Em A Montanha da Sabedoria, a personagem central discorre sobre as virtudes fundamentais do ser humano, sendo, a última delas, "Liderança, a capacidade de inspirar, motivar, planejar e coordenar o trabalho de várias pessoas em conjunto". Embora haja muitas técnicas efetivas de desenvolvimento de vários aspectos da liderança, que se podem e devem aprender em livros, cursos e seminários, costumamos pensar que o verdadeiro é sempre um líder nato. A História ai está para comprovar esta crença.
De qualquer forma, principalmente em épocas de disputas políticas, cabe refletir sobre o que seja a liderança e qual seria o perfil hipotético, mas desejável, do líder ideal. Aqui está, resumido para caber neste espaço, o resultado desta reflexão.
É evidente que o líder ideal deva incorporar o conjunto das cinco virtudes e, portanto, 1 - ter caráter, isto é, ser íntegro, estóico e corajoso; 2 - possuir sabedoria, obtida pelo estudo e pela reflexão com objetivo de estabelecer sua capacidade de discernir e julgar; 3 - ser saudável, pelos cuidados com a saúde e forma física; 4- ter serenidade, manter o equilíbrio, a boa vontade e o espírito cooperativo na busca de soluções, qualquer que seja a circunstância e por mais exaltados que estejam os circunstantes; 5 - englobar tudo isto na liderança, através da ambição de contribuir para o desenvolvimento próprio e da Humanidade, estabelecendo objetivos elevados e exercitando capacidade empreendedora.
A maioria das pessoas se contenta em esperar por ordens para fazer as coisas. Elas as fazem a contento, é verdade, mas não possuem a iniciativa de agir por conta própria; ao contrário, preferem seguir alguma liderança. Há, porém, aqueles que sentem o impulso interno de fazer acontecer, querem ser cabeça, não a cauda.
Talvez seja verdade que algumas pessoas nasçam com talento natural para a liderança. Porem, mais verdadeiro ainda é o fato de que sem prática, sem impulso interior, sem entusiasmo e sem experiência não pode haver real desenvolvimento no exercício da liderança. Bons líderes trabalham e estudam continuamente para aperfeiçoar suas habilidades naturais.
O líder deve ter a capacidade de promover a melhoria da organização e coesão de seu grupo e possuir a habilidade de influenciar os parceiros a trabalhar em conjunto para atingir seus objetivos. Liderança e poder são coisas distintas. O líder não perturba, não ameaça nem amedronta. Pelo contrário, o líder incentiva, encoraja e motiva as pessoas em busca de um ideal. Mas, para que o líder seja seguido por seus parceiros, é necessário ter um propósito, saber aonde ir e onde se situa na organização, conhecer a hierarquia e as pessoas, os objetivos e metas, meios e métodos da organização.
Ser líder não é o que se faz os outros fazerem, mas o que se é e o que se faz. As bases da liderança são o crédito e a confiança que os parceiros depositam no líder. Por sua vez, as bases do crédito e da confiança são ética elevada, e bom relacionamento. A liderança exige dois protagonistas: o líder e as pessoas em torno dele e o modo como o líder trata seus parceiros e o tipo de relacionamento que constroem juntos forjam a consistência do grupo.
Obtidos o crédito e a confiança, criam-se as condições para informar aos parceiros as metas e objetivos a serem atingidos de forma concisa e clara, o que exige algo de extrema importância, a boa comunicação, sem a qual não pode haver boa liderança.
Cultura e conhecimento técnico associados à capacidade de avaliar e julgar corretamente para tomar decisões acertadas e rápidas são requisitos importantes da liderança, porém, mais importante do que as próprias habilidades do líder, é a capacidade deste de reconhecer e aproveitar as capacidades dos parceiros.
Lao Tsu, filósofo chinês, escreveu há dois mil e quinhentos anos a seguinte definição de um líder ideal: O melhor de todos os líderes é o que ajuda as pessoas tão eventualmente que elas não necessitam dele. Depois vem aquele que o povo ama e admira. Depois, aquele que é temido. Por fim, aquele que permite ser abusado pelas pessoas. O melhor líder fala pouco, mas quando o faz as pessoas escutam e, quando ele termina seu trabalho, as pessoas dizem que foram elas próprias que o fizeram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário