismo e dá origem ao preconceito da esquerda contra defensores de nossa democracia. Uma faceta dessa descriminação é a pecha de que todo militar é bronco e ignorante, o que é falso. A arte da guerra é sofisticado exercício intelectual, no qual o mais inteligente e mais culto pode vencer o mais poderoso melhor equipado, e é por isso que grande número de  oficiais das forças armadas são intelectualmente tão bem preparados por instituições militares do mais alto nível, onde se estudam os mais variados e importantes temas considerados no planejamento da defesa nacional.
Tal descriminação é mero despeito de derrotados.

23 de fevereiro de 2020

De como a política afeta relações familiares


Considerando certas reações a opiniões emitidas em redes sociais e mesmo em colóquios familiares eu e Nancy convidamos à reflexão sobre diferenças de opinião e desencantos com a situação econômica, política e social local e global. Vamos primeiro a estes.

Eu tinha oito ano quando li, nas manchetes de jornal, notícias da invasão da Polônia pelo exército germânico e a declaração de guerra de França e Inglaterra à Alemanha. No cinco anos seguintes acompanhei o desenrolar das batalhas pelo Mundo todo, vi meu pai ir aos Estados Unidos fazer curso preparatório para se incorporar à Força Expedicionária Brasileira que iria lutar na Itália (ele só não foi combater porque o Ministro da Guerra, General Dutra, o vetou dizendo: “o que vais fazer na guerra deixando mulher e oito filhos?”). Nessa hecatombe morreram mais de cinquenta milhões de seres humanos, entre civis e militares, e o desfecho da mortandade e da guerra se deu com duas bombas atômicas ceifando mais de duzentas mil pessoas, cada uma. Isto, fora os que foram dizimados em campos de concentração. De 1930 a 1945 o Brasil esteve sob o jugo ditatorial de Getúlio Vargas e seu carrasco Filinto Muller que, assim como o regime militar de 1964 a 1979, prendeu arbitrariamente, torturou e assassinou adversários políticos.
Portanto, nestes meus oitenta e nove anos, fui contemporâneo dos mais terríveis acontecimentos. Ainda hoje ocorrem em lugares como Síria e Afeganistão, mas nada que se compare a holocaustos e bombas atômicas. E o Brasil está muito longe disto.
Durante todo o período pós-guerra tenho assistido o Mundo mudar para melhor. A escassez de alimentos e a fome grassaram em Bangladesh, Ucrânia, China e tantos outros lugares, milhões de pessoas morreram à míngua. Pouco a pouco a revolução tecnológica na agropecuária gerou superávit e variedade alimentar de tal forma que o problema não é mais a falta de alimentos, mas sua má distribuição. Neste aspecto o Mundo está muito melhor.
Antes, qualquer infecção provocaria a morte e quase todas as doenças careciam de prevenção e tratamento. Hoje, com antibióticos, vacinas e tantos outros tratamentos avançados a expectativa de vida da Humanidade, que era de cerca de 45 anos, já supera os 75 na média global. Neste aspecto o Mundo está muito melhor.
Na grande maioria dos países há grande esforço em busca de educação de alto nível libertando suas populações da escravidão da ignorância e da pobreza. Devido a isto, muitas nações pobres e sem recursos naturais se tornaram prósperas e atuantes no comércio mundial. Neste aspecto o Mundo está muito melhor.
Todos os países civilizados, os mais ricos e mais igualitários, adotam regimes político-econômicos que usam a eficácia de mercados moderadamente regulados para criar a riqueza que distribuem através de serviços sociais. Neste aspecto o Mundo está muito melhor.
No imediato pós-guerra, a maioria das nações era governada por ditadores ou estava submetida a potências colonialistas. O colonialismo acabou e quase todos os países são democráticos, alguns mais imperfeitos que outros, mas os direitos humanos são hoje muito mais respeitados. Neste aspecto o Mundo está muito melhor.
O Brasil, após a Constituição de 1988, é um país democrático. Com imperfeições, temos que reconhecer, mas possui instituições republicanas fortes. Apesar do desemprego ainda afligir mais de onze milhões de nossos trabalhadores, segundo o FMI, em termos de poder de compra, a renda anual média per capta dos brasileiros em 2015 era de 15,615 dólares americanos, o da China 14,107 e a mundial 15,638, o que não nos coloca entre os mais ricos e nem no rol dos mais pobres. É incontestável que parcela considerável dos brasileiros gostaria de transformações rápidas, de grandes mudanças para um lado ou para outro conforme a visão política-ideológica de cada um, mas é igualmente certo que isto não afeta o senso de alegria de nosso povo, que demonstra “não estar nem ai” para política ou políticos, ou apesar deles. É só assistir o “nunca dantes visto neste país” incontável número de brincantes no mais democrático dos carnavais que são o dos blocos populares, os novo e os tradicionais. Neste aspecto o Brasil está tão ruim ou tão bom quanto o resto do Mundo.
Se o Mundo está muito melhor e o Brasil está a par com ele, não há justificativa para desânimo ou raia, nem lamento ou pessimismo, porque esta é excelente oportunidade de nos juntarmos todos em busca do aperfeiçoamento de nossa civilização.
Tratemos agora do fator político-ideológico nas relações interpessoais, principalmente no seio familiar. Há fatores que exacerbam as emoções quando se discute política, ou mesmo outros temas como religião ou esportes. Todos esses fatores são impossíveis de comprovação  cientifica, sendo meras crenças pessoais. A Humanidade tem sofrido imensos horrores provocados por crenças e preconceitos políticos e religiosos, milhões de seres humanos matam e morrem por uma divindade, um ídolo, um príncipe, uma ideia, uma fé. Alexandre e Napoleão jamais souberam os nomes dos soldados que os idolatravam ao extremo de dar suas vidas por eles. Os líderes atuais também não sabem de nossa existência como indivíduos, de nós que nos irritamos, agredimos e cortamos relações com nossos entes mais queridos, mais amados, aos quais devemos deferência e consideração, simplesmente por termos opiniões diferentes a respeito desses ídolos de pés de barro, todos eles simples seres humanos sujeitos a falhas como todos nós. Não vale a pena.
O pior de tudo é, quando no afã de defender nossos ídolos ou ideologias e atacar os alheios, passamos a agredir a dignidade da pessoa com quem dialogamos. Em lugar de manter o debate no plano das ideias, transpomos os limites da troca civilizada de opinião e baixamos o nível ao ponto de liberar e exibir os piores monstros do recôndito de nossa alma. Não vale a pena.
Resultado de imagem para imagem pazMuitas vezes, seres humanos imperfeitos que somos, arrogantemente exigimos perfeição de nossos parentes e amigos e mais ainda de seus líderes e ídolos, não admitimos preconceitos e exigimos linguajar politicamente correto, colocando peias na condição humana nossa e deles, negando-nos e a eles a leniência de humanamente cometer pecadilhos veniais. Não vale apena.
Reporto-me a dois grandes líderes que muito admiro, Gandhi e sua doutrina pacifista, e a Jesus que pregou o amor e ensinou que são bem aventurados os mansos de coração. A Humanidade precisa disto, de amor e mansidão, serenidade, espírito aberto e sorridente para as diferenças. Porque somos nós que construímos a civilização na qual desejamos conviver.