Queridos filhos, netos, bisnetos e seus consortes, todos muito amados e admirados, que são
o consolo e a alegria destes dois velhos, eu e minha amada Nancy.
Nós, brasileiros, vivemos num mundo de
tradição, cultura e ética de muitos milênios, talvez oito ou mais, que
denominamos civilização judaico-cristã, cuja maior celebração é o nascimento de
um homem que introduziu o amor como instrumento máximo de harmonia e paz para a
Humanidade: ama teu próximo como a ti mesmo. E é isto que festejamos hoje.
Então, queridos, vamos falar de
harmonia, de paz, de tolerância e de respeito. Outro dia, minha querida neta
Jaqueline postou um texto que nos coloca diante do dilema de ter razão ou de
ser feliz. Esta é uma reflexão importante e nos leva a pensar sobre o conceito
da própria felicidade.
Afinal, o que é felicidade? Creio que
podemos defini-la assim: Felicidade é o estado de espírito no qual nosso mundo
interior está em harmonia com o universo, o que nos proporciona prazer suficiente
e necessário.
Ou seja, a felicidade está dentro de nós.
Só não a encontramos enquanto lutamos com nossos próprios sentimentos ou com o
mundo exterior. Quando cessa essa luta inútil nossa alma pode se encher de
felicidade. Vale a pena vencer as batalhas de interesses, de conceitos, de
opiniões? Adotei para minha vida uma frase de Bertrand Russell: “Eu não morreria pelas coisas em que acredito porque posso estar errado”.
Defendo as ideias que me parecem
corretas, ou menos erradas, quando não há outras opções, mas apenas até o ponto
em que não ofenda a harmonia, a tolerância e o respeito pelo oponente. Há um
momento em que temos que escolher entre ter razão ou preservar nossa
felicidade. Afinal, o que é a vida senão nutrição, proteção, reprodução e busca da felicidade?
Quero agora falar um pouco de Amor. Embora
eu amasse e fosse apaixonado por Nancy desde o primeiro momento em que a vi, não
sabia exatamente o que era amor, até que me dei conta da grandeza do amor de
minha mulher por mim. Foi nesse momento que eu me abandonei, me entreguei totalmente
ao amor dela e a amei, e a amo para sempre.
Então, meus amados, festejemos a alegria
de estar junto, de abraçar e beijar, de querer bem, de amar.
Mas esta nossa festa de hoje tem um
travo de saudade antecipada. Nancy e eu, ela com oitenta e seis anos e eu com
oitenta e oito, já passamos da média de expectativa de vida de nossos
contemporâneos. Portanto, este é um dia de comemoração por ainda estarmos vivos
e, ao mesmo tempo, de temor de que já não estejamos todos aqui no próximo Natal.
Mas fiquem tranquilos, amamos tanto a vida, à qual no apegamos tão fortemente,
que não pretendemos dela nos afastar por pelo menos mais umas duas décadas.
Proponho, então, um brinde ao fato de
que ainda estamos aqui, que pretendemos aqui estar por muito tempo. Um brinde à
vida. Ao amor. Brindemos. Feliz Natal!
Nenhum comentário:
Postar um comentário